Quando Trump falou no debate com Kamala que os imigrantes estavam comendo gatos e cachorros de estimação, obviamente, o assunto virou uma grande piada (nem mesmo os Republicanos mais tradicionais podiam crer no que estavam ouvindo). Trump ainda contou onde tudo estava acontecendo: Springfield. O Homer Simpson saiu correndo na hora. É uma mentira. Mas era tão pitoresco que os memes se proliferaram pelas redes (e outdoors. Sim, esses de rua: Não comam gatinhos, votem nos republicanos). Mas, darling, na vida real o que está acontecendo é perturbador. Pânico. Ameaça de Bombas. E a história também envolve uma ativista de extrema direita que está viajando para cima e para baixo com Trump. Seu nome: Laura Loomer. Mas vamos contar esse rolê direitinho, começando pela estratégia de Trump. História ao vento Kamala estava indo pra cima de Trump no debate e falando que quando eles iam resolver o problema da fronteira com um projeto bipartidário, o ex-presidente obrigou os republicanos a não assinarem o rolê, porque isso o prejudicaria na eleição. De repente, do nada, Trump joga ao vento, a história dos haitianos comedores de gatos. Não era ao vento Dias antes do debate, a tal Loomer, ativista de extrema direita e espalhadora de teorias da conspiração, já tinha montado uma sala de guerra de influencers, segundo a imprensa americana relata agora. Juntos eles possuem 64 milhões de seguidores. E o que eles estavam postando? Espalhando que os imigrantes haitianos estavam comendo gatos e animais de estimação em Springfield. Sim, darling, você leu certo: dias ANTES do debate. Imagens geradas por IA de Trump protegendo os bichos se espalharam por todo lugar. Em outras, Trump aparecia montado em um gato gigante segurando um rifle. E a tal Loomer chegou a postar anúncios de vendas de coleiras de cachorro com a frase "não é seu almoço #MAGA". Sim, darling, tudo eles vendem lá, eu fico impressionada. Outra coleira trazia a frase "não me coma" em crioulo haitiano (que é a linguagem falada por quase toda a população do Haiti). As últimas duas postagens de Trump antes do debate eram imagens feitas por IA de gatos e patos. Uma delas os gatinhos estavam com uniformes militares usando chapéus do MAGA. Mas essa história continua.
 | Arte: Tixa News |
| | Se tudo parecia uma piada de debate, nesta quinta-feira, vulgo ontem, Trump dobrou a aposta na história durante um comício no Arizona. Agora além dos gatos e cachorros, ele diz que os gansos também estão sumindo de Springfield. Por culpa, claro, dos imigrantes. "Uma gravação de ligações para o 911 mostra que os moradores estão relatando que os migrantes estão indo embora com os gansos da cidade. Eles estão levando os gansos. Você sabe onde os gansos estão? No parque, no lago. E até mesmo indo embora com seus animais de estimação. 'Meu cachorro foi levado. Meu cachorro foi roubado'." Na vida real Em Springfield , uma cidade de 58 mil habitantes no estado de Ohio (estado, aliás, do vice de Trump, o tal JD Vance) a história está fazendo estragos e gerando pânico. Parece, mas não é a Springfield dos Simpsons (só para esclarecer, Simpsons é uma ficção). A questão é que a cidade recebeu 20 mil imigrantes haitianos (legais, diga-se de passagem). Imagina alguém espalhando por aí que esses imigrantes estão comendo gatos? Darling, é a mesma lógica do comunista comedor de criancinhas. O que tem de gente que até hoje acredita nisso. O ódio se espalhou. Ontem, ameaças de bomba levaram à evacuação da Prefeitura de Springfield, de duas escolas e das instalações locais da agência estadual de veículos automotores. Sim, é isso que você está lendo. A tal piada está levando a cidade ao pânico. Detalhe, os imigrantes viviam numa boa por lá e tinha emprego para todo mundo. Como começou Tudo começou por conta da morte de um menino de 11 anos que foi atropelado por um haitiano. Foi o que JD Vance precisava para começar a espalhar o ódio. Mas o próprio pai do menino diz que foi acidente e condenou os políticos que estão usando a sua dor para fazerem campanha. |
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| | Todos os jornais mais importantes dos Estados Unidos trazem hoje a história de Loomer, viajando para baixo e para cima com a campanha de Trump. O que chamou a atenção da imprensa foi ela aparecer na comitiva de Trump durante a homenagem aos mortos do 11 de setembro. Ela é adepta das piores teorias da conspiração. Inclusive, ela diz que o 11 de setembro foi um insider job. Ataques às escolas? fake. Ela é islamofóbica com orgulho e já foi banida do Facebook, Instagram, Lyft, Uber, Venmo, PayPal, GoFundMe e Cash App. Muitos republicanos acham um tiro no pé que Trump radicalize a campanha faltando poucas semanas para a votação. Mas parece que Trump acredita que essa é a melhor estratégia. Até o primeiro debate com Biden ele seguia a cartilha dos seus estrategistas. Mas seus estrategistas montaram a campanha para combater Biden até o fim. A história de que Biden era incapaz só podia ganhar força mesmo quando os democratas não pudessem mais substituí-lo na chapa. Mas aí, anteciparam o debate e deu no que deu. Oficialmente Loomer diz que não trabalha na campanha do Trump. Os democratas iludidos Os jornais relatam que os democratas estão respirando aliviados, porque Trump em vez de falar seriamente da imigração, está falando dos gatos. Ah, coitados! Só o tempo mostrará o efeito que a fake dos haitianos comedores de gatos terá na campanha. |
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| | LEVE EFEITO DEBATE. Aqui nesse cantinho a gente mostra um agregado de pesquisas que reflete qual a média para um candidato e outro. Pela média calculada pelo RealClearPolitics, Kamala está 1,5 ponto à frente do Trump, 0,4 a mais do que ontem. Parece ser efeito debate. Na média do New York Times, com base no projeto FiveThirtyEight da ABC, Kamala está com 3 pontos à frente de Trump. Um ponto a mais do que ontem também. |
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