Hoje completam 5 anos desde que Lula saiu da prisão, após 580 dias detido. E podemos dizer: isso não teria acontecido sem a nossa série de reportagens Vaza Jato.
Tudo começou quando, em junho de 2019, o Intercept Brasil publicou conversas e atitudes legalmente duvidosas da força-tarefa da Lava Jato com o ex-juiz responsável pelo caso, Sergio Moro.
Quando recebemos as primeiras mensagens já sabíamos que tínhamos algo grandioso em mãos, que iria mudar os rumos do país.
Nossa equipe editorial se dedicou noite e dia a apurar as montanhas de arquivos – mensagens privadas, áudios, vídeos, fotos e documentos judiciais –, resultando nas três primeiras reportagens da série, que revelaram a trama entre autoridades da justiça brasileira para prender Luiz Inácio Lula da Silva e tirá-lo da disputa presidencial.
Logo no início a repercussão foi estrondosa, tomando as manchetes do Brasil e do Mundo.
Tanto a força-tarefa quanto o ex-juiz Moro negaram qualquer irregularidade, mas não contestaram – e até confirmaram de maneira implícita – a veracidade do material publicado.
Depois de quase 5 meses do início da série, muito apelo popular e mais de 30 reportagens do Intercept, Lula foi solto da superintendência da Polícia Federal, em Curitiba. Mas os impactos do nosso jornalismo não pararam por aí.
A Vaza Jato impulsionou mudanças no STF, como a revisão da prisão em segunda instância e a garantia de que réus delatados tenham o direito de falar por último em seus processos, respeitando o princípio da ampla defesa.
Também abalou a imagem dos então queridinhos do país: Sergio Moro e a Lava Jato. Isso gerou forte pressão popular e ajudou a impedir a aprovação do "excludente de ilicitude" no projeto anticrime proposto por Moro quando era ministro da Justiça de Bolsonaro. Esse mecanismo, se aprovado, teria dado às forças de segurança um "passe livre para matar" sob proteção da lei.
A Vaza Jato, além de grande motivo de orgulho para toda a equipe do Intercept, é um exemplo de como o jornalismo independente, investigativo e de qualidade PODE SIM combater injustiças que afetam toda uma nação. Não podemos deixar este trabalho morrer.
Se por um lado a nossa independência é o que permite o Intercept denunciar operações do porte da Lava Jato sem medo e sem rabo preso, também é o que ameaça colocar mais investigações poderosas na gaveta por falta de recursos.
Sem o apoio e doações de nossos leitores, não haveria jornalismo independente e Bolsonaro provavelmente teria sido reeleito em 2022. Precisamos de sua ajuda para seguir fortes investigando e revelando os segredos dos poderosos.
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