Indiciado pela terceira vez, agora por golpismo, Jair Bolsonaro (PL) recebeu defesa morna de aliados. A mobilização foi considerada protocolar por um de seus asseclas: “Para fingir que se importam”, diz ele. Na rede social X, 23 dos 93 deputados federais do PL (25%) criticaram o indiciamento nas 24 horas seguintes ao caso – alguns de forma genérica, sem sequer uma menção ao ex-presidente. No Instagram, outros 43 parlamentares da sigla (46%) também o apoiaram, a maioria sem grande ênfase. Isso se deve a um descontentamento pela “ingratidão” de Bolsonaro, que nunca retribuiu demonstrações de lealdade. Outro motivo é sua preferência nas eleições municipais deste ano por candidatos do centrão em detrimento da ala mais “raiz” de apoiadores. As queixas são recorrentes em conversas da bancada. Um congressista da legenda avalia que metade do grupo bolsonarista do PL – estimado em dois terços dos parlamentares – está disposta a romper com o ex-presidente se surgir uma liderança forte para enfrentar o PT em 2026. (Estadão) A revelação do plano de assassinatos do bando de Bolsonaro impactou mais o Congresso do que a divulgação dos 37 indiciados por golpismo. Boa parte dos nomes da lista final da investigação da PF já era esperada, mas não as evidências da trama para executar um presidente eleito, seu vice e um ministro da Suprema Corte. A avaliação dos congressistas é que a mera cogitação de usar aparato estatal para cometer assassinatos políticos é algo inimaginável, só encontrando paralelo nos anos de chumbo. (Folha) Áudios que circularam em um grupo de militares de alta patente deram à Polícia Federal detalhes das ações golpistas que foram tramadas. Os 55 áudios aos quais o Fantástico teve acesso confirmam o protagonismo do general Mario Fernandes. (Fantástico) Um HD do general Fernandes tinha um roteiro para deputados bolsonaristas usarem durante a Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do 8 de Janeiro. O documento de três páginas, criado em 16 de maio de 2023, dez dias antes de a CPMI ser instalada, descreve estratégias para criar uma narrativa em relação aos movimentos golpistas. (Metrópoles) Em uma live no perfil do ex-ministro do Turismo Gilson Machado, Bolsonaro ironizou as investigações. “Uma coisa absurda essa história do golpe. Vai dar golpe com um general da reserva e quatro oficiais superiores? Pelo amor de Deus. Quem estava coordenando isso? Cadê a tropa? Cadê as Forças Armadas? Não fique botando chifre em cabeça de cavalo.” (Globo) Indiciado por golpe e envolvido no plano de execuções, o general Braga Netto também afirmou que “nunca se tratou de golpe, e muito menos de assassinar alguém”. “Agora parte da imprensa surge com essa tese fantasiosa e absurda de ‘golpe dentro do golpe’. Haja criatividade”, escreveu no X o ex-ministro da Defesa, da Casa Civil e candidato a vice de Bolsonaro. (Correio Braziliense) Elio Gaspari: “Passados dois anos, o Brasil livrou-se das turbulências militares chacoalhadas a partir do Palácio do Planalto. Isso não é pouca coisa. (...) Bolsonaro encabeça a lista na qual estão quatro ex-ministros, três dos quais com altas patentes militares. A Justiça decidirá o que fazer com cada um deles. Sabendo-se como o Judiciário baixou o pano da Operação Lava-Jato, é melhor economizar expectativas”. (Globo) Meio em vídeo. O advogado criminalista e professor da UFF Libano Soares é o convidado desta segunda-feira no Central Meio. Ao vivo, às 12h45. (YouTube)
Junto com o pacote de corte de gastos, a ser apresentado nesta semana, o governo deve encaminhar ao Congresso um novo projeto de lei para o bloqueio de emendas parlamentares, retirado do texto aprovado na semana passada para dar mais transparência a esses recursos. A proposta deve prever um bloqueio de até 15%, seguindo a mesma proporção aplicada às demais despesas discricionárias para cumprir a meta fiscal. A intenção é sinalizar que o Legislativo também contribuirá com o esforço fiscal. Pelo acordo costurado, o texto será aprovado ainda este ano. (CNN Brasil) Para cumprir a meta fiscal, o governo bloqueou mais R$ 6 bilhões do Orçamento, segundo o Relatório de Avaliação de Receitas e Despesas do 5º bimestre. O detalhamento das áreas afetadas só ocorrerá no próximo dia 30. O total de recursos congelados para cumprir o arcabouço fiscal agora soma R$ 19,3 bilhões, um pouco menos de 10% do total das despesas discricionárias totais do Executivo. A projeção é de um déficit primário de R$ 28,7 bilhões. A meta é resultado zero, com tolerância de até 0,25% do PIB (R$ 28,8 bilhões). (Globo) Mas, segundo fontes, o Ministério da Fazenda estima que o “empoçamento” de recursos – diferença entre pagamentos autorizados e valores realmente pagos — ultrapasse R$ 20 bilhões, o que deixaria o déficit primário mais distante do limite inferior da banda do arcabouço fiscal. (Valor)
Os uruguaios foram às urnas ontem para o segundo turno das eleições presidenciais e elegeram com 49,84% dos votos o esquerdista Yamandú Orsi, um professor de história de 57 anos. Representante da Frente Ampla de oposição, Orsi derrotou Álvaro Delgado, de 55 anos e filiado ao Partido Nacional, da aliança governista. O vencedor substituirá em 1º de março o presidente Luis Lacalle Pou. Ao discursar para milhares de apoiadores no calçadão da Cidade Velha, em Montevidéu, Orsi disse ser “uma noite de muitos agradecimentos” e acenou para “aqueles que abraçam outra bandeira”. Segundo ele, “essas pessoas também terão que nos ajudar a construir um país melhor”. (El País Uruguay) Uma das figuras mais influentes da América Latina, o ex-presidente Pepe Mujica, a seis meses de completar 90 anos, deixou sua pequena fazenda nos arredores da capital, foi às urnas e celebrou dançando no fim do dia. (X) Governador de Canelones em duas gestões, Orsi é o primeiro presidente eleito desde a redemocratização que não nasceu na região de Montevidéu. De Julio María Sanguinetti, 88 anos, passando por Mujica, seu padrinho político, até o atual presidente, todos nasceram no centro do poder. Orsi fugiu à lógica. (Folha)
Após um bombardeio que matou 29 pessoas e feriu 65 em Beirute, capital do Líbano, o Hezbollah lançou mais de 340 mísseis e drones contra Israel na manhã de domingo, ferindo 11 pessoas e causando “danos severos” em Tel Aviv. O ataque israelense tinha como alvo Mohammad Haidar, alto comandante do Hezbollah, que sobreviveu. Sirenes soaram em Tel Aviv enquanto o sistema de defesa interceptava parte dos mísseis. Israel segue bombardeando Beirute e o governo libanês decidiu fechar as escolas até janeiro. Os ataques ao Líbano já mataram 3.754 pessoas nos últimos meses. Em Gaza, são quase 45 mil mortos. (Al Jazeera) |