02 abril, 2025

Revista Zum

 

VENENOSAS, NOCIVAS E SUSPEITAS por Giselle Beiguelman & Lucia Santaella

Valendo-se da IA para imaginar e criar retratos de mulheres botânicas dos séculos 18 e 19, a artista e pesquisadora Giselle Beiguelman mergulhou numa pesquisa histórica e estética para criar a exposição Venenosas, nocivas e suspeitas, em cartaz na Fiesp, em São Paulo.

Em ensaio escrito para a ZUM, a pesquisadora e professora Lucia Santaella destaca que a obra de Beiguelman “está baseada em uma cuidadosa e paciente pesquisa histórica, cujo parti pris encontra-se no feminino. Trata-se do resgate político do apagamento e pressão do esquecimento a que a figura da mulher foi relegada no passado.”

A CERIMÔNIA SECRETA por Lourdes Grobet & Beatriz Novaro

A mexicana Lourdes Grobet fotografou as pessoas e a cultura da luta livre, um dos espetáculos mais populares do seu país.

Em texto publicado na edição impressa da revista ZUM #23 em 2022, e agora aberto no site, a escritora Beatriz Novaro destaca que a fotografia de Grobet “mostra sempre algo além. Ela mesma diz que não faz fotos, mas cria imagens. É uma rebelde nata e uma brincalhona.”

RETRATOS DE UM APAGAMENTO por Renata Voss & Lucas Veloso

Nascida em Maceió, a fotógrafa, publicitária e professora Renata Voss decidiu investigar artisticamente o desaparecimento dos bairros de Bebedouro, Mutange, Bom Parto, Farol e Pinheiro em sua cidade natal. A tragédia é fruto do maior crime ambiental já registrado em uma área urbana no país, causado pela extração de sal-gema pela empresa Braskem. Cerca de 60 mil pessoas foram atingidas.

No projeto Sumir do mapa, Voss usa mapas virtuais, registros históricos e inteligência artificial para reconstruir o que já não pode ser acessado fisicamente, e, em alguns casos, nem online. O jornalista Lucas Veloso conversou com a artista sobre esta série: “Meu trabalho parte do documental para, muitas vezes, dar uma volta e fabular sobre o tema. A escolha das imagens e suas materialidades ajudam a construir essa relação entre o que se lembra, o que se imagina e como projetamos o futuro desses lugares”.

ARQUIVO ZUM
O lugar de cada um - Em matéria da ZUM #14 a fotógrafa holandesa Dana Lixenberg conversa com o sul-africano Pieter Hugo sobre o projeto Imperial Courts, um dos mais antigos conjuntos habitacionais de Los Angeles (EUA) e local de batalhas de gangues nos anos 1990. “Eu me liguei à comunidade de um jeito que não me liguei a outros projetos. Foram 22 anos da minha vida. Eles me viram envelhecer, me viram engordar e comentavam: 'Querida, você está cheinha. Eu me lembro de quando você era magricela'. Acho isso muito bonito. Muita coisa aconteceu.” 

“Depois de 2013, o que mudou, de fato, nas imagens do Brasil?” - Em ensaio, a jornalista Fabiana Moraes relembra os acontecimentos das manifestações de junho de 2013, destacando a disputa de narrativas entre a nova mídia alternativa e os tradicionais veículos de comunicação televisiva que eclodiu naquele momento. “Surge uma miríade de câmeras gopro, carrinhos de supermercado, capacetes, notebooks e telefones celulares." [Foto: Mídia Ninja, 2013]

Arquitetura do desejo - O fotógrafo cearense Régis Amora descobriu, andando pelas ruas do centro de Fortaleza, que um perímetro específico da região concentrava cinemas de filmes eróticos LGBTs. Muitos deles eram antigas residências, casas da década de 30 e 40, transformadas em espaços de convivência LGBTs e majoritariamente visitados por homens-cis gays. “As cidades foram construídas majoritariamente por homens brancos, hétero-cis, e até o estatuto da humanidade nos é roubado." 
 
RECOMENDAÇÕES 

O site Literary Hub publicou um ensaio sobre The Sleepers (Os Adormecidos), projeto da artista francesa Sophie Calle realizado em 1979 e agora lançado como livro de artista. Neste projeto, Calle convida uma série de pessoas para dormir em sua cama enquanto ela fotografa a experiência e propõe algumas questões aos convidados. “Enquanto o texto do livro tem um viés quase de relatório sociológico, as fotografias contam uma história íntima. Elas capturam os lençóis amarrotados e as posições contorcidas do sono.”

Los Angeles Review of Books resenha os livros The Use of Photography (O uso da fotografia), de Annie Ernaux e Marc Marie, e Suzanne and Louise (Suzana e Louise), de Hervé Guibert. O texto avalia como essas obras conectam a fotografia a temas como o amor, a mortalidade e a memória. Ernaux e Marie fotografam resquícios de seus momentos íntimos, refletindo sobre a impermanência da vida; enquanto Guibert documenta a vida de suas tias, misturando momentos encenados e espontâneos.

The New York Review of Books publicou ensaio sobre o fotógrafo ucraniano Boris Mikhailov e a exposição Refracted Times, em cartaz em Nova York. Ainda em atividade aos 86 anos, Mikhailov tem dedicado sua carreira a revelar o cotidiano de seu país natal nas últimas décadas. “Ele não se autodenominava artista — ganhava a vida como fotógrafo técnico — mas em 1971 ele e outros sete fotógrafos com ideias semelhantes estabeleceram um coletivo underground chamado Vremya (Tempo), que mais tarde evoluiu para a Escola de Kharkiv.”

O jornal The Japan Times entrevistou o diretor Mark Gill sobre o seu filme Ravens (Corvos), a cinebiografia do fotógrafo japonês Masahisa Fukase, que foi lançado no final de março (ainda no Japão). Fukase é reconhecido mundialmente por suas fotos em preto e branco da cena psicodélica de Shinjuku dos anos 1960, retratos amorosos e obsessivos de sua ex-esposa, Yoko Wanibe, e fotos emocionantes dos corvos em sua cidade natal, Hokkaido.

INSCRIÇÕES ABERTAS

Serendipity Arles Grant 2025 – até 18 de abril
Center for Photographic Art Grants – até 18 de abril
National Geographic Society: Freshwater Storytelling– até 22 de abril
Luis Ferreira Alves Photography Award 2025 Open Call – até 25 de abril
Annual Photography Awards 2025 – até 8 de junho