A gigante francesa L'Oréal decidiu não esconder mais seu amor pelas terras quentes e ensolaradas do Brasil — tanto que escolheu o Rio de Janeiro para sediar o maior centro de inovação e pesquisa do grupo na América Latina. A escolha não foi por acaso: depois de um mapeamento global, a empresa descobriu que, das 66 tonalidades de pele encontradas no mundo, 55 estão aqui, no Brasil.
"Isso sem contar os cabelos. Temos todas as 8 definições de fios, dos mais lisos aos mais crespos. O Brasil pode exportar tecnologia e tendência. Somos um laboratório vivo de oportunidades de mercado", comenta Helen Pedroso, diretora de responsabilidade corporativa e recursos humanos do Grupo L'Oréal no Brasil.
A executiva conta, na entrevista, a seguir como esse olhar para a diversidade - dentro e fora - da empresa não reflete apenas o respeito pelo país, mas também uma possibilidade de ampliar a exploração dos mais variados mercados.
***
Ecoa: O ponto de vista de pessoas diversas é capaz de mudar toda uma forma de fazer negócio?
Helen Pedroso: Sem dúvida. A L'Oréal já sabe disso desde que nasceu - tanto que hoje ocupa um lugar de dar o exemplo para outras empresas. Eu sou uma mulher parda e vim do Pacto Global da ONU. Quando cheguei aqui, ouvi o CEO da L'Oréal dizer que é preciso pensar a empresa como se fosse um país, que é habitado pelas mais diversas pessoas. A analogia faz sentido porque a L'Oréal tem um faturamento maior que o PIB de muitos países. Então, é preciso olhar para seus colaboradores como a população de uma nação e saber relacionar-se com todo o território em que está inserida.
Ecoa: A empresa parece dar uma atenção especial ao Brasil.
Helen Pedroso: Nosso laboratório situado no Brasil é estratégico porque o país proporciona muitas oportunidades e podemos exportar inovações. Toda a tecnologia Elseve foi desenvolvida aqui. Se temos 55 tons de pele somente no Brasil há muitas divisões fazendo produtos. Somos um laboratório vivo de oportunidades.
Ecoa: A sede do escritório da L'Oréal no Brasil também fica em um lugar emblemático da história do país. Como vocês trabalham nesta região?
Helen Pedroso: A principal ideia é promover o desenvolvimento econômico e social da região. Fizemos um mapeamento de afroempreendedores locais e vamos fazer um grande e-book de serviços para oferecer em todo o território. É uma forma simples de dar visibilidade a eles, propiciar oportunidades e resolver uma intermediação: muita gente quer contratar serviços, mas não tem indicação. Queremos promover o empreendedorismo com esse recorte de raça.