Uma grande notícia para a ciência brasileira: o país tem um cientista no seleto grupo Planetary Guardians, Guardiões Planetários, em português. A escolha do climatologista Carlos Nobre foi anunciada no dia 24 de maio de 2024 em São Paulo, com a presença do criador do grupo, o bilionário britânico Richard Branson.
Os “Guardiões Planetários” são cientistas e ativistas socioambientais que trabalham para impulsionar a ação climática e a proteção das populações mais vulneráveis à mudança do clima. Nobre é o 1º brasileiro a fazer parte do coletivo, que também conta com nomes como os ex-presidentes da Irlanda, Mary Robinson, e da Colômbia, Juan Manuel Santos, a primatologista inglesa, Jane Goodall, e o cientista sueco, Johan Röckstrom.
“É muito importante que a comunidade científica global, a população, as sociedades e os governos reconheçam que o Brasil tem avançado na sua ciência ambiental e climática. Imagino que eu fui indicado e aprovado para o Planetary Guardians pelo fato de ter dedicado mais de 40 anos da minha carreira científica à Amazônia”, disse Nobre à Folha.
Quem também passou a integrar o grupo foi a diplomata Christiana Figueres no Planetary Guardians. Ex-secretária-executiva da Convenção-Quadro da ONU sobre Mudança do Clima (UNFCCC) e uma das lideranças mais importantes na negociação do Acordo de Paris, concluído na COP21 em 2015.
Durante os anúncios dos novos membros, os discursos reforçaram a urgência da crise climática e a importância da liderança política no Brasil nos próximos anos, como presidente do G20 em 2024 e anfitrião da COP30 em 2025 em Belém (PA), para a comunidade internacional avançar nessa agenda.
“No G20, precisamos de decisões que reformem o sistema financeiro internacional. Sabemos que precisamos de um volume de recursos enorme, mas também sabemos que estes recursos devem ser distribuídos de maneira justa. Para chegarmos ao consenso, a palavra justiça é essencial”, disse Juan Manuel Santos.
Já o climatologista Johan Röckstrom lembrou o desastre das chuvas no Rio Grande do Sul para destacar como a crise climática está impactando as comunidades ao redor do mundo. “Hoje, não se trata mais de meio ambiente. Trata-se de segurança, de saúde, de dignidade. A competitividade das economias segue um caminho insustentável rumo a um beco sem saída. A transformação é necessária, mas também é possível”, afirmou.
Entrevistado pela Folha, Röckstrom observou como a estridência dos movimentos negacionistas da crise climática pode indicar que a mensagem da ciência sobre a gravidade do problema do clima está chegando a mais pessoas. “Alguns colegas argumentam, e eu tendo a concordar com eles, que a estridência desses movimentos é um sinal de que nós estamos vencendo. Eles são, no fundo, um ato de desespero dos interesses que ainda sustentam a indústria de combustíveis fósseis”, disse o climatologista sueco.
Com informações ClimaInfo
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