22 março, 2025

O Melhor da Semana na Ciência e Tecnologia

 

ROOMBA EM CRISE

A ascensão e a queda da iRobot

A iRobot é muitas vezes apelidada como ‘a Apple dos aspiradores-robô’. Não significa que tenha o melhor produto do momento, mas foi uma empresa crucial para inovar e desenvolver um novo setor da eletrónica de consumo (o primeiro Roomba foi lançado em 2002!), estatuto que a marca continua a explorar, sobretudo através de preços mais elevados dos produtos (posicionamento premium), mesmo que a distância de inovação para os rivais tenha encurtado significativamente (ou até mesmo desaparecido). 
Ao dia de hoje, a iRobot (marca que fabrica os famosos Roomba) continua a disponibilizar alguns dos melhores e mais completos aspiradores-robô do mercado. Mas isso não chega. No mundo em que vivemos, só ser bom não chega. Um dia depois de ter apresentado uma mão cheia de novos aspiradores-robô, a iRobot admitia publicamente que está em maus lençóis. Tipo, a-caminho-da-falência-maus-lençóis. “Tivemos perdas operacionais substanciais nos anos anteriores, antecipamos continuar a incorrer em perdas operacionais no futuro previsível e podemos não voltar a alcançar a rentabilidade no futuro”, lê-se num documento regulatório. Como é que uma empresa pioneira e que já dominou o mercado chega a este ponto? 
A primeira explicação é, sem surpresa, a concorrência. Marcas como a Xiaomi, a Roborock ou a Ecovac, entre muitas outras, têm produtos tão bons (ou até melhores) do que os Roomba, sendo que na maior parte das vezes têm preços agressivos. Não poderia a iRobot fazer um bom aspirador-robô por 250 euros? Podia e faz, mas a questão é que as outras marcas ‘insistem’ em disponibilizar mais ou melhor pelo mesmo valor. E a iRobot simplesmente não está disponível para cortar o seu próprio valor. Mas ao não fazê-lo, sujeita-se ao capitalismo selvagem da concorrência… A isto acresce a questão da comodidade dos aspiradores-robô e dou um exemplo pessoal: comprei um durante a pandemia e enquanto o meu ‘Jarbas’ tiver forças para aspirar, não pretendo trocar por um novo. Nestes produtos, o ciclo de renovação não é tão constante quanto nos smartphones, portáteis ou auriculares, está mais próximo do ciclo do dos eletrodomésticos, e isso pesa. 
A segunda explicação, típica nestas grandes empresas, é a alavancagem em dívida. Esta é uma estratégia que funciona quando há certezas sobre o futuro. Eu hoje peço 10 euros emprestados, com a certeza que daqui a dois anos faturo 20 euros, conseguindo pagar os 10 euros, os juros e sobrando ainda para despesas, investigação e desenvolvimento. O problema dos planos alavancados em dívida é quando as expectativas e estimativas de negócio não são cumpridas. Uma saída para este problema, tipicamente, passa por vender a empresa a uma empresa maior, para que se ganhe um novo fôlego financeiro e uma nova economia de escala. Foi o que a iRobot tentou fazer em 2023, com a venda à Amazon, um negócio que caiu por terra por chumbo dos reguladores. 
A terceira razão é a espiral que resulta da combinação das duas anteriores. A concorrência aumenta, a empresa vende menos, a situação financeira piora, a empresa faz despedimentos, menos pessoas produzem (em teoria) menos inovação, o que resulta em mais dificuldade em lutar num mercado que já estava difícil, o que depois dificulta o acesso a novo crédito… Os números não mentem. Em 2021, no pico da pandemia, a iRobot chegou a ser avaliada em 3,56 mil milhões de dólares. Atualmente, as ações da empresa valem menos de cem milhões de dólares. As receitas, apesar de volumosas, estão em decréscimo: passaram de 890 milhões de dólares em 2023 para 681 milhões de dólares em 2024. A empresa perdeu 77 milhões de dólares só no último trimestre de 2024, o que representa uma quebra de 44% face ao mesmo período do ano anterior. 
Algo me diz que ainda vamos ouvir falar várias vezes da iRobot em 2025… e não propriamente pelos melhores motivos. 
Boas leituras!

 
 

Uau!

Asus ROG Flow Z13 é uma pedrada no charco naquilo que um dispositivo móvel é capaz de entregar em termos de desempenho. Estamos a falar de um tablet que é muito mais poderoso do que alguns portáteis dedicados para videojogos. É ler para crer.

 
 

Casa do futuro

Fomos a Frankfurt, Alemanha, conhecer os planos da Samsung para tornar as nossas casas cada vez mais inteligentes. E do que depender da tecnológica, a Inteligência Artificial vai ser a ‘cola’ entre o utilizador e os diferentes aparelhos domésticos.

 
 
 
 

Neste programa continuamos pelo Mobile World Congress: damos-lhe a conhecer os novos smartphones acessíveis da Samsung, experimentamos o telemóvel tríptico da Huawei e explicamos como funciona o portátil da Lenovo que não precisa de ser ligado à tomada.

 
 

Mundo colorido

Colocámos à prova a HP Envy 6530e, a nova máquina tudo-em-um para imprimir, digitalizar e fazer cópias de forma conveniente em casa. Este modelo é mais indicado para quem gosta de fotografia ou de fazer trabalhos manuais (como convites) coloridos.

 
 

Na poupança está o ganho

A Google anunciou o Pixel 9a, o smartphone que tem o mesmo processador dos modelos topo de gama (e, por isso, o mesmo desempenho no dia a dia), mas com a vantagem de custar bem menos.

 
 
 
 

Neste VOLT Live conversámos com Bruno Florêncio da Ionity, que nos explicou os planos desta rede de carregamento ultrarrápido para Portugal. Uma estratégia que passa por abrir novos hubs de carregamento, com o anúncio de uma estação já para Albufeira.