(Foto: Guilherme Leporace)
Cúpula Sul Brasil 2025 Resiliência foi a palavra de ordem desta edição do South Summit Brazil 2025. O evento, que teve início na quarta-feira (9/4) e se encerra nesta sexta-feira (11/4), está em sua quarta edição no país e regressou para Porto Alegre (RS) quase um ano após as enchentes que afetaram cerca de 30% da cidade e impactaram 45 mil negócios da capital gaúcha, segundo a Prefeitura.
A conferência acontece no Cais Mauá, à beira do Guaíba, local que foi duramente impactado pela cheia das águas e retratado em imagens quando estava completamente submerso. O assunto foi tema de diversas palestras acompanhadas por PEGN: os painelistas tomaram um tempo antes das apresentações para elogiar a força do povo gaúcho.
Neste ano, para fugir do forte calor que marcou a edição anterior, realizada em março de 2024, o evento foi postergado para o início de abril. A organização também instalou ares-condicionados potentes nos galpões onde acontecem os painéis, que abordaram temas como inteligência artificial, resiliência climática e oportunidades de investimento de venture capital no Brasil, entre outros. O South Summit Brazil estima que 24 mil pessoas tenham participado desta edição.
PEGN desembarcou em Porto Alegre para acompanhar o evento e traz alguns destaques do South Summit Brazil 2025:
Apoio ao empreendedor
Donos de negócios que foram afetados pelas enchentes tiveram uma programação especial no South Summit Brazil 2025. A iniciativa Impulsa RS, lançada durante o evento, contou com um Balcão de Apoio ao Empreendedor, com suporte por meio de acesso a crédito, financiamento, mentoria especializada e capacitação executiva. O espaço também teve palestras de temas como gestão, finanças, marketing e inovação.
Inteligência artificial
Como tem sido praxe nos últimos dois anos, a IA também pautou muitas das conversas realizadas nesta edição do evento. Alex Szapiro, do SoftBank, foi um que abordou o assunto. Segundo o investidor, a IA não é uma onda, mas um tsunami. “É a revolução industrial da inteligência”, declarou.
Ele diz que a tecnologia trará um avanço em frentes em que a América Latina costuma estar mais atrasada, como infraestrutura, educação e saúde, o que abrirá oportunidades de investimentos. “Não haverá diferença se você estiver no Brasil ou na África, as ferramentas estarão disponíveis para todo mundo”, afirmou.
Além do uso da IA para ganho de eficiência por startups, a tecnologia também está sendo testada pelos fundos para facilitar o dia a dia da operação. Fernando da Silva, da Crescera Capital, revelou que a gestora está trabalhando no uso de agentes para a camada inicial de análise de deal flow, treinando-os com os dados da própria instituição. “Existe uma capacidade de analisar e fazer correlações entre informações que humanos não conseguem fazer”, declarou. Segundo ele, o objetivo final é trazer esse agente para dentro do comitê de investimentos e fazer questionamentos aos fundadores, lado a lado com os investidores humanos.
Já Gabriel Alves, da Headline, pontuou que a IA já está sendo utilizada para cometer fraudes, como a criação de dados falsos pelo ChatGPT para tentar mostrar resultados enganosos aos investidores. “Quem fizer a diligência vai encontrar um novo tipo de dificuldade a partir de agora”, comentou.
Tarifaço
As últimas notícias envolvendo as tarifas impostas pelo governo de Donald Trump a países como China, Japão e Brasil também repercutiram no South Summit Brazil 2025, seja no palco ou nas conversas de bastidores.
Para Pedro Sorrentino, da gestora Atman, o momento se soma a vários outros acontecimentos macroeconômicos que impactam o mercado de capital de risco, como a inflação e as altas taxas de juros. “O dinheiro ficou mais caro, a festa acabou, houve uma mudança na forma como olhamos os investimentos”, pontuou.
Ainda assim, ele afirma que é um bom momento para empreender: “Nunca tivemos tanta oportunidade de ter empresas que valem tanto tão rápido [por causa da IA], estamos na era da alavancagem infinita”, afirmou.
Frederico Wiesel, da Spectra Investments, destacou que o venture capital é uma classe de ativos que prevê retornos longos, após cerca de 10 anos e, portanto, ações pontuais não deveriam impactar tanto o mercado. “O que aconteceu há duas semanas não deveria mudar a minha visão sobre a classe nos próximos anos. O mundo é bastante cíclico e temos que buscar empresas que aguentem as mudanças, resilientes para superar os vales”, opinou.
Leandro Pereira, da KPTL, acredita que é pouco provável que as condições anunciadas (e depois suspensas) recentemente se mantenham. “A longo prazo, acho que terá menos impacto do que a gente imagina no fluxo de capital. A leitura que temos é que é um jogo de xadrez geopolítico para mexer com questões menos relevantes [para o venture capital]”, afirmou.
Dicas de empreendedorismo
Os palcos do South Summit Brazil 2025 também receberam painéis em que investidores e empreendedores deram dicas de boas práticas para pessoas fundadoras de startups. A importância de construir um bom time foi um dos tópicos abordados. Juliana Binatti, do unicórnio Pismo, relembrou a ocasião em que ter uma equipe de fundadores com skills complementares e em sincronia ajudou a mudar os rumos da fintech.
Brian Requarth, cofundador do Viva Real e da Latitud, contou que superou os “invernos” como empreendedor ao criar uma comunidade com outros fundadores, na qual podiam compartilhar as dores da jornada.
Em outra conversa, com Carol Strobel (Antler), Gabriel Alves (Headline) e Fernando da Silva (Crescera Capital), os investidores apontaram algumas características que mostram que os fundadores são fora da curva e merecem um destaque especial – além dos sinais de alerta.
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