Em 1990, o Brasil perdia Cazuza aos 32 anos, vítima da AIDS. O poeta do rock, que saiu do Barão Vermelho para escancarar o país em versos, viveu intensamente uma década marcada por censura, conservadorismo e contradições. E não teve medo de dizer o que pensava. Foi um dos primeiros artistas brasileiros a assumir publicamente ser soropositivo, num tempo em que o preconceito era norma e o silêncio, regra.
Com “Brasil”, “Ideologia”, “Burguesia” e tantas outras, Cazuza denunciou as feridas abertas da transição democrática e o jogo sujo do poder. Mais de três décadas depois, suas letras seguem atuais. O tempo passa, mas o Brasil que ele cantou ainda está aí — desigual, hipócrita e em disputa.
Cazuza não pediu licença. E é por isso que ainda incomoda. |