| Biólogo |
Animais que “voltaram da extinção”
Animais que "voltaram da extinção": temos a ideia de a extinção é algo definitivo. No entanto, casos recentes de redescobertas desafiam essa noção e revelam falhas nos critérios de avaliação biológica. Desse modo, animais dados como desaparecidos há muitas décadas têm reaparecido, vivos, em refúgios. Esse fenômeno levanta questões bioéticas e conservacionistas. Animais que "voltaram da extinção": um paradoxo científico![]() 27 de junho de 2025 :: por Marco Pozzana , biólogo Nas últimas décadas, avanços na pesquisa de campo, acesso a áreas remotas e o engajamento comunitário têm proporcionado reencontros extraordinários com animais considerados perdidos para sempre. Assim, o fenômeno das chamadas espécies redescobertas tem revelado uma face surpreendente da biologia da conservação. Embora a ausência prolongada de registros leve à suposição de extinção, a realidade tem mostrado que a natureza, resiliente e misteriosa, guarda segredos que escapam mesmo aos olhos mais atentos. Em princípio, a IUCN é extremamente cautelosa ao declarar uma espécie extinta porque a confirmação requer evidências robustas e repetidas de sua ausência em toda a área de distribuição conhecida. Espécies podem ser difíceis de encontrar, especialmente quando são naturalmente raras, ou vivem em habitats de difícil acesso. Além disso, erros nesse tipo de avaliação podem comprometer esforços de conservação. Por isso, é necessário um longo período de buscas documentadas e criteriosas antes de qualquer declaração oficial (Butchart et al., 2006). Nesse sentido, o termo Táxon Lazarus designa espécies que desaparecem dos registros científicos por longos períodos e, inesperadamente, reaparecem vivas, como se tivessem “ressuscitado”. Assim, a expressão é inspirada na figura bíblica de Lázaro, que voltou à vida após a morte. Esses casos geralmente ocorrem em regiões pouco exploradas ou ecossistemas degradados, onde o acesso é limitado. Ou seja, a redescoberta de um táxon Lazarus pode revelar lacunas importantes nos métodos de monitoramento da biodiversidade. Animais redescobertos no Século XXI: mamíferos que voltaram à cenaEntre os vertebrados, poucos retornos causaram tanto alvoroço quanto o do rato-da-árvore-de-vangunu ou rato-gigante-de-vangunu (Uromys vika). Isto é, considerada extinta há mais de um século, essa espécie gigante das Ilhas Salomão foi redescoberta em 2017 após o encontro de um espécime atropelado, que mais tarde foi confirmado por análises morfológicas e genéticas (Lavery & Judge, 2017). Esse roedor, arborícola e frugívoro, habita exclusivamente florestas tropicais primárias, cuja destruição tem dificultado sua observação por décadas. Assim também, destaca-se o caso do táxon Lazarus mais célebre dos últimos tempos: o cervo-do-vietnam (Muntiacus truongsonensis), também conhecido como muntjac-de-listras. Identificado cientificamente em 1997 após séculos de desconhecimento, ele foi considerado extinto localmente até expedições recentes revelarem novos indivíduos em regiões montanhosas do Laos e do Vietnã (Timmins et al., 2015).. Outros mamíferos também protagonizaram reencontros impressionantes. Por exemplo, o coelho-das-ilhas-de-sumatra (Nesolagus netscheri), que permaneceu oculto por mais de 80 anos. Foi fotografado por armadilhas fotográficas em 2000, revelando sua presença tímida em florestas densas e ameaçadas (Semiadi et al., 2008). Portanto, cada redescoberta reforça a necessidade de manter esforços de monitoramento mesmo após longos períodos de ausência. Cantos esquecidos: aves ressurgem
As aves, por sua mobilidade e sensibilidade ambiental, muitas vezes desaparecem de áreas humanas antes de qualquer confirmação científica de seu destino. No entanto, a história recente mostra que várias espécies aladas surpreenderam os ornitólogos com reaparições dramáticas. Um dos casos mais emblemáticos é o da Pithecophaga jefferyi , a águia-das-filipinas . Embora considerada funcionalmente extinta na natureza, ela foi reencontrada em zonas montanhosas e hoje é alvo de projetos de reprodução ex situ . Outro retorno marcante ocorreu com o Amazona vittata, papagaio endêmico de Porto Rico. Após o furacão Maria, em 2017, acreditava-se que os últimos remanescentes selvagens haviam desaparecido. Contudo, em 2019, observadores relataram vocalizações e, posteriormente, avistamentos em florestas secundárias regeneradas. O episódio evidenciou tanto a resistência quanto a vulnerabilidade dessas espécies insulares