A Abras (Associação Brasileira de Supermercados) faz um levantamento mensal sobre o consumo nos lares brasileiros. Quando observa somente os preços da cesta dos alimentos básicos, composta por 12 produtos, houve alta de 14,22%, passando de R$ 302,24 em dezembro de 2023 para R$ 345,23 em dezembro de 2024, na média nacional.
Na análise por região, a maior alta veio do Sudeste (+17,05%), seguido por Centro-Oeste (+15,76%), Nordeste (+12,15%), Sul (+12,04%) e Norte (+9,94%).
As maiores altas no ano foram registradas nos cortes dianteiros de bovinos (+25,25%), café torrado e moído (+39,60%), óleo de soja (+29,22%), leite longa vida (+18,83%), arroz (+8,24%). Já as quedas foram puxadas por cebola (-35,31%), tomate (-25,87%), batata (-12,54%), feijão (-8,58%) e ovos (-4,53%).
Os números indicam o factual do Brasil: carne, café e soja são commodities intensamente exportadas e, como atendem em grandes volumes o mercado externo, o consumidor interno acaba pagando mais caro. Também existe o fato de que esses produtos passam por processos de industrialização, diferente dos hortifrútis que ficaram mais baratos e são consumidos, majoritariamente, in natura.
Também é interessante reparar no monitoramento recente da Abras sobre a cesta de vegetais, cujos dados começaram a ser levantados em dezembro. Do mês passado para cá, a variação no preço de frutas, verduras e legumes foi de -1,03%. Onde ficou mais caro é onde existe a concentração de agricultura intensiva: Centro-Oeste (+5,38%).
As variedades de hortifrúti avaliadas consideram 14 alimentos, entre eles, banana prata, laranja pera, mamão papaia, tomate, batata inglesa, alface crespa, couve e repolho. Em 30 dias, a cesta desses 14 alimentos passou de R$ 74,76 para R$ 78,78, considerando o consumo para uma família de quatro pessoas.
Os números acompanhados de análise geