Você conhece a figura do coordenador de bem-estar nas escolas? Pois bem, desde o ano letivo 2022-2023, é obrigatório em todos os centros educativos com crianças e adolescentes, conforme estabelece a Lei Orgânica de Proteção Integral de Crianças e Adolescentes (2021). Os coordenadores são responsáveis por prevenir a violência e criar espaços seguros na escola e podem variar de conselheiros a professores de qualquer disciplina. O problema desse posicionamento é que, segundo os professores, nestes dois anos, a implantação ocorreu à custa de horas extras, cansaço, pouca capacitação e pouca ou nenhuma remuneração para eles. Uma figura que tem grande responsabilidade pela saúde mental de crianças e adolescentes ainda tem muitos desafios e desconhecimento.
Há algumas semanas falámos com Begoña Terlera, professora de uma escola de Pontevedra (Galiza) e coordenadora de bem-estar, para um artigo que publicámos no passado sábado . Ele disse que quando lhe foi oferecido o emprego pela primeira vez, hesitou em aceitá-lo, porque sabia que exigiria muito trabalho e responsabilidades extras. Vale destacar, trabalho extra sem remuneração e sem download de carga horária de seu trabalho como professor de Economia. Porém, ele disse sim mesmo assim, porque acredita no que faz; e se dedica à convivência e ao bem-estar há mais de 20 anos.
Seu caso não tem precedentes por vários motivos. Um deles é a extensa formação que ele possui. Outra, que faz parte de um grupo de quatro professoras responsáveis pelo bem-estar, por isso não está sozinha. Além disso, criaram um grupo de alunos que são uma espécie de embaixadores da convivência e apoiam os professores na resolução de conflitos e nas conversas com os alunos. Mas a situação dos coordenadores de bem-estar em toda a Espanha é diferente e diversificada.
Especialistas consultados para a reportagem explicaram que um dos grandes problemas é que a maioria dos coordenadores de bem-estar não recebe a formação necessária para exercer esta função. Aí enfrentam situações em que não sabem o que fazer e também não têm apoio. Além disso, possuem excesso de trabalho fora do horário e nenhuma ou muito pouca remuneração. Por outro lado, cada comunidade implementa esta posição de forma diferente, pelo que as dificuldades variam consoante cada território.
Por esta razão, as associações e sindicatos – e especialmente os professores – pedem que a figura seja implementada de forma correta e equitativa em cada autonomia. A tarefa destes professores é fundamental, especialmente num momento em que as escolas atravessam um contexto social onde existe um nível cada vez maior de violência e desproteção. |