Acabo de voltar de uma viagem à Argentina, mas não estive na terra dos hermanos a passeio. Na verdade, fui encontrar um golpista do 8 de janeiro foragido, que vive tranquilamente sob o nariz do presidente Javier Milei.
Josiel Gomes, ou 007, como gosta de ser chamado por seus colegas bolsonaristas, foi preso em flagrante vandalizando a Praça dos Três Poderes e condenado a 16 anos e meio de prisão pelo STF.
Eu o encontrei vendendo passeios turísticos no centro de Buenos Aires, bem em frente à Polícia Federal argentina, diga-se de passagem. Mas o currículo do patriota não para por aí: além de clamar pela intervenção das forças armadas, ele incendiou uma viatura da Polícia Legislativa, comprou equipamentos militares para os outros golpistas e rompeu a sua tornozeleira eletrônica para fugir das autoridades brasileiras.
É só um exemplo dos “coitadinhos” tão defendidos por Bolsonaro e sua trupe. O ex-presidente chegou a agradecer Javier Milei por receber seus criminosos de estimação na Argentina. Milei, para completar, se recusa a pressionar suas forças de segurança para capturá-los, e a extrema direita não poderia estar mais contente com tudo isso.
Afinal, o esforço de Bolsonaro para gerar uma comoção em torno da anistia não passa de uma tentativa desesperada de se livrar da prisão, especialmente agora com as provas coletadas pela PGR.
Está claro seu papel central na tentativa de instaurar uma segunda ditadura militar no Brasil. Agora, sua esperança é usar os peixes pequenos do golpe para conquistar a simpatia popular e escapar das consequências de seus crimes.
Se a polícia da Argentina, as instituições tomadas pelo bolsonarismo e o jornalismo corporativo não tratam os golpistas pelo que são — criminosos de alta periculosidade para a democracia — nós aqui do Intercept não vamos deixar barato. Mas precisamos do seu apoio.
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