El Pais

 

O 'caso Koldo' é agora o 'caso Ábalos'  MILAGROS PÉREZ OLIVA

Bom dia! ‌ O cerco judicial está se encerrando ao ex-ministro José Luis Ábalos. O juiz do Tribunal Nacional Ismael Moreno pediu ao Supremo seu indiciamento devido a indícios “fundados e graves” de que teve um papel central na conspiração que operou em torno de seu assessor Koldo García. O caso Koldo torna-se assim o caso Ábalos e assume uma dimensão política muito maior.

José Luis Ábalos, ex-ministro dos Transportes, em maio passado no Senado. / SAMUEL SANCHEZ.

Pedro Sánchez tem hoje um problema maior do que ontem. O juiz vê indícios de que Ábalos participou em crimes de pertença a organização criminosa, tráfico de influência e suborno, avaliação partilhada pela Procuradoria Anticorrupção. Embora Moncloa afirme que vive com “absoluta tranquilidade” a acusação, Carlos E. Cué explica-nos que se prepara para se proteger politicamente da longa provação judicial que o espera.  ‌ Pedro Sánchez insistiu ontem que a saída de Ábalos do Governo em 2021 se deveu à necessidade de renovação após o forte desgaste provocado pela pandemia. Defendeu também a adequação e a limpeza do resgate da Air Europa. Aqui você tem seus argumentos.  ‌ À tarde, Núñez Feijóo pediu a demissão de Pedro Sánchez, porque “sem Ábalos não haveria Sánchez”. O PP encontrou um osso e vai continuar clicando até doer, ignorando que ainda está fresca a tinta da recente condenação do ex-ministro popular Eduardo Zaplana, condenado a dez anos de prisão pelo mesmo tipo de crimes atribuídos a Ábalos. ‌ Na história recente são tantos os casos a atirar uns contra os outros que, como nos conta Xosé Hermida na sua crónica , ontem no plenário do Congresso  “a roda gigante da corrupção girou tanto num sentido como no outro, para a frente e para trás”. , no espaço e no tempo, e de uma ponta à outra do hemiciclo”. Os ministros Montero e Bolaños serviram de parapeito. ‌ Mas se o caso Ábalos complica a vida do PSOE, a fraude fiscal do namorado de Isabel Díaz Ayuso complica a vida do PP. A direção do partido evita falar sobre o assunto ao saber que González Amador também tentou deduzir despesas de férias com o presidente madrileno na Croácia e na Grécia. O juiz que investiga o caso ampliou ontem a investigação para novos crimes: administração injusta e corrupção nos negócios. ‌ Este é o fim do longo capítulo da corrupção. Agora vamos passar para outros assuntos:  ‌

Pressão da esquerda sobre o Ministro da Habitação

Isabel Rodríguez, Ministra da Habitação e Agenda Urbana, esta quarta-feira no Congresso. / SAMUEL SANCHEZ.

Ontem Isabel Rodríguez teve todas as opções para que as críticas caíssem sobre ela. Que a direita a criticasse "pelo fracasso e pela ineficácia das suas políticas" estava fora de questão. O que não estava no roteiro é que ela foi espancada pela esquerda, inclusive por Sumar, parceiro do Governo. O partido de Yolanda Díaz distancia-se do PSOE e endurece o tom. Paula Chouza relata.  ‌ A resolução do problema da habitação será o foco central da legislatura, disse Rodríguez, que detalhou as medidas já em curso, como a construção de habitação social, a aplicação de limites máximos aos preços dos arrendamentos e a regulação dos arrendamentos turísticos e sazonais. Ele também propôs proteger o parque habitacional público com uma mudança na legislação, para que não acabe no mercado livre.   ‌ O ministro terá de concorrer porque os preços continuam a disparar: os grandes promotores aumentaram os preços das novas construções habitacionais em 27,5% em cinco anos. Por enquanto,  Málaga vai proibir apartamentos turísticos em 43 bairros. Mas não é só no litoral que existem problemas de habitação. Em Benasque, situada no topo dos Pirenéus, não se encontra apartamento para alugar por menos de 1.000 euros. Como em Madrid ou Barcelona.

Quanto pagam os bancos e as empresas de electricidade em impostos?

Pedaço. Muito pouco. Pablo Sempere coletou os dados publicados ontem pela Agência Tributária e obteve este resultado surpreendente:  ‌ As grandes empresas bancárias e energéticas que operam em Espanha com um volume de negócios superior a 1.000 milhões de euros anuais foram tributadas em 2022 a uma taxa de 18,4% e 22% sobre a sua base tributável, respetivamente. Mas quando se analisa o que pagaram em benefícios, a taxa efectiva desce: para 6,8% e 4,6% em cada caso. É o efeito redutor das muitas isenções de que gozam.

Os BRICS+, com Putin e contra o G-7 ‌

Xi Jinping, Vladimir Putin e Narendra Modi, na cúpula do BRICS. / MAXIM SHIPENDKOV.

O presidente russo, Vladimir Putin, transformou a reunião dos países BRICS+ em Kazan numa demonstração de força contra o Ocidente. Ontem recebeu os líderes da China, Xi Jinping, e da Índia, Narendra Modi, juntamente com os restantes líderes dos países emergentes que integram a aliança, numa cimeira que, depois da expansão do grupo, representa hoje 43% da a população do mundo. Exigem uma nova ordem mundial e querem fazer valer o seu peso contra o G-7, que mantém a primazia económica, mas representa apenas 9% da população. Andrea Rizzi analisa aqui a relação de forças entre os dois blocos.

Primeiro passo para reciclar roupas usadas

O que fazer com as 900 mil toneladas de roupas usadas que são jogadas fora todos os anos na Espanha? Recicle-os, mas para isso é necessário habilitar um sistema. A partir de janeiro, as câmaras municipais devem recolher os resíduos têxteis de forma diferenciada e o Governo está a preparar um decreto para obrigar os grandes produtores a reutilizar os seus resíduos. Por enquanto, uma dezena dessas empresas iniciará um plano piloto em abril de 2025 para estudar como fazê-lo. Miguel Ángel Medina nos informa.

Outras notícias

O Gabinete do Procurador-Geral da Ucrânia confirmou que, desde o início da guerra, 104 soldados foram assassinados a sangue frio pelas tropas russas após se renderem. Os EUA confirmaram que já existem tropas norte-coreanas a lutar contra a Ucrânia. ‌ Uma falha de gestão da Generalitat da Catalunha durante o Governo ERC obrigará 9.500 famílias a devolver o dinheiro de benefícios sociais recebidos indevidamente.  ‌ Pelo menos cinco mortos e 22 feridos num ataque contra uma fábrica de armas na Turquia. Os dois agressores, um homem e uma mulher, que a polícia liga ao grupo armado curdo PKK, foram mortos.

E finalmente, uma história de coragem...

Gisèle Pelicot deixou ontem o tribunal criminal de Avignon (França). /GUILLAUME HORCAJUELO (EFE).

"Sou uma mulher totalmente destruída e não sei como vou me recuperar." Gisèle Pelicot voltou a testemunhar no julgamento contra o marido, por tê-la submetido durante anos à submissão química para que outros homens pudessem estuprá-la, e contra cinquenta dos que o fizeram. Ela estava doente e sofreu as consequências das drogas, mas não sabia o que estava acontecendo até que a polícia que investigava seu marido encontrou os vídeos e lhe contou.  ‌ E os prêmios Ondas. O júri deu ontem o seu veredicto: Broncano, Estopa, Ricard Ustrell e Àngels Barceló, entre os vencedores. Aqui você tem uma longa lista de pessoas e programas premiados.   ‌ Isto é tudo por hoje. Bom dia! ‌ Obrigado por nos ler! Para quaisquer comentários ou sugestões, você pode escrever para boletines@elpais.es ‌

SOBRE A ASSINATURA MILAGROS PÉREZ OLIVA No El País desde 1982, trabalhou como repórter especializada em temas de sociedade e biomedicina, e desempenhou responsabilidades como editora-chefe, tarefas que combinou com a docência universitária na Faculdade de Jornalismo da Universidade Pompeu Fabra. Ele projetou e dirigiu o primeiro suplemento de Saúde do jornal. Foi Defensora do Leitor de 2009 a 2012, quando ingressou na Opinion como editorialista e colunista. Ela é responsável pelo boletim informativo matinal El País. Cidad3: Imprensa Livre!!! Saúde, Sorte e $uce$$o: Sempre!!!