criticamente ameaçadas. ![]() Amazona vittata . Tom MacKenzie do Serviço de Pesca e Vida Selvagem dos EUA - Região Sudeste Ainda mais surpreendente foi o reaparecimento do Pezoporus occidentalis, ou papagaio-terrestre-noturno da Austrália, que não era visto desde 1912. Em 2013, indivíduos foram identificados em habitats áridos por armadilhas fotográficas, causando grande comoção na comunidade científica. Sem dúvida, esse tipo de descoberta destaca o valor dos biomas menos explorados e dos métodos indiretos de detecção. A SUTILEZA DA RESISTÊNCIA: REDESCOBERTAS ENTRE ANFÍBIOS, RÉPTEIS E PEIXESEmbora menos carismáticos aos olhos do público, os herpetólogos têm encontrado verdadeiros tesouros vivos. Em 2010, após 50 anos sem registros, o sapo-de-nariz-pontudo de Borneo (Ansonia latidisca) foi encontrado em florestas altas da Malásia. Com coloração metálica e hábitos noturnos, esse anfíbio permaneceu invisível aos cientistas até que buscas específicas, aliadas ao conhecimento indígena, levassem à sua redescoberta (Grismer et al., 2011). A SEGUNDA CHANCE DA VIDA SELVAGEMIgualmente relevante foi a reaparição da tartaruga-de-casco-mole-da-Yangtzé (Rafetus swinhoei), uma das espécies mais ameaçadas do planeta. Em 2020, uma fêmea viva foi encontrada em um lago do Vietnã, abrindo a esperança de reprodução controlada para a salvação da espécie. Em seguida, essa notícia mobilizou esforços internacionais para encontrar outros indivíduos e preservar geneticamente o grupo remanescente. Mas a R. swinhoei, segundo a IUCN, permanece criticamente ameaçada de extinção (Fong et al., 2021). Entre os peixes, destaca-se o caso do Celacanto (Latimeria chalumnae), um “fóssil vivo” que se acreditava extinto há 65 milhões de anos. Embora redescoberto em 1938, somente nos últimos anos, com expedições profundas no Canal de Moçambique, novas populações foram observadas. Certamente tal fato amplia o debate sobre o desconhecimento que ainda persiste sobre a fauna marinha profunda. Todavia, a espécie permanece listada como em perigo crítico de extinção pela IUCN (Musick et al., 2000). ![]() Celacanto ( Latimeria chalumnae ) , por Mordecai ConclusãoA redescoberta de espécies não representa apenas um triunfo científico, mas também uma advertência. Por isso, para além da emoção do reencontro, cada reaparição levanta questões urgentes sobre conservação, acesso à informação ecológica e a limitação das avaliações de extinção baseadas em lacunas de registro. Embora algumas dessas espécies tenham sobrevivido em fragmentos ocultos de floresta ou em nichos ignorados, sua permanência ainda depende de ações urgentes e coordenadas. Portanto, à medida que a zoologia avança, também cresce a nossa responsabilidade de agir com humildade diante da complexidade da vida. Pois o desaparecimento de uma espécie pode ser apenas aparente — mas sua permanência exige vigilância constante e compromisso ético com a preservação do planeta. Fontes e referências:
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| Luíz Müller Blog |
Uma década de Atraso em obras de Drenagem gera protestos no Bairro Praia de Belas, em Porto Alegre
![]() Se tinha Dinheiro, Por que não investiram no Sistema de Proteção as Cheias e só agora falam em "contratar projeto" para o Praia de Belas?? E as outras regiões? Fiquei estupefato com a explicação da Prefeitura diante do protesto de cidadãos do Praia de Belas por conta dos repetidos alagamentos na região, incluindo também o Menino Deus. "...há represamento nas tubulações. A solução do problema passa pelo redirecionamento da rede, para uma das casas de bombas mais próximas. O projeto da obra já foi contratado pelo Dmae e está em fase de elaboração", disse a Prefeitura ao Correio do Povo, conforme matéria que reproduzo ao fim deste artigo. Alagamentos no Praia de Belas e no Menino Deus não começam, e nem terminam, como a Enchente de 2024. Eles se arrastam por anos e já deveriam ter sido resolvidos, assim como tudo que diz respeito ao Sistema de Proteção as Cheias em Porto Alegre. Antes da Enchente de 2024, dinheiro não era problema, como é possível constatar em matéria do Jornal do Comércio(14/02/2025) que reproduzi no Artigo "Escândalo: Onde foi parar o Lucro de R$ 1,32 Bi do DMAE". Por que não investiram esta grana toda em melhorias? É óbvio e só não vê quem não quer: O objetivo é "cantar" o mantra: "privatiza que melhora". E é exatamente o que Melo esta fazendo agora com o DMAE. Mandou projeto a Câmara para privatizar a parte lucrativa do DMAE, distribuição e cobrança de contas de água e...deixar a parte que requer mais investimento, como esgoto, para... o poder público. Não falta cara de pau ao Prefeito...nem eleitores que liguem os pontos. Por isto Melo foi o mais votado justamente nas regiões mais atingidas pelas constantes inundações. Estes movimentos contra os constantes alagamentos e inundações que tem surgido de forma estanque em regiões como esta do Praia de Belas, e também no Sarandi e no Humaitá, só terão vitória mesmo, se se juntarem e mobilizarem contra a Privatização do DMAE e ficarem também de olhos bem abertos para a CPI do Desmonte do DMAE que esta em andamento na Câmara. Por que é disto que se trata: Os Prefeitos Marchezan e Melo deixaram o DMAE amealhar Lucros sem investi-los em melhorias para a população, por que o objetivo de privatizar não é de hoje e nem de ontem. A Seguir, na íntegra, a matéria do Correio do Povo mencionada no meu comentário: Região é um dos diversos pontos da Capital impactados pela cheia do Guaíba ![]() Rede de drenagem pluvial da região não funciona quando ocorrem elevações do Guaíba | Foto: Fabiano do Amaral Um grupo de moradores do bairro Praia de Belas protestou na noite desta quinta-feira, 26. O ato, organizado na avenida Praia de Belas com a rua Dra Rita Lobato. O grupo cobra da prefeitura de Porto Alegre solução para os constantes alagamentos na região, causados por problemas na rede de drenagem pluvial. O grupo bloqueou o trânsito por aproximadamente 5 minutos, causando congestionamentos. Em silêncio, portando faixas, pediam “socorro”, chamando atenção para o problema. Moradores do trecho entre as avenidas Praia de Belas e Borges de Medeiros contrataram bombas para retirar a água que invadiu os imóveis nesta semana, por conta da elevação do nível do Guaíba. Os equipamentos retiram água do local, mas devolvem para a rede de drenagem da via, ou seja, a água retorna para dentro dos condomínios. De acordo com o Departamento Municipal de Água e Esgotos (Dmae), o acúmulo de água nas vias mais baixas ocorre por conta da elevação do nível do arroio Dilúvio e por não haver sistema de bombeamento na região. "Em razão da cheia, há represamento nas tubulações. A solução do problema passa pelo redirecionamento da rede, para uma das casas de bombas mais próximas. O projeto da obra já foi contratado pelo Dmae e está em fase de elaboração", completou o departamento, em nota. |
| Blog do Gerson Nogueira |
São João das Bets: empresas de apostas avançam na festa junina de Campina Grande
Bet 7k se tornou uma das principais patrocinadoras do evento que recebe mais de 3,5 milhões de pessoas Por Victoria Freitas - Agência Pública A 42ª edição do Maior São João do Mundo, em Campina Grande, Paraíba, uma marca disputa atenção com o forró e as bandeirolas coloridas. A Bet 7K, plataforma de apostas e cassino online, tornou-se um dos nomes mais visíveis do evento. Neste ano, ela é uma das três principais patrocinadoras da festa junina. Com início em 30 de maio e programação até 6 de julho, a festa atrai milhares de pessoas diariamente ao Parque do Povo. Segundo dados da Prefeitura de Campina Grande, a edição deste ano deve movimentar mais de R$ 740 milhões na economia local. A estimativa é que mais de 3,5 milhões de pessoas frequentem o evento. “É viciante. A gente acha que uma hora vai dar certo, que vai conseguir recuperar o que perdeu, mas só vê o dinheiro escapando”, conta uma frequentadora da festa à Agência Pública. A mulher, que preferiu não ter seu nome divulgado, disse que começou a apostar por influência de uma amiga que dizia ganhar com frequência. “Uma amiga ganhava e me incentivava a jogar também, mas eu só perdia e cheguei a ficar sem dinheiro”, relata. Na festa, a 7K tem estande próprio, camarote, jogos e ações de cadastro para ganhar brindes como copos e chapéus, além de outdoors pelas ruas e avenidas da cidade. ![]() A Bet 7K é uma das três principais patrocinadoras da festa de São João de Campina Grande A Pública entrou em contato com a Prefeitura de Campina Grande, a Arte Produções — responsável pela organização do evento — e a empresa Bet 7K para questionar o valor investido no patrocínio. Até o momento, nenhuma das partes retornou com uma resposta. A falta de transparência repete o padrão do patrocínio de outras festas, como o Carnaval. Em fevereiro, a Pública mostrou que casas de apostas estavam bancando carnavais pelo país sem que as empresas ou mesmo as prefeituras divulgassem os valores. Por que isso importa?
![]() Estimativa é que festa de Campina Grande deva receber mais de 3,5 milhões de pessoas NÃO É A PRIMEIRA VEZ QUE UMA EMPRESA DO SETOR DE APOSTAS PATROCINA O SÃO JOÃO DE CAMPINA GRANDE. EM 2024, A VAI DE BET SE APRESENTOU COMO UMA DAS PRINCIPAIS PATROCINADORAS DO EVENTO, TENDO O CANTOR GUSTTAVO LIMA COMO “GAROTO-PROPAGANDA”. MESES APÓS O ENCERRAMENTO DO EVENTO, TANTO A PLATAFORMA QUANTO O ARTISTA FORAM ALVO DE INVESTIGAÇÃO POR SUPOSTO ENVOLVIMENTO EM UMA ORGANIZAÇÃO CRIMINOSA LIGADA À JOGOS ILEGAIS. O INQUÉRITO, NO ENTANTO, FOI ARQUIVADO EM 9 DE JANEIRO DE 2025.Agora, em 2025, as bets operam em um mercado regulado. Como um “feliz ano novo” do setor, a regulamentação do mercado de apostas fixas entrou oficialmente em vigor no dia 1º de janeiro deste ano. A Bet 7K é uma das autorizadas a atuar no país. Para quem ainda não associa o nome à plataforma, a imagem de um rosto familiar ajuda. O jogador de futebol Hulk, Givanildo Vieira de Sousa, natural de Campina Grande, estrela campanhas da marca e reforça a ligação entre a empresa e o evento. Ano passado, uma reportagem do Estadão mostrou que a 7K teria um curso que ensinaria pessoas a criarem depoimentos falsos de ganhadores com a aposta. Nas aulas, as pessoas aprenderiam e forjar conversas no WhatsApp comemorando ganhos com a aposta, construir robôs e até usar o ChatGPT para gerar anúncios que redirecionaram para jogo do tigrinho e outros. ![]() Reportagem do Estadão mostrou que a 7K teria um curso que ensinaria pessoas a criarem depoimentos falsos de ganhadores Em 2025, além de patrocinar o São João de Campina Grande, a 7K também está em festas juninas de Petrolina e Surubim, em Pernambuco; São Luiz e Imperatriz, no Maranhão; e em Belém do Pará. “Eu não conhecia [a Bet]. Só conheci através de um joguinho aqui no Parque do Povo para ganhar o chapéu [um dos brindes oferecidos pela 7K] e quando me cadastrei, vi que era uma casa de apostas”, contou Ana Paula, auxiliar de secretaria e turista vinda de João Pessoa. Ana relata que já obteve bons ganhos em outras plataformas, mas evita grandes perdas ao interromper as apostas quando percebe uma sequência negativa. Ela admite que, após conhecer a 7K durante a festa, ficou interessada em experimentar a plataforma. “Foi a primeira coisa que eu pensei. Quando eu tiver com dinheiro, vou botar um pouquinho lá, apostar, depositar pelo menos uns 30 reais pra ganhar os giros grátis e ver o que é que dá”, afirma. ![]() Ana Paula não conhecia a Bet antes do São João: foi através de um jogo para ganhar o chapéu que ela descobriu a plataforma e agora pensa em apostar Guilherme Araújo, estudante de computação, critica o patrocínio e afirma que os anúncios incentivam as pessoas a apostarem. “Dar espaço de publicidade num evento tão grande para esse tipo de coisa é prejudicial para a sociedade”, disse. A mesma visão é compartilhada por Andreza Farias, também estudante de computação. Ela observa que a empresa mantém diversos estandes na festa, onde o principal objetivo é cadastrar novos usuários na plataforma, o que, segundo ela, estimula ainda mais a participação da população. “Uma festa do porte do Parque do Povo não deveria ter patrocínio de nenhuma bet. Tem que ter incentivo público e não de empresa de apostas”, acrescentou. |
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