O Parlamento Europeu aprovou nessa quinta o novo texto que trata da lei antidesmatamento — conhecida, em inglês, como EUDR. Com a mudança, os países que compõem a União Europeia definiram a nova data para a legislação entrar em vigor.
A partir dessa decisão, o texto aprovado volta a comissários de segurança alimentar e meio ambiente para um parecer e precisará novamente do aval do Conselho da União Europeia até ser publicado no Diário Oficial da União Europeia.
Caso todos estes processos ocorram, a EUDR, que entraria em vigor ao final de 2024, passará a valer em 30 de dezembro de 2025 para médias e grandes empresas, enquanto aquelas de menor porte deverão obedecer a lei a partir de 30 de junho de 2026.
Sete principais cadeias produtivas são impactadas pela lei: soja, café, borracha, carne/couro, madeira, cacau e óleo de palma. Os respectivos setores estavam confiantes que poderia haver o adiamento da lei, mas mesmo com o anúncio do adiamento não houve plena satisfação.
Felipe Spaniol, coordenador de Inteligência e Defesa de Interesses da Confederação da Agricultura e Pecuária (CNA), explica ao UOL que "as mudanças mostram que o Parlamento Europeu se movimentou para atender aos interesses dos membros do bloco, por mais que o adiamento seja de interesse geral".
Ele se refere à inclusão de uma emenda que cria a categoria de países ou regiões "sem risco" de desmatamento. Assim, as nações enquadradas na categoria "no risk", que não possuem mais florestas nativas, estão isentas de apresentar documentos adicionais comprobatórios.
"Fica evidente como essa legislação é criada para atender aos interesses dos produtores europeus, criando uma reserva de mercado. É bom esse adiamento porque muita coisa não foi esclarecida, mas o novo texto cria uma complexidade adicional", avalia.
Para o coordenador da CNA, as exigências da EUDR ferem regras comerciais internacionais, com o risco de produtores rurais que seguem a legislação brasileira serem expulsos do comércio internacional.
"A CNA não vai descartar nenhuma alternativa. Vai discutir isso a nível de OMC, trazer esse tema para a COP, para o G20. Tem também algo que a CNA tem perseguido que é essa coalizão internacional, com uma carta assinada por 18 países, para se discutir o enfrentamento à regra que os europeus estão tentando nos impor de maneira unilateral", diz Spaniol.