O dólar encerrou 2024 com uma valorização de 27,34% em relação ao real. Essa foi a maior alta da moeda americana desde 2020, durante a pandemia de covid-19.
Para a colunista Juliana Rosa, a desvalorização do real é um sintoma da desconfiança do mercado. "Os gastos do governo foram crescendo de forma acelerada, colocando em dúvida a credibilidade da regra de equilíbrio das contas públicas", argumenta.
A moeda americana subiu em todo o mundo com juros altos nos Estados Unidos, mas no Brasil a alta foi maior do que em outros países emergentes, lembra Rosa. Numa cesta com outras moedas, em 2024, o real só perdeu menos do que o peso argentino (27,53%).
Expectativas do mercado para 2025. O cenário esperado para 2025 não é muito otimista: a preocupação com as contas públicas deve seguir pressionando o dólar. A moeda americana mais cara deve impactar a inflação, juros e o crescimento da economia.
No boletim Focus, pesquisa do Banco Central com instituições financeiras e economistas, a previsão da inflação está em 4,84%, acima da meta fiscal. O mercado espera que a taxa de juros chegue perto de 15%, derrubando a expectativa de crescimento da economia de 3,5% neste ano para 2% em 2025.
Desafios para 2025. O novo presidente dos EUA, Donald Trump pode gerar mais pressão sobre o dólar. Neste ano, ele ameaçou aumentar os impostos sobre produtos brasileiros. “É uma figura que causa muita volatilidade”, disse Juliana Rosa.
No cenário doméstico, a pressão dos gastos públicos vai continuar. "A sinalização de guinada política com o pacote de corte de gastos pode contar a insegurança do mercado", avalia Rosa.