Com a notícia de que o “homem-bomba de Brasília" não foi o único a planejar a morte de Xandão, ficou praticamente impossível defender a ideia de que ele era um lobo solitário do golpismo.
Dia após dia, está mais clara a existência de um movimento antidemocrático com apoio e raízes institucionais profundas, que agora ganhou um novo fôlego de esperança com a eleição de Donald Trump.
Caso você não saiba do que estamos falando, em menos de uma semana o Brasil foi chacoalhado por dois acontecimentos: um novo ataque terrorista ao STF que culminou no suicídio do bolsonarista conhecido como "Tio França”, e a prisão de quatro militares de alta patente e de alta confiança durante o governo Bolsonaro, suspeitos de tramar uma operação em 2022 na qual matariam o presidente recentemente eleito Lula, o vice Geraldo Alckmin e o ministro do STF Alexandre de Moraes.
As razões pelas quais os militares e parceiros políticos do ex-presidente inelegível conspirariam para tomar a presidência são óbvias: poder. Mas o que leva pessoas como os presos do 8 de janeiro e Tio França a tentar derrubar as instituições democráticas do próprio país, utilizando-se de medidas tão extremas?
É isso que explica nossa repórter Laís Martins em sua mais recente matéria publicada aqui no Intercept Brasil, onde ela e especialistas revelam as engrenagens que movem a fábrica de terroristas da extrema direita brasileira.
A trajetória dessas pessoas comuns até a radicalização começa nas redes sociais, com as teorias conspiratórias mirabolantes importadas dos EUA e ganha mais força com a normalização e legitimação de discursos extremistas pela grande mídia tradicional e pelas big techs.
Esse casamento dos grandes veículos de comunicação com a extrema direita é uma estratégia de negócio lucrativa — para eles.
Quem perde somos nós, as pessoas que sofrem as consequências de um cenário político cada dia mais caótico. Não podemos permitir que o golpismo continue ganhando força ao nosso redor.
Por isso, é essencial fortalecer o jornalismo independente nestes próximos meses, que serão cruciais para a responsabilização legal dos golpistas e para a definição do pano de fundo em que as eleições de 2026 vão acontecer.