Filme "Vitória" via Cinema é Magia

 

Quando Fernanda Montenegro completou 80 anos, ela começava mais uma temporada teatral de sucesso com "Viver Sem Tempos Mortos", que não pude assistir. Me lembro que, na época, inadvertidamente pensei "puxa, esse talvez seja seu último grande trabalho"... bobagem de jovem sem noção, provavelmente. No ano seguinte, Fernanda ganharia, por esta peça, mais um Prêmio Shell, e fez diversos outros trabalhos marcantes desde então. Quinze anos depois, ela nos oferece mais uma interpretação marcante, de volta ao cinema, outra de suas "casas" mais incríveis. Desta vez, só penso em vida e futuro: queria que ela nos desse mais quinze anos... "Vitória" é, portanto, um título que já diz tudo. Fernanda está mais uma vez exuberante como Dona Nina, nos apresentando com extrema sensibilidade sua força e sua fragilidade: da protagonista e da própria atriz. Impossível não se emocionar em diversas cenas. Baseado na história real de Joana da Paz o filme, porém, demora a acontecer. O cuidado com a caracterização de 2005 já aparece nos cartazes do supermercado, mas há clichês desnecessários e algumas sequências idem: as "discussões de condomínio", por exemplo, poderiam ser eliminadas. Passada a primeira meia hora, o filme cresce com a entrada de Laila Garin e, especialmente (e antes dela), Alan Rocha, o talentoso ator (e exímio cantor que me arrebatou no saudoso "Samba Futebol Clube", da temporada teatral de 2014) que bate um bolão com Fernanda em todas as cenas. Mas é preciso citar as participações de Linn da Quebrada e do pequeno Thawan Lucas. Não deixem de prestigiar mais esta bela obra do cinema nacional. No final das contas, um filme tocante em que Andrucha Waddington realiza com excelência a obra inacabada do saudoso Breno Silveira, que nos deixou bruscamente em 2022. "Vitória" abrirá o 27° Festival de Cinema Brasileiro de Paris em 29 de abril de 2025. E viva Fernandona, ontem, hoje e sempre. Tommy Beresford Cinema é Magia [Resenhas] Vitória Por Tommy Beresford em março, 28 2025