Se alguém achou que estava pouco uma tentativa de assassinato, um presidente desistindo da corrida, uma nova candidata escolhida a toque de caixa, hackers iranianos, chineses e russos, eis que a eleição mais surreal da história dos Estados Unidos acaba de ganhar no seu roteiro uma segunda "tentativa de assassinato" (de acordo com o FBI). Mais uma vez contra Donald Trump. Sim, agora são duas tentativas.
E ainda faltam 50 dias para a eleição. (Sim, darling, a campanha da eleição brasileira com direito a cadeirada e tudo o mais, parece que acabou de começar e mesmo assim vai terminar antes da corrida americana.)
Remember
Na primeira tentativa de assassinato, Trump se levantou, ensanguentado, punho no ar e disse: Lute.
Faltavam mais de 100 dias para a eleição e a sensação era de "já ganhou". Naquela época (sim, parece que foi no século passado), Biden ainda era o candidato. A convenção republicana, que começou dois dias depois dos tiros, aclamava Trump. Ele adentrou os salões como um imperador, apesar do curativo esquisitérrimo na orelha. Apenas sua orelha foi atingida.
Não houve quem tivesse coragem de falar qualquer coisa contra Trump. A comoção era geral. A foto icônica dele com o punho erguido, segurado por agentes do FBI, circulava o mundo anunciando seu novo reinado. O tiro acertou Trump, mas pegou em cheio na candidatura de Biden.
Mas, porém, todavia, entretanto, contudo, Trump é Trump e perdeu a oportunidade ali mesmo na convenção. Ele começou seu discurso seguindo o teleprompter, com o texto cuidadosamente escrito pelos estrategistas de campanha. Era um discurso de união nacional, de comoção, de eu tomei um tiro e aprendi que temos que nos unir. Só que não. Durou menos de 30 minutos.
Trump desistiu do teleprompter e desandou a fazer seus ataques tradicionais em um discurso que deu vontade de dormir.
Poucos dias depois, Biden deixou a corrida e aí você já sabe, bagunçou ainda mais a cabeça de Trump que de repente não tinha mais um discurso coerente para atacar o adversário. Kamala assumiu e imediatamente começou a recuperar o terreno perdido por Biden nas pesquisas. Hoje estão todos empatados.
Pergunta que não quer calar
Miraram em Trump e acertaram a candidatura de Kamala?
Ou tentativa de assassinato é o novo normal?