| Explosão no STF enfraquece liderança de Bolsonaro e reduz chance de anistia |
| José Roberto de Toledo e Thais Bilenky |
| A tentativa de ataque a bomba ao Supremo Tribunal Federal não é apenas coisa de maluco, ou de um maluco como os líderes de direita querem fazer crer. O caquistoterrorista não nasceu do nada. Não foi geração espontânea. O homem-bomba é ele e sua circunstância. O tema é um dos destaques do episódio desta semana do A Hora, podcast de notícias do UOL com os jornalistas Thais Bilenky e José Roberto de Toledo, disponível nas principais plataformas. Ouça aqui. O caquistoterrorista tinha sido candidato a vereador pelo PL em Rio do Sul (SC) em 2020 com o número de urna 22.222. É o número preferido da família Bolsonaro, usado por Carlos na eleição de vereador do Rio neste ano. Em Balneário Camboriú, 22.222 foi o número do Jair Renan Bolsonaro. É o número mais disputado da legenda, porque é o mais fácil de decorar. O terrorista tampouco era um candidato qualquer. Francisco Wanderley Luiz era seguidor do Bolsonaro no Facebook, e de vários canais de extrema-direita, inclusive os mais delirantes como o QAnon. O caquistoterrorista pode ter implodido a liderança do ex-presidente, que deixará de ser uma opção de poder. Pode ser um eleitor desde o cárcere, como Lula tentou ser em 2018. Isso precipitaria a luta pelo preenchimento do vácuo que será deixado por Bolsonaro. A direita inchou, mas se dividiu. A esquerda murchou, mas nunca foi tão Lula-dependente. |
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| | Aloisio Maurício/Fotoarena/Estadão Conteúdo |
| Derrotada há 37 anos por racha à esquerda, jornada de 40 horas pode voltar |
| José Roberto de Toledo e Thais Bilenky |
| A abolição da escala 6x1 (6 dias trabalhados por 1 folga) une a esquerda e até parte da direita hoje. A redução da jornada de trabalho virou a bandeira que PSOL, PT, PV, movimentos sociais e governo (entre outros) parecem estar de acordo em desfraldar juntos. Mas, na Assembleia Constituinte, em 1987, ocorreu o contrário. Foi motivo de divisão da esquerda nas votações. Surpreendentemente, o governo Lula custou a abraçar a boia lançada pela PEC (Proposta de Emenda Constitucional) de Erika Hilton (PSOL-SP). Finalmente, o ministro responsável pela coordenação política do governo recebeu a deputada no Palácio do Planalto e declarou apoio. A proposta da parlamentar é de escala 4x3, o que implica 36 horas de jornada semanal. A Constituição prevê 44 horas - graças à divisão da esquerda na Assembleia Constituinte, 37 anos atrás. No dia 9 de outubro de 1987, a Comissão de Sistematização (penúltima etapa para apreciação do novo texto constitucional antes de ele ser aprovado no plenário da Assembleia) aprovou a redução da jornada máxima de trabalho de 48 horas para 44 horas semanais. Foi uma lavada: 66 votos a 23. Os derrotados não eram da direita, mas dos partidos de esquerda, como PT e PDT. A proposta dos petistas e brizolistas era reduzir de 48 horas para 40 horas. São justamente as quatro horas a mais da jornada que 44 horas que permitem a escala 6x1. Com 40 horas máximas, os trabalhadores poderiam completar a carga horária em escala de 5x2, podendo folgar no sábado e domingo. Isso porque o texto aprovado também previa jornada máxima de oito horas por dia. O PMDB era o maior partido do país e comandava a Constituinte, com Ulysses Guimarães. Tinha 50 votos na Comissão de Sistematização. O PT tinha 2. O PDT, 3. Mas os peemedebistas eram divididos em duas bandas, uma de centro-esquerda e outra à direita do espectro político. PT e PDT contavam com os votos da centro-esquerda peemedebista para aprovar avanços sociais na Constituição. Não foi assim naquele dia. Quem encaminhou a votação defendendo o voto contra a jornada de 40 horas foi o deputado José Serra. Seu argumento era muito parecido com o que Marinho usaria 37 anos depois: o movimento sindical se encarregaria de reduzir a jornada no futuro. |
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| | O empresário Antônio Vinícius Lopes Gritzbach | Divulgação |
| Delator do PCC operava a 3 graus de separação de grandes empresas do país |
| José Roberto de Toledo e Thais Bilenky |
| Assassinado a tiros de fuzil, à luz do dia, na saída de passageiros de um dos terminais do mais movimentado aeroporto da América Latina, o chamado "delator do PCC" era muito mais do que o apelido veiculado pela imprensa dá a entender. Antonio Vinicius Lopes Gritzbach acumulou um patrimônio declarado de cerca de R$ 20 milhões em poucos anos fazendo negócios imobiliários para o PCC. Lavava o dinheiro do crime. Ao se examinar a rede de empresas, de sócios e dos sócios dos sócios de Gritzbach, chama a atenção como o dinheiro originário do tráfico internacional de drogas comandado pela maior facção criminosa do país está sendo lavado com facilidade e em grande volume na economia formal. Sócios diretos do corretor assassinado estavam a dois ou três graus de separação de algumas das maiores empresas de construção do país. Não há conexão direta entre uns e outros, tampouco há indicação de que o dinheiro de origem criminosa tenha sido usado para fazer negócios diretamente com essas construtoras. Mas a proximidade das relações societárias revela que isso não seria impossível, muito ao contrário, tamanha é a imbricação do crime organizado na economia formal. É um risco a que todas as empresas legítimas, mesmo as maiores, estão sujeitas ao captar recursos no mercado para investirem. É um risco contra o qual é difícil de se proteger atualmente. Não há cadastro de pessoas e empresas suspeitas para se consultar. E, mesmo que houvesse, outra característica dos lavadores de dinheiro do PCC é abrir e fechar empresas em alta velocidade. A rotatividade de seus negócios é muito grande. O caso Gritzbach é exemplar desse novo fenômeno, mas não é o único. A família Brazão, cujos chefes são acusados de terem ordenado o assassinato de Marielle Franco, também tem uma larga e profunda imbricação com a economia formal carioca. Em vez da área imobiliária, a predileção dos Brazão é pelos postos de combustíveis e outros negócios que usam dinheiro vivo. Algumas das empresas de Bet recém-autorizadas a funcionar no Brasil também apresentam grandes redes de sociedades empresariais que estão emaranhadas por vários setores da economia formal. O crime parece estar mais organizado que os mecanismos estatais de controle da atividade criminosa. |
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| Podcast A Hora, com José Roberto de Toledo e Thais Bilenky |
| A Hora é o novo podcast de notícias do UOL com os jornalistas Thais Bilenky e José Roberto de Toledo. O programa vai ao ar todas as sextas-feiras pela manhã nas plataformas de podcast e, à tarde, no YouTube. Na TV, é exibido às 16h (veja aqui onde assistir). Escute a íntegra nos principais players de podcast, como o Spotify e o Apple Podcasts já na sexta-feira pela manhã. À tarde, a íntegra do programa também estará disponível no formato videocast no YouTube. O conteúdo dará origem também a uma newsletter, enviada aos sábados de manhã.
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