Nesta semana, chegaram ao mercado dois fundos de investimento conservadores com uma novidade: a possibilidade de saque 24 horas, sete dias por semana. Um deles foi lançado pelo Banco Inter. O outro, pelas corretoras XP e Rico (uma das marcas da XP).
A ideia é oferecer ao cliente uma opção de investimento segura, que possa ser sacada a qualquer momento. Ou seja, competir com a tradicional caderneta de poupança.
Como funciona?
Muitas pessoas têm conta em fintechs digitais, como Pagbank, C6 Bank, Nu Bank, Inter, Picpay, etc, porque são práticas. A arquiteta Dora Antoniolli, de Curitiba, por exemplo, tem conta em um banco digital e outra em um tradicional. "Gosto de ter dinheiro nos dois bancos. O digital é para as coisas do dia a dia, porque é prático. A conta no banco comum, tradicional, em mantenho para poder ter algum dinheiro para emergência guardado na poupança, rendendo um pouquinho. Mas se precisar, posso sacar a qualquer hora", diz ela.
Os novos fundos 24x7 miram esse consumidor. O do Banco Inter - o Inter Resgate 24h - mistura o rendimento de fundos de investimento de renda fixa, com títulos públicos pós-fixados. O valor mínimo para investimento é de R$ 100.
Funciona como um fundo de renda fixa comum. A diferença é a facilidade de saque. Não tem aquela coisa de o dinheiro ser liberado apenas 24 horas ou cinco dias depois da ordem de resgate requerida pelo cliente
Daniel Castro, presidente da Inter Asset
Fintechs não têm caderneta de poupança. Essa é uma exclusividade dos bancos que têm agências físicas, explica Marcelo Godke, sócio do Godke Advogados e especialista em direito bancário. As fintechs já tinham fundos de CDB com saque diário. "Agora, como esses novos fundos, elas criaram mais uma ferramenta para enfrentar os bancões", diz o advogado.
A ideia é fazer com que o cliente use a fintech como instituição financeira principal. Focando em pessoas como a arquiteta Dora, que usa dois bancos. No Inter, por exemplo, dos 36 milhões de clientes, só 7 milhões têm investimentos com a empresa. Agora, segundo Monica Saccarelli, diretora de investimentos do Inter, esse número deve crescer. "O cliente se acostumou com a rapidez do pix e ele quer isso para seus investimentos também", afirma ela.
Como funcionam?
Na Rico/XP, o produto é o Fundo 24 Horas. O investimento mínimo é de R$ 1 mil, e, assim como no Inter, o saque pode ser feito fora do horário comercial e aos finais de semana."Ter um recurso disponível para emergências é essencial para qualquer investidor", explica Gerson Fini, diretor-executivo da Rico. O fundo investe majoritariamente em títulos públicos federais e ativos de baixo risco.
O rendimento tende a seguir de perto o CDI, para os dois fundos. Ou seja, eles seguem a taxa Selic, que atualmente está em 13,25% ao ano e deve subir para 14,25% na próxima reunião do Copom (Comitê de Política Monetária) do Banco Central, nos dias 18 e 19 de março de 2025.
No entanto, como qualquer fundo, existe a cobrança de IOF (Imposto sobre Operações Financeiras) sobre os rendimentos. Também há o come-cotas semestral (antecipação da cobrança do imposto de renda) sobre o rendimento que varia de 22% a 15% do rendimento, conforme a data do saque (quanto mais para frente, menor a taxa). As instituições cobram também taxa de administração. No Inter, a taxa máxima de administração é de 0,50% ao ano. Na Rico e na XP, de 0,40% ao ano.
Vale a pena?
Para um investimento de curto prazo e reserva de emergência, vale sim. É o que diz Otávio Paranhos, analista e proprietário da Okegen, consultoria de investimentos. "Para deixar o dinheiro por mais tempo, há outros fundos com rendimentos melhores, embora o saque não seja instantâneo", diz ele.