El País | Madri

 

'Panza de burro' no Teatro del Barrio HECTOR LLANOS Um momento de 'Barriga de Burro'. / TEATRO DE BAIRRO

Esta é a newsletter da secção Madrid do EL PAÍS, que sai duas vezes por semana. Às terças-feiras chega às caixas de correio dos leitores às seis da tarde com a assinatura de Miguel Ezquiaga. Às sextas-feiras a entrega é dedicada às propostas para o fim de semana, chega ao meio-dia e é assinada por Héctor Llanos Martínez.  ‌ ‌ Muito recentemente, enquanto estava em Tenerife, uma família viajada recomendou-me que visitasse Icod de los Vinos. E lá fui eu no dia seguinte. Valeu a pena. O antigo dragoeiro, aquela enorme e intrincada árvore com centenas de anos, que os locais dizem esconder lendas antigas passadas de pai para filho, tornava muito difícil não se sentir como se estivesse numa história de realismo mágico. ‌ Com aquelas lendas orais que enraizaram o lugar, Andrea Abreu aprendeu a escrever . Conversando com alguns dos seus vizinhos, sobre o seu clima nem sempre plácido, sobre os seus vinhos, doces e queijos, lembrei-me do romance canário  Panza de burro . O seu sucesso em tantos países - e o milagre de traduzir uma língua tão local - deu origem a uma adaptação teatral que estou morrendo de vontade de ver. ‌ Quero ouvir não só a vaga recriação que nasceu na minha cabeça ao ler o livro, mas com sua cadência real, como falam seus dois protagonistas. Merda e Isora são duas crianças que vivem na encosta de um vulcão. Vivem em famílias desestruturadas sob a tutela de um mundo feminino de avós. Ambos compartilham um verão chato, desejando que alguém os levasse à praia.

Fantasmas em La Mancha e na Cineteca

'Natureza morta com fantasmas'. /CINETECA

E também rodeados de vinhas (mas sem vulcão) vivem os habitantes de uma localidade de La Mancha, sem maiores surpresas. Alguns, os vivos, lutam contra as adversidades da vida, enquanto outros, os mortos, lidam com a dor da morte. ‌ Eles são os protagonistas do filme Natureza Morta com Fantasmas , que está sendo exibido especialmente na La Cineteca del Matadero. É uma comédia negra sobre as presenças ocultas que vivem connosco. A sessão desta terça-feira, 21 de janeiro, contará com a presença do diretor, Enrique Buleo.

Um Pirandello esquecido é ressuscitado em Madrid

Os Gigantes da Montanha ocupam vários espaços no Teatro Fernán Gómez / CENTRO CULTURAL LA VILLA

Mais realismo mágico. Se alguém sabia quebrar a quarta parede de um palco, era Luigi Pirandello. Em Os Gigantes da Montanha , uma companhia de teatro falida e um grupo de desajustados, liderados pelo mágico Cotrone, se encontram em uma pousada chamada La Scalogna . ‌ Os humoristas, liderados pela Condessa Ilse, dirigem-se à montanha, onde vivem os gigantes, para apresentarem seu repertório. Cotrone recomenda não fazer isso. Ele diz que os gigantes não vão valorizar sua arte e que é melhor representar suas ficções na pousada, lugar onde ele pode fazer o que quiser sem se expor à incompreensão dos outros. Os personagens-atores devem decidir se cumprem o sistema ou agem livremente. ‌ Essa dualidade de seus protagonistas não foi a única forma pela qual Pirandello restabeleceu os limites da peça teatral. A encenação desta obra não acontecerá apenas no palco da Sala Jardiel Poncela, do Teatro Fernán Gómez, mas também envolverá outros espaços, como o lobby. O público terá que acompanhar os atores neste espetáculo itinerante. A peça, que não entra em cena há quase cinquenta anos, pode ser vista de 21 de janeiro a 23 de fevereiro.

Posando para retratistas nômades em Cibeles

Pintores e modelos de retratos, abrigados no Palácio de Cibeles / CENTRO CENTRO

Esta proposta pode não ser possível neste fim de semana, mas é bom ter isso em mente porque em breve estará novamente disponível. El Retratista Nómada é um grupo de desenho focado no retrato natural que realiza periodicamente sessões abertas e ao vivo em locais públicos de Madrid. ‌ Uma pessoa posa voluntariamente (pode ser você) e um punhado de artistas amadores a capturam, cada um em seu estilo. Em breve estarão num espaço fechado, devido ao frio destes meses: o centro municipal de idosos Anton Martín. Mas eles têm muitos outros destinos ao longo do ano. Por exemplo, neste domingo, 19 de janeiro, estarão das 11h30 às 13h30 no espaço cultural Centro Centro, no Palácio de Cibeles. ‌ Este é um grupo sem fins lucrativos. Qualquer intercâmbio económico entre os seus membros e os modelos deve ser realizado a nível individual.

SOBRE A ASSINATURA HÉCTOR LLANOS MARTÍNEZ Editor especializado em novas narrativas audiovisuais ( streaming , podcasts, redes sociais) e no gênero documentário, com vários anos como autor do blog Doc&Roll. Formado na Agencia Efe e elmundo.es, antes de chegar a Verne e à secção madrilena do El País, escreveu desde Berlim para a BBC, Deutsche Welle , Cineuropa , Esquire e Yorokobu .