24 julho, 2024

Exame

 

Elisa Lispector, nascida Leah Pinkhasovna Lispector, foi uma escritora brasileira. Autora de linha introspectiva, buscava exprimir, através de seus textos, as agruras e antinomias do ser. Wikipédia
Nascimento: 24 de julho de 1911, Savran, Ucrânia
Falecimento: 6 de janeiro de 1989, Rio de Janeiro, Rio de Janeiro

julho 2024

A IMPORTÂNCIA DE SER SÉRIO

Quando, em 2020, apresentámos a Girl Talk, lembro-me de que passámos muito - demasiado - tempo a explicar que o trocadilho com o nome era proposital, mas nem o editorial do diretor da EXAME, na época, foi capaz de aplacar os comentários mais fleumáticos. Houve discussões no Twitter e até nos nossos eventos, e a cada episódio nós tínhamos a certeza de que tínhamos escolhido o nome certo: estava na hora de fazer com que a "conversa de miúdas" deixasse de ter o tom pejorativo que sempre lhe dão. Até porque como dizia, com a graça que lhe é característica, Conceição Zagalo durante uma das Girl Talk, "nós sabemos de falar de Economia, cozinha, Gestão, ponto cruz, Recursos Humanos, verniz das unhas e isso é ótimo". E não é para todos. Nem para todas. 

Depois de quase quatro anos, a Girl Talk já trouxe para as páginas e eventos da EXAME quase 100 mulheres que se destacam nas suas áreas de atividade, e viu nascer projetos entre elas simplesmente porque as juntou na mesma sala. Muitas delas ganharam prémios, lugares de comentário televisivo regular, espaço público que, queremos acreditar, foram possíveis também porque passaram por aqui, porque lhes foi dado o palco que já mereciam, por si. Muitas delas inspiraram tantas outras, e esperamos que continuem a inspirar de cada vez que uma menina abra as páginas da EXAME e veja economistas, comunicadoras, gestoras, governantes, juristas ou marketeers a ter o merecido reconhecimento e espaço públicos. 

Pela primeira vez em 34 anos, a EXAME fechou o ano de 2023 com paridade de género nas capas publicadas. E, de repente, parece que está tudo feito.

Só que depois olhamos para os dados do Fórum Económico Mundial e temos um pequeno sobressalto. É que se as estimativas continuam a assegurar que acabar com o fosso salarial entre homens e mulheres provocaria uma subida de 20% no PIB mundial, a mesma organização dá conta de que a paridade salarial só deverá chegar daqui a ...134 anos! São CINCO gerações. As mulheres representam 50% dos postos de trabalho nos níveis de entrada, mas ocupam apenas 25% dos lugares de liderança e, apesar de estarem a conseguir destacar-se significativamente em áreas tecnológicas, por exemplo, continuam a não conseguir quebrar o teto de vidro. 

Algo de que falamos há anos. Há décadas!

Portanto, vamos ser sérios: se tudo é uma questão de dinheiro, que se perceba de uma vez por todas que um mundo mais igualitário, que dá as mesmas oportunidades a homens e mulheres, é também um mundo mais rico. Não sou eu quem diz, é o Fórum Económico Mundial.

Se nada disto é sobre dinheiro, sejamos sérios na mesma: é absurdo que em 2024 tenhamos de continuar a ter esta discussão. 

Empresas e gestores: a diversidade compensa - vão olhar para o grau de rentabilidade das cotadas do S&P 500 que têm adminstrações mais diversas e vejam por vós. Mulheres deste mundo: arriquem mais, candidatem-se mais e apareçam mais! Sabiam que os homens, por norma, se candidatam a uma posição mesmo que cumpram apenas cerca de 30% dos critérios exigidos? E que as mulheres só o fazem se cumprirem 90% ou mais? Não tenham medo.

Não tenhamos medo.

 

É este o desafio que vos deixo antes das férias de Verão, e na já costumeira pausa que esta rubrica faz para um merecido descanso. Regressaremos com mais mulheres incríveis depois do verão.

 

Até lá!

 

 

O LUXO JÁ NÃO É O QUE ERA? 

Noruega, Dubai, Portugal ou EUA. Joana Chambel já viveu em vários países e trabalhou para diversas geografias nos cargos que ocupou em empresas das áreas da beleza ou do retalho. Consultora de marketing, é uma das raras profissionais a trabalhar em Portugal com uma tão vasta carreira internacional, e aceitou o desafio da EXAME de, à boleia do novo Volvo XC60 Híbrido Plug-in, tentar responder às questões que temos sobre o luxo. Um estudo da consultora Bain & Company dava conta de que o mercado global do luxo teria chegado aos €1,5 biliões (isso mesmo, com 12 zeros), em 2023, e nunca como agora vimos tanta consolidação no setor. Sucedem-se as marcas que se apresentam como sendo de luxo, e consumidores que, rejuvenescidos, marcam o ritmo e ditam as tendências. Mas, afinal, o que é o luxo?

 

A conversa, que sobretudo em tempo de calor é mesmo como as cerejas, está disponível para ouvir na íntegra nas plataformas de podcast e para ser vista no site da EXAME.

Mariana Cabral

Nasceu nos Açores e tudo indicava que seria tenista. Não fosse querer jogar futebol, para desespero dos pais. Mariana Cabral afirma ter sido uma "péssima jogadora", mas a motivação e o trabalho valeram-lhe passagens pelo Clube União Micaelense, o Odivelas, o Clube de Futebol de Benfica e o 1.º de Dezembro. Enquanto era jornalista no Expresso, começou a treinar equipas infantis e júniores, e em 2018 foi escolhida para liderar a Equipa B Do Sporting, que comandou entre 2018 e 2021. É, desde então, a treinadora da equipa principal de Futebol Feminino do Sporting, que já levou à conquista de uma Supertaça e uma Taça de Portugal. Foi, também, presença regular a comentar os jogos deste Europeu de Futebol masculino, e uma lufada de ar fresco nos painéis televisivos.

Francisca van Zeller

Formou-se em História mas é na comunicação que se tem destacado, sobretudo desde que se dedicou à empresa da família, a Van Zeller's & Co, cuja história remonta ao início do século XVIII. A família, oriunda dos Países Baixos, desde então que se dedica à produção, comercialização e educação no que aos vinhos diz respeito. Filha do conhecido produtor Cristiano van Zeller, Francisca saiu rapidamente da sombra do pai para adotar um estilo muito próprio e garantir um merecido lugar no mundo dos vinhos. Tem a rara capacidade de conseguir ler rapidamente o público a quem se dirige, e é impossível sair de uma sala onde Francisca tenha estado a fazer uma apresentação ou a guiar uma prova sem ter aprendido algo. É um dos rostos mais queridos e consensuais da enofilia nacional.

Lharka Sherpa 

Em 2003, tornou-se na primeira mulher a escalar o Evereste três vezes. Em 2024, Lharka soma já 10 subidas à montanha mais alta do mundo, em cujo sopé nasceu "numa gruta", num dia que não sabe qual é, do ano de 1973. 

A nepalesa, que foi vítima de violência doméstica, e que alterna a sua carreira de montanhista com a de empregada doméstica, tem uma história tão inspiradora que deu azo a uma série documental na Netflix. Depois de ter conseguido escapar ao casamento que a levou a viver nos EUA, Lharka continua a viver naquele país, mas sempre que pode volta ao Evereste. Sempre o Evereste.

E também quer subir aos pontos mais elevados de cada um dos 50 estados norte-americanos com as filhas, para lhes mostrar o poder regenerador das montanhas.

Hilary Evans-Newton

A CEO da Alzheimer’s Research UK (ARUK) transformou uma Organização Não-Governamental britânica pequenina na maior ONG dedicada à investigação em Alzheimer na Europa. Com cerca de 60 milhões de libras de orçamento, Hilary conseguiu também que a ARUK seja um importante ator mundial no que à luta contra as demências diz respeito. Entrou na ARUK como responsável de Comunicação e, juntamente com outros dois executivos, foi-lhe pedido que pensasse na estratégia que podia levar a instituição, então com cerca de 10 milhões de libras de orçamento, a crescer. Em 10 anos, a CEO fez aumentar não apenas a importância e visibilidade da organização, como a família com a qual faz questão de passar praticamente todos os serões.

Um (outro) Género de Conversa 

Depois do sucesso que foi "Um Género de Conversa", Paula Cosme Pinto e Patrícia Reis regressam agora - em parceria com a Rádio Comercial - com uma espécie de sequela do podcast que arrecadou uma série de distinções logo após ter sido lançado. São conversas sem tabus sobre as dúvidas, os receios e a nova masculinidade a que os homens são chamados no atual contexto. O primeiro convidado foi Nuno Markl, e a temporada promete ser tão relevante quanto as anteriores.

Mountain Queen

A série documental retrata a vida de Lharka Sherpa, de que lhe falei acima, e conta como a mulher, hoje com 50 anos, enfrentou a família - que não a queria como guia de montanhismo - e depois o ex-marido (que a maltratava) para continuar a escalar o Evereste, o lugar onde quer sempre voltar e no qual pensa todos os dias em que lá não está. Estreia no final deste mês na Netflix.

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