Com o fim das eleições municipais, as atenções em Brasília se voltaram para outra votação: a que definirá o comando das duas casas do Congresso no início do ano que vem. O atual presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), oficializou nesta terça-feira seu apoio a Hugo Motta (Republicanos-PB). O candidato, que contou com a desistência do presidente nacional do seu partido, Marcos Pereira (SP), agora busca a bênção oficial de PT e PL, mas ainda há questões a resolver. Enquanto o partido do ex-presidente Jair Bolsonaro tenta condicionar o apoio a Motta à aprovação do projeto que anistia golpistas que atacaram Brasília em 8 de janeiro de 2023, o PT é contra a iniciativa. Antes do anúncio com Motta, Lira atrasou a tramitação do projeto ao criar uma comissão especial para analisá-lo, tirando-o da Comissão de Constituição e Justiça, onde estava já na pauta de votação. (Folha) Para negociar o apoio do PL a Motta, assim como à candidatura de Davi Alcolumbre (União Brasil) à presidência do Senado, Bolsonaro esteve ontem no Senado e afirmou que várias negociações estão na mesa, defendendo a anistia aos golpistas e a ele próprio, inelegível devido a duas decisões da Justiça Eleitoral. “Foi um julgamento político e estamos buscando maneiras de desfazer isso aí. A prioridade nossa é o pessoal que está preso, eu sou o segundo plano”, disse. O ex-presidente afirmou que conversou com Lira e apoiou a decisão de retirar a anistia da CCJ. Ou seja: o movimento do presidente da Câmara de atrasar o projeto foi calculado para conseguir apoio do PT, mas sem desagradar seu antagonista, o PL, dono da maior bancada entre os deputados, com 92 das 513 cadeiras, e 14 dos 81 senadores, menos apenas que o PSD (15). (Folha) No entanto, membros da bancada petista na Câmara se mostraram resistentes a apoiar Motta. Para eles, o deputado precisa se comprometer a não pautar o PL da Anistia. “Seria muito delicado se ele pautasse este tema no ano que vem”, afirmou Jorge Solla (PT-BA). Rui Falcão (PT-SP) também espera um posicionamento formal de Motta sobre o tema. O candidato, no entanto, deixou aberta a possibilidade de pautar a anistia em 2025, mas defendeu o “equilíbrio”, dizendo que o projeto não pode se misturar com a sucessão na Casa. (Globo) Caso seja eleito, Motta, que tem 35 anos, será o parlamentar mais jovem a presidir a Câmara – como foi o deputado mais novo da República ao se eleger pela primeira vez, em 2010, aos 21 anos. É conhecido por ter ótimo trânsito na Câmara e com o setor privado. Tem se apresentado como um candidato que buscará consenso. Mas há quem se preocupe com sua intimidade com o ex-deputado Eduardo Cunha e também com o presidente do PP, Ciro Nogueira (PI). (Jota) Enquanto isso... No relatório final do inquérito que apura a responsabilidade de autoridades do Distrito Federal no 8 de Janeiro, enviado ao Supremo Tribunal Federal, a Polícia Federal afirma que foram constatadas falhas “evidentes” da Secretaria de Segurança Pública, como a “ausência inesperada” do então secretário Anderson Torres, que estava nos Estados Unidos. Também destacou a “falta de ações coordenadas” e a “difusão restrita de informações cruciais” como “fatores decisivos” para a “ineficiência da resposta das forças de segurança”. (g1) Aniversário do Meio. Que agro é esse? Na Edição de Sábado que liberamos para todos os assinantes hoje, Pedro Doria conta como o setor que mais apoiou Bolsonaro evoluiu conquistando não só uma fatia expressiva do PIB brasileiro como corações e mentes.
O ministro do Supremo Tribunal Federal Gilmar Mendes anulou, na última segunda-feira, as condenações do então juiz Sergio Moro contra o ex-ministro petista José Dirceu na Lava Jato. A determinação atende a pedido da defesa e concorda em estender ao político decisão da Corte que considerou Moro suspeito para julgar processos contra o presidente Lula. Dirceu foi condenado por Moro em dois casos, em 2016 e 2017, com penas que somavam 34 anos de prisão. A anulação faz Dirceu retomar seus direitos políticos. (Folha) Vera Rosa: “Para Lula, o ex-chefe da Casa Civil tem como auxiliar em várias ‘missões’, como a de reconstruir o PT – que vai renovar sua cúpula em 2025 –, melhorar o diálogo do Palácio do Planalto com empresários e políticos do centrão, além de ampliar as conversas com a ala do MDB que não quer se aliar ao governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, em 2026”. (Estadão) |