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Filho de Expedito Oliveira Rodrigues e Adélia de Souza Rodrigues, Viladônega de Souza Rodrigues nasceu no domingo de 7 de junho de 1942, na cidade baiana de Euclides da Cunha.
Sempre com uma bola nos pés, o pequeno Viladônega ouvia pelo rádio os jogos do Vasco da Gama, seu time de coração. Entre uma escapada e outra, os campos de terra roubavam boa parte do dia.
Seus pais não consideravam o futebol como um meio de vida decente, o que talvez justifique a proibição de seu Expedito quando o mocinho foi convidado para treinar no Esporte Clube Bahia.
O acontecimento foi revelado pelo repórter Valter Lessa nas páginas da Revista do Esporte, onde também foi registrado um fato curioso: Seu Expedito era um torcedor fanático do Esporte Clube Ypiranga (BA).
De acordo com reportagem publicada na Revista do Esporte número 146, edição de 23 de dezembro de 1961, o início de Viladônega no mundo da bola aconteceu no modesto Jequié Futebol Clube de sua cidade natal.
Algum tempo depois, o futebol vistoso do jovem Viladônega foi observado mais atentamente pelo Dr. Sebastião Azevedo, sócio benemérito do Vasco da Gama, o grande responsável pelo seu encaminhamento para treinar em São Januário.
O baiano Viladônega chegou timidamente ao Vasco da Gama em 1956, mas só foi aproveitado com maior regularidade em 1957, oportunidade em que foi lançado no quadro juvenil pelo treinador Eduardo Pelegrini.
Como juvenil, Viladônega foi vice-campeão carioca da categoria em 1958. No ano seguinte foi medalha de prata nos jogos Pan-Americanos de Chicago. Em 1961 conquistou o título brasileiro de amadores pelo selecionado carioca.
Residindo nos alojamentos do clube, Viladônega já brilhava pelos Aspirantes quando recebeu suas primeiras oportunidades no time principal em 1960, momento em que o “Cruzmaltino” era orientado pelo técnico argentino Nélson Ernesto Filpo Nuñez.
- “Muita gente imaginava que Viladônega fosse um estrangeiro, provavelmente por imaginar alguma ligação de parentesco com o atacante uruguaio Villadoniga, que passou por São Januário entre 1938 e 1942. (Fonte: Revista do Esporte número 196 – 8 de dezembro de 1962).
Para que o leitor possa fazer uma ideia do espaço de tempo que separa Villadoniga de Viladônega, basta lembrar que o uruguaio deixou o Vasco no mesmo ano em que o baiano chegou ao mundo!
Conhecido pelos companheiros como “Viga”, Viladônega sonhava em ser zagueiro, mas no Vasco da Gama foi utilizado em várias posições. Jogou de lateral-esquerdo, meia-direita e também como centroavante e ponta de lança.
Evoluindo rapidamente, seu futebol ganhou importância dentro do esquema adotado pelo treinador Paulo Amaral, ao aproveitar o bom entendimento entre Viladônega e o gaúcho Saulzinho.
O nascimento da dupla fez parte de uma reportagem especial publicada na Revista do Esporte número 150, edição de 20 de janeiro de 1962, com o seguinte título: “Saulzinho e Viladônega provam que os baixinhos podem brigar até com os zagueiros grandalhões”.
Na mesma reportagem também ficou evidente o clima de preocupação entre os torcedores, pois nenhum dos dois, jogando pelo meio, era dono de um físico capaz de suportar os trancos em divididas.
Abaixo, uma das participações de Viladônega pelo Vasco da Gama na disputa do competitivo Torneio Rio-São Paulo, temporada de 1963. O quadro carioca venceu pela contagem mínima:
17 de março de 1963 – Torneio Rio-São Paulo - São Paulo 0x1 Vasco da Gama – Estádio do Pacaembu – São Paulo (SP) – Árbitro: Armando Marques - Gol: Saulzinho.
São Paulo: Glauco; Deleu e De Sordi; Leal (Sérgio), Dias e Riberto; Nondas (Dati), Prado, Baiano (Sabino), Cido e Canhoteiro. Técnico: Oswaldo Brandão. Vasco da Gama: Humberto Torgado; Joel, Brito, Barbosinha (Fontana) e Dario; Écio (Maranhão) e Lorico; Sabará, Saulzinho, Célio, (Viladônega) e Ronaldo. Técnico: Jorge Vieira.
Fora dos gramados, Viladônega gostava de desenhar e carregava uma fama de bom pintor, tanto que depois do futebol viveu de sua arte com os pincéis, principalmente quando morou em Itapetinga (BA).
Mas, o Vasco daqueles tempos não conquistou títulos de representatividade, talvez o fator determinante para sua transferência para o Clube Atlético Mineiro (MG) no findar do primeiro semestre de 1963.
Inicialmente na condição de empréstimo, Viladônega firmou compromisso com o “Galo” para receber um salário de 90 mil Cruzeiros mensais. (Fonte: Revista do Esporte número 224 – 22 de junho de 1963.
Pelo Atlético, Viladônega conquistou o título mineiro de 1963 e marcou 40 gols em um total de 95 partidas disputadas. (*) Os números de Viladônega pelo Atlético apresentam variações nos registros consultados.
Deixou o Atlético Mineiro no findar do primeiro semestre de 1966, sendo que algumas fontes apontam que Viladônega ainda jogou por um tempo no URT (União Recreativa dos Trabalhadores) de Patos de Minas (MG).
Desiludido com o futebol, Viladônega nunca pensou em seguir no mundo da bola trabalhando no papel de treinador, embora tenha recebido propostas de equipes de Itapetinga (BA) e região.
Contando com 80 anos de idade, Viladônega de Souza Rodrigues faleceu em 2 de agosto de 2022, no município de Itapetinga (BA), onde era muito popular em razão de seu trabalho como artista plástico.
Créditos de imagens e informações para a criação do texto: revista Placar (por Arthur Ferreira), revista do Esporte (por Milton Salles, Tarlis Batista, Valter Lessa e Wilson Ângelo), revista Grandes Clubes Brasileiros, Jornal do Brasil, Jornal dos Sports, campeoesdofutebol.com.br, galopedib.blogspot.com, kikedabola.blogspot.com, netvasco.com.br, site do Milton Neves (por Raphael Cavaco), vasco.com.br.
Viladônega… sonhava em ser zagueiro
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