08 julho, 2024

Valfrido… o espanador de lua Por Tardes de Pacaembu

 

Criado pelo lendário locutor Waldir Amaral, o apelido “Espanador da Lua” caiu como uma luva para o espigado atacante Valfrido, embora algumas vertentes apontem que sua enorme facilidade para cabecear foi o verdadeiro motivo do aparecimento da referida alcunha.

O pernambucano entrou para os livros de história do Vasco da Gama ao marcar o gol que deu o título carioca de 1970 por antecipação, colocando assim um ponto final no longo jejum que já durava doze anos.

Entretanto, na súmula do jogo, registrada pelo árbitro José Aldo Pereira, o gol (contra) foi creditado ao zagueiro do Botafogo Moisés Matias de Andrade. Abaixo, os registros do épico confronto que decidiu o título carioca de 1970:

17 de setembro de 1970 – Campeonato carioca – Segundo turno - Botafogo 1x2 Vasco da Gama – Estádio do Maracanã (RJ) - Árbitro: José Aldo Pereira - Gols: Gilson Nunes e Moisés (contra) para o Vasco da Gama; Ferretti para o Botafogo.

Vasco da Gama: Élcio; Fidélis, Moacir, Renê e Eberval; Alcir e Buglê; Luís Carlos (Ademir), Valfrido, Silva e Gilson Nunes. Técnico: Tim. Botafogo: Ubirajara; Moreira, Moisés, Leônidas e Valtencir (Botinha); Nei e Careca; Zequinha, Nilson (Ferretti), Jairzinho e Paulo Cesar. Técnico: Zagallo.

Valfrido e Adílson, mais dois pernambucanos de sucesso no Vasco da Gama. Crédito: revista do Esporte número 459.
Formação do Vasco da Gama em 1969 no Estádio do Maracanã. Partindo da esquerda, em pé: Andrada, Orlando, Moacir, Buglê, Eberval e Fidélis. Agachados: Nei, Bianchini, Valfrido, Alcir e Acelino. Crédito: revista do Esporte número 548 – 1969.

Valfrido Campos Filho, ou ainda Walfrido, conforme encontrado em algumas publicações, nasceu no dia 17 de dezembro de 1947, em Recife (PE). Nada foi encontrado sobre sua infância ou juventude, embora fique evidente que sua estatura foi um fator determinante para vencer no mundo da bola!   

De acordo com reportagem publicada nas páginas da Revista Grandes Clubes Brasileiros, Valfrido iniciou sua caminhada esportiva em meados de 1963, nas fileiras amadoras de uma agremiação chamada do Arraial F.C de Pernambuco.

Em 1965 foi encaminhado ao quadro juvenil do Sport Club do Recife (PE), onde rapidamente conquistou seu espaço e muito reconhecimento, o suficiente para ser pretendido por algumas equipes do eixo Rio-São Paulo.

Contratado pelo Club de Regatas Vasco da Gama (RJ) no findar de 1966, Valfrido demorou um pouco para adaptar-se na Cidade Maravilhosa. Só foi lançado no time principal no segundo semestre de 1967, pelo conterrâneo Ademir Marques de Menezes.

Além do marcante Ademir Marques de Menezes, Valfrido foi mais uma das felizes investidas vascaínas no celeiro pernambucano, como foi o caso de Vavá, dos irmãos Almir e Adílson Albuquerque e de Juninho Pernambucano.

Dentro da baliza, Valfrido enche o pé de alegria depois que Buglê encobriu o goleiro Jairo em cobrança de falta. O jogo entre Fluminense e Vasco terminou empatado em 1x1 pelo primeiro turno do campeonato carioca de 1970. Foto de Fernando Pimentel. Crédito: revista Placar número 19 – 24 de julho de 1970.
Em visita nos bastidores da TV, Valfrido (direita) aparece ao lado dos cantores Carlos José (centro) e Evaldo Gouveia, ao violão (esquerda). Crédito: revista do Esporte número 588 – 27 de novembro de 1970.

Na temporada de 1968, Valfrido começou como uma mera opção no banco de suplentes do técnico Paulinho de Almeida, que naquele início do certame carioca escalava seu composto ofensivo com Nado ou Adilson, Nei, Bianchini e Silvinho.

Mas, o sempre batalhador Valfrido aproveitou bem suas oportunidades e logo foi transformado em um dos destaques do Vasco da Gama na disputa do competitivo Torneio Roberto Gomes Pedrosa, o popular “Robertão”.

Com 11 gols marcados no Torneio Roberto Gomes Pedrosa, o nome de Valfrido ganhou importância, tanto que sua convocação para servir o escrete já era esperada, ainda que não tenha entrado em campo com o manto amarelinho.

Depois da conquista do campeonato carioca de 1970, Valfrido passou por uma fase de instabilidade e foi emprestado pelo Vasco ao Santa Cruz Futebol Clube (PE) para disputar o campeonato brasileiro de 1971.

Voltou para São Januário em 1972, mesmo ano em que foi negociado em definitivo com o America Football Club (RJ). No findar de 1974, seu próximo destino foi o Paysandu Sport Club (PA), onde conquistou o título paraense de 1976.

Cromo carimbado de Valfrido na página do Vasco da Gama. Crédito: Álbum de figurinhas Craques do Robertão.
O perfil de Valfrido foi publicado na edição especial do Vasco da Gama, campeão carioca de 1970. Crédito: revista Grandes Clubes Brasileiros.

Posteriormente firmou compromisso em várias equipes do futebol nacional. Passou pelo Estrela do Norte Futebol Clube (ES), Esporte Clube Noroeste de Bauru (SP), Esporte Clube Ypiranga (BA) e o Fluminense Atlético Clube de Nova Friburgo (RJ).

Como um verdadeiro andarilho, Valfrido iniciou sua etapa internacional em 1980. Passou pelo Toluca do México e pelo Vera Cruz, também do México. Em seguida rumou para o futebol venezuelano, onde fez muito sucesso!

Jogou pelo Club Deportivo Portugués Fútbol Club (Venezuela) Portuguesa de Acarigua (Venezuela), Unión Local Andina Fútbol Club (Venezuela) e finalmente o Estudiantes de Mérida Fútbol Club (Venezuela), sua última equipe.

Ainda no futebol, Valfrido trabalhou no comando das categorias de base do mesmo Vasco da Gama, onde sempre foi lembrado pela coletividade vascaína como um verdadeiro símbolo do título carioca de 1970.

Internado com um quadro de pneumonia, Valfrido Campos Filho não resistiu e faleceu na madrugada de quarta feira de 5 de fevereiro de 2020, no Hospital Souza Aguiar, Zona Central do Rio de Janeiro (RJ). 

Aos 13 minutos da segunda etapa, Valfrido marca o segundo gol do Vasco na vitória por 2x1 sobre o Botafogo. A bola ainda resvala em Moisés (de braços abertos) e vai para o fundo das redes do goleiro Ubirajara. Era o gol do título carioca de 1970. Crédito: revista Grandes Clubes Brasileiros.
O Vasco da Gama campeão carioca de 1970. Partindo da esquerda, em pé: Andrada, Alcir, Renê, Moacir, Eberval, Fidélis e Tim (técnico). Agachados: O massagista Pai Santana, Luiz Carlos, Ferreira, Buglê, Silva, Valfrido e Gílson Nunes. Crédito: revista Super Vasco (Editora Americana).

Créditos de imagens e informações para a criação do texto: revista Placar (por Fernando Pimentel, Moacir Cunha e Teixeira Heizer), revista do Esporte, revista Grandes Clubes Brasileiros (Rio Gráfica e Editora S.A), revista Manchete Esportiva, revista Super Vasco (Editora Americana), Jornal dos Sports, campeoesdofutebol.com.br, netvasco.com.br (por Mauro Prais), site do Milton Neves.


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