Para o pesquisador, os EUA não estão de todo errados ao agir de forma recíproca e banir o TikTok. Afinal, as plataformas norte-americanas não funcionam na China. Só tem um problema. A questão é que China é uma ditadura, e os Estados Unidos são um país democrático, que valoriza a liberdade empresarial e a iniciativa privada. Realmente é possível a China ajustar os algoritmos para manipular a opinião pública. Eles deviam estar mais preocupados com a Rússia do que com a China Marcelo Träsel Durante as eleições de 2016, a agência de espionagem russa foi flagrada usando o Facebook para interferir na corrida presidencial, vencida por Trump. O TikTok não caiu sem lutar. Em ação parecida à do Google no Brasil contra o "PL das Fake News", o app convidou seus usuários a ligar para congressistas para reclamar sobre o banimento. Teve deputado que não conseguiu trabalhar. Fora isso, a Bytedance, dona do TikTok, gastou em 2024 o valor recorde de US$ 8 milhões em lobby. O esforço do outro lado foi maior e começou antes. Já em 2022, a Meta foi flagrada gastando dinheiro para detratar o TikTok. Segundo reportagem do jornal "Washington Post", a firma de Zuckerberg pagou à maior consultoria republicana para tocar uma campanha contra o app chinês. Em 2024, a Meta destinou a maior verba de sua história para fazer lobby junto a deputados e senadores. Ainda sem contar o dinheiro do último trimestre, não informado, foram US$ 18,8 milhões, segundo informações do Senado dos EUA. Não é possível saber quanto dessa grana abasteceu a campanha contra o TikTok, mas a verba foi gasta com "discussões sobre cibersegurança", "segurança de dados" e "integridade de plataformas". Se a fala sobre as "cortes secretas da América Latina" foi encarada como ameaça ao STF, que parece inclinado a responsabilizar as redes pelo conteúdo publicado nelas, o banimento do TikTok dos EUA é fato bem concreto. É o que acontece quando Meta e Casa Branca tabelam em campo. E armas não faltam, diz Träsel. Só em dinheiro para lobby já aumenta bastante o poder de fogo da Meta. E ainda tem o poder de fogo do Departamento de Estado dos EUA, que por meio de acordos comerciais, pode fazer muito em favor de Meta, Google e outras plataformas Marcelo Träsel |