Direto de Dubai A maior cidade dos Emirados Árabes Unidos sediou nesta semana a 44ª edição do GITEX Global, evento de tecnologia e inovação que reuniu mais de 6 mil expositores, 3,5 mil corporações, 1,8 mil startups e 1,2 mil investidores de todo o mundo ao longo de seis dias.
O assunto dominante foi, claro, inteligência artificial. Com o tema “Colaboração Global para Criar uma Futura Economia de IA”, a programação da convenção teve mais de 120 horas de conteúdo focado em IA e deeptech. Os pavilhões e palcos foram tomados por grandes empresas, como Lenovo, AWS, Google, Microsoft e Salesforce. Startups, como a Insilico Medicine, unicórnio de Hong Kong de medicina de precisão que utiliza IA para trabalhar com perfis genéticos e transformar os tratamentos para doenças vistas como incuráveis, e a scanO, deeptech indiana que desenvolve modelos de IA generativa para prever a progressão de doenças, com foco inicial em odontologia, falaram sobre suas soluções.
Veja os highlights da semana:
Brasil. Em uma edição com participação internacional recorde, o Brasil contribuiu para um crescimento de quase 40% na presença de expositores estrangeiros na comparação com o ano anterior. A missão da ApexBrasil em parceria com o Sebrae mais do que dobrou a quantidade de startups brasileiras no Expand North Star, de 20 para 45, e levou quatro hubs de inovação. Uma das empresas selecionadas foi a Buriti BioEspuma. Única representante do Nordeste, a piauiense produz revestimentos acústicos e térmicos sustentáveis a partir da folha da palmeira de buriti. Fundado em 2023, o negócio nasceu do estudo realizado há cerca de 15 anos por Felippe Fabrício e Renato Lemos Cosse durante o doutorado de engenharia.
Competição. A Hubee Creative Design, plataforma de design como serviço que conecta empresas a profissionais para realização de projetos, foi a única brasileira a competir na final do Supernova Challenge, concurso de startups do GITEX Global. O prêmio ficou com a Longenesis, da Letônia, plataforma para pesquisa biomédica que busca acelerar a descoberta de novos medicamentos e tratamentos para doenças incuráveis.
Fora da bolha. Agentes de ecossistemas fora do principal eixo de investimentos participaram de uma conversa sobre a dificuldade de acesso a capital e o estado de desenvolvimento de seus países. Sivarajah Ramanathan, diretor e CEO da missão Tamil Nadu, da Índia, falou que o foco no país tem sido a criação de políticas para incentivar o empreendedorismo tecnológico. Com a segunda maior população do mundo, a Índia tem mais de 100 unicórnios. “Como país, não é bom ter capital indo para poucas startups. Temos muitos talentos disponíveis”, afirmou. Kashifu Inuwa Abdullahi, diretor-geral da agência nacional de desenvolvimento de tecnologia da informação da Nigéria, diz que o maior recurso do país é o capital humano. “Estamos intencionalmente posicionando a África e a Nigéria como exportadores de talento. Temos muito a oferecer para o ecossistema global, usamos tecnologia para resolver problemas da vida real”, comentou.
Chips cerebrais. Foram centenas os nomes que subiram aos palcos do Expand North Star, evento focado em startups que faz parte da programação do GITEX Global. Um dos talks que mais chamaram a atenção foi de Steven Hoffmann, investidor e CEO da venture builder Founders Space. Ele mostrou estudos com microchips instalados no cérebro ou em dispositivos não invasivos que estão sendo realizados em ratos e macacos em universidades dos Estados Unidos, como Harvard e Duke. Os resultados mostram que é possível compartilhar aprendizado de forma remota usando a mente: um dos exemplos indicou que ratos em cidades diferentes, mas conectados pela internet a partir de microchips, dividiram conhecimento sobre como conseguir uma recompensa.
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