22 dezembro, 2019

Padre defende quadro do Porta dos Fundos e explica diferença entre blasfêmia e sátira

SVO: O padre que Sabe Rir e blasfêmia é o que o pastoreco fez com o no$$o.....

O padre Francys Silvestrini Adão. Reprodução: Facebook

O QUE DEVE SER CANCELADO?

EIS A QUESTÃO
Algumas considerações sobre a polêmica do momento: cancelar ou não cancelar a assinatura da Netflix por causa do “Especial de Natal” produzido pelo grupo Porta dos Fundos.
1. Blasfêmia e sátira estão em dois campos de sentido diferentes. A blasfêmia é uma possibilidade de desvio dentro da comunidade de fé. A sátira é uma linguagem e um recurso crítico do campo das artes, de tipo humorístico.
2. Quando, por diversas razões, os humoristas tentam entrar no campo religioso, é importante distinguir o “alvo” que querem atingir. O “alvo” da blasfêmia é Deus. O “alvo” da sátira é a imagem de Deus projetada publicamente por aqueles que dizem crer nEle. Os que se utilizam da sátira falam sobre nós, nossas crenças, nossas práticas; não sobre Deus.
3. A sátira se constrói com caricaturas: às vezes, exagerando traços que vão na linha da crença comum, para fazer enxergar o que não se vê; às vezes, construindo imagens chocantes, para provocar criticamente a crença comum.
4. Um grupo de humor não tem, em si mesmo, compromisso com o Jesus dos Evangelhos. As igrejas cristãs, essas sim, deveriam sempre ter. Num momento em que uma figura de Jesus domina a cena pública, com implicações políticas para toda a população, essa “figura” (que, como qualquer interpretação, nunca será idêntica a Jesus) pode se tornar alvo de todos os sujeitos de uma sociedade.

5. Ninguém precisa gostar de um grupo de humor (este, pessoalmente falando, não é o estilo que aprecio). Mas este desconforto e revolta que vários cristãos estão sentindo podem ser um alerta: a sátira, talvez, nos coloque diante do verdadeiro risco de blasfêmia que estamos correndo (nós, que cremos). Não esqueçamos: nas Escrituras, Deus transmitiu sua mensagem até mesmo pela boca de uma mula!
6. Ocasião, então, para um exame de consciência: a imagem de Jesus que temos projetado publicamente (em palavras e em gestos) é, realmente, aquela que nos transmitem os Evangelhos? Trata-se dAquele que, encarnando-se na periferia da periferia daquele tempo, veio trazer Vida em abundância para todos? Somos reflexo do Jesus que – para anunciar a vitória da graça sobre as infidelidades de todos nós – preferiu caminhar e conversar com pecadores, prostitutas, pobres e doentes, ao invés de convencer sacerdotes do Templo, mestres da Lei e fariseus?
7. Será que a caricatura satírica, para muitos desagradável, deste controverso “Especial de Natal” não seria uma ocasião favorável para examinarmos a possível caricatura blasfemadora que muitos de nós, crentes, estamos projetando no espaço público de nosso país? Declaramos guerra a um “mundo perdido”, sem considerarmos nossa sempre necessária e contínua conversão à Santidade de Deus, que deseja que nenhum de Seus filhos se perca?
8. Neste tempo de Advento, façamos nosso próprio “Especial de Natal”, agradável a Deus, Pai de Nosso Senhor Jesus Cristo: cancelemos todas as falsas imagens de Jesus que estamos consumindo e divulgando. Abracemos, de modo definitivo, o Jesus dos Evangelhos, o Cordeiro manso e humilde de Deus, o Anunciador incansável da Misericórdia do Pai, o Único que é uma Boa Notícia para nós e para todos.
PS.: Não estou jogando com teorias… Se não ficou claro, que fique agora: há, no mínimo, silêncio nosso diante dos feminicídios, invasões e assassinatos em terras indígenas e quilombolas, precarização do direito dos idosos, truculência com pessoas pobres que não cometeram crime (inclusive crianças!)… Segundo a mais sólida doutrina cristã, essas pessoas são “imagem de Deus”. O risco de blasfêmia ao qual faço alusão é absolutizar símbolos (ainda que importantes) e relativizar vidas (sempre insubstituíveis). Seria o contrário do que fez Nosso Senhor Jesus Cristo.






Especial do Porta dos Fundos com Jesus Gay não pode ser censurado, decide juíza

Na decisão, a juíza Adriana Sucena Monteiro Jara Moura afirmou que "o Judiciário só pode proibir a publicação, circulação e exibição de manifestações artísticas quando houver a prática de ilícito, incitação à violência, discriminação e violação de direitos humanos nos chamados discursos de ódio"

Por Sérgio Rodas, do Conjur – Por não enxergar violação à liberdade de crença e incitação ao ódio, a 16ª Vara Cível do Rio de Janeiro negou, nesta quinta-feira (19/12), pedido de liminar para tirar do ar o "Especial de Natal Porta dos Fundos: a primeira tentação de Cristo", disponível no Netflix.

A ação foi movida pela Associação Centro Dom Bosco de Fé e Cultura. De acordo com a entidade, na produção, “Jesus é retratado como um homossexual pueril, Maria como uma adúltera desbocada e José como um idiota traído”.
Segundo a instituição, o filme viola a liberdade religiosa e a dignidade da pessoa humana.
A promotora Barbara Salomão Spier enviou um despacho para a 16ª Vara Cível do Rio em que defende a censura da produção do Porta dos Fundos.

No texto, a promotora afirma que “o que é sagrado para um, pode não ser sagrado para o outro, e o respeito deve, portanto, imperar”.
Segundo ela, “fazer troça aos fundamentos da fé cristã, tão cara a grande parte da população brasileira, às vésperas de uma das principais datas do cristianismo, não se sustenta ao argumento da liberdade de expressão”.
Spier também alega que seu posicionamento não pode ser enquadrado como censura, mas de “evitar o abuso do direito de liberdade de expressão através do deboche, do escárnio”.
Na decisão, a juíza Adriana Sucena Monteiro Jara Moura afirmou que "o Judiciário só pode proibir a publicação, circulação e exibição de manifestações artísticas quando houver a prática de ilícito, incitação à violência, discriminação e violação de direitos humanos nos chamados discursos de ódio".
"E o 'Especial de Natal Porta dos Fundos: a primeira tentação de Cristo' não tem nada disso", apontou, ressaltando que a obra não fere a liberdade religiosa.

“Ao assistir ao filme podemos achar que o mesmo não tem graça, que se vale de humor de mau gosto, utilizando-se de expressões grosseiras relacionadas a símbolos religiosos. O propósito de muitas cenas e termos chulos podem ser questionados e considerados desnecessários, mesmo dentro do contexto artístico criado com a paródia satírica religiosa. Contudo, há que se ressaltar que o juiz não é crítico de arte e, conforme já restou assente em nossa jurisprudência, não cabe ao Judiciário julgar a qualidade do humor, da sátira, posto que matéria estranha às suas atribuições”, avaliou a juíza, ressaltando que, como o filme está no Netflix, só assiste a ele quem quiser.
Clique aqui para ler a decisão


Duvivier ironiza Renato Aragão: "não pode rir de religião, só de preto, viado e pobre"

“Sou fã do Renato. Cresci rindo com os trapalhões. Mas lembro que ele brincava bastante com as religiões de matriz africana. Aí pode? Renato vem de uma época em que era natural fazer chacota com Orixá, mas impensável fazer com Jesus. O Porta dos Fundos é democrático e tenta rir de tudo. Já que tudo é sagrado pra alguém e nada é sagrado pra gente”, disse Gregório Duvivier

247 -  O ator, escritor e humorista Gregório Duvivier rebateu a declração de Renato Aragão para criticar o Especial de Natal do Porta dos Fundos disse que não se pode fazer sátiras sobre a fé.
"Não precisa usar religião para fazer humor", disse Aragão.
Nas redes sociais, Duvivier afirmou: "Não pode rir de religião, só de preto, viado e pobre".
Em entrevista à Revista Forum, Duvivier afirmou que é fã do Renato Aragão e que cresceu rindo com os trapalhões, inclusive das piadas feitas com as religiões de matriz africana. 
"Mas lembro que ele brincava bastante com as religiões de matriz africana. Aí pode? Renato vem de uma época em que era natural fazer chacota com Orixá, mas impensável fazer com Jesus. O Porta dos Fundos é democrático e tenta rir de tudo. Já que tudo é sagrado pra alguém e nada é sagrado pra gente”, disse Gregório à Forum.