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Ouvi antes os retratos dos reis Felipe VI e Letizia de Annie Leibovitz HECTOR LLANOS Os retratos reais de Annie Leibovitz despertam enorme interesse em Madrid. / MOEH ATITAR

Esta é a newsletter da secção Madrid do EL PAÍS, que sai duas vezes por semana. Às terças-feiras chega às caixas de correio dos leitores às seis da tarde. Às sextas-feiras a entrega é dedicada a propostas culturais, chegando ao meio-dia e assinadas por Héctor Llanos Martínez. ‌ ‌ - "Parece uma pintura." - “Ele só sente falta das meninas”. ‌ Um casal de reformados diz-o num dos primeiros dias de abertura da exposição gratuita (com inscrição prévia) A Tirania de Cronos , no Banco de Espanha. É aquele que abriga os comentados retratos de Annie Leivobitz dos Reis Felipe VI e Letizia na galeria de efígies do prédio. na galeria de efígies do prédio . E, de facto, o casal não se engana. O fotógrafo americano inspirou-se na pintura de Velázquez para construir este díptico que está a gerar filas numa das esquinas da Plaza de Cibeles. ‌ A sala principal da exposição foi convertida em photocall , onde a maioria dos visitantes posa em frente aos seus telemóveis, com selfies ou com a ajuda de terceiros, ao lado dos monarcas. E há opiniões para todos os gostos. ‌ - "Você pode tirar uma foto minha, por favor? Mas só com ele." ‌ ‌ - "Que pena que há vários Goyas nesta sala e eles estão morrendo de rir." - "Isso não apareceu na TV." ‌ ‌ -"Na TV as fotos parecem maiores." ‌ ‌ -"Primo do rei, é para isso que serve o rei. Com o relógio ao lado, mais austero, mais rei. Colocaram mais luz nela, para que ela saia mais bonita." ‌ ‌ - "Por que eles estão inclinados? Ahh para dar mais peso a ela." ‌ ‌ - “Na foto eles parecem igualmente altos e não são.” ‌ ‌ - "Bem, não acredito que eles tenham passado cinco horas posando." ‌ ‌ - "Bem, os dois são lindos." - “Seria bom se ficassem feios, se a foto custasse 140 mil euros.” - "É verdade que ele parece tenso, com o punho cerrado. Ele estaria pensando quanto lhe custariam as fotos...". ‌ ‌ - "Tire uma foto minha, mas só com ela." ‌

Aprenda em El Prado

Sigmar Polke diante de 'As Velhas', de Goya, no Palais des Beaux-Arts de Lille, 1982 / Britta Zoellner

Conectando-me com a exposição anterior, percebi que quem prestou muita atenção a Goya foi o pintor pós-moderno Sigmar Polke. A exposição no Museu do Prado dá boa conta disso. Sigmar Polke. Afinidades reveladas. O alemão, falecido em 2010, escaneou diversas vezes o Prado para estudar o gênio espanhol. Para exposições deste tipo, que revelam as ligações entre artistas, a área de Educação do Museu é excelente. ‌ Todas as quintas-feiras, às 12h30 e às 17h, é organizada uma palestra na sala de conferências em que um especialista explica com imagens e slides as chaves desta união criativa entre Polke e Goya, para entender melhor o que você verá mais tarde no salão. É uma atividade gratuita para quem tem bilhete para esta exposição. ‌ Neste link você pode descobrir que tem de tudo. Não só palestras, mas também oficinas e encontros com artistas. Os programas públicos destinam-se a jovens, públicos familiares, crianças e adultos. Muitos deles são intergeracional e inclusivo. ‌ A prévia de Sigmar Polke revela outra ligação alemã em pelo menos uma de suas obras expostas. É com alguém mais próximo dele no tempo e no espaço, o artista alemão Max Ernst, que nos conecta com a seguinte proposta.

Surrealismo, arte e cinema

'A Tentação de Santo Antônio' (1945), Max Ernst. /CBA

A partir de quinta-feira, 5 de dezembro, o Círculo de Bellas Artes explorará a ideia mais completa possível de Max Ernst , exibindo peças em diferentes suportes: pinturas, esculturas, colagens , frottages , livros ilustrados, fotografias, todas selecionadas por sua conexões com o cinema. ‌ Veremos o dadaísta, surrealista, romântico, patafísico e humanista Max Ernst. Fragmentos de filmes e projeções imersivas acompanharão suas obras, que há algumas décadas já abordavam temas como meio ambiente e migrações.

Plensa na Gran Vía

Uma das esculturas 'Invisíveis', que pode ser vista na exposição Gran Vía / FUNDACIÓN TELEFÓNICA

As obras de Jaume Plensa viajaram por todo o mundo. Eles até visitaram o museu Max Ernst em Brühl. Caminhando pela exposição gratuita que a Fundação Telefónica dedica ao artista barcelonês lembro-me de outra de suas obras que vi há muito tempo. The Crown Fountain, localizada em dois painéis em frente ao Art Institute of Chicago. Está localizado num parque, o Millenium, que é por si só um museu de escultura e arquitetura. ‌ Lembro-me dela quando ando pela sala de Madrid que mostra Love Sounds , um conjunto de cabines feitas de alabastro que contêm sons que vêm do nosso próprio corpo. As duas criações representam muito bem o humanismo nas obras de Plensa. São trinta propostas em Jaume Plensa. Matéria Interior. Isso nos lembra que o corpo e o ser humano são milagrosos. É quase certo que você sairá da exposição sabendo algo mais sobre você.

SOBRE A ASSINATURA HÉCTOR LLANOS MARTÍNEZ Editor especializado em novas narrativas audiovisuais ( streaming , podcasts, redes sociais) e no gênero documentário, com vários anos como autor do blog Doc&Roll. Prêmio Paco Rabal de Jornalismo Cultural. Formado na Agencia Efe e elmundo.es, antes de chegar a Verne e à secção madrilena do El País, escreveu desde Berlim para a BBC, Deutsche Welle , Cineuropa , Esquire e Yorokobu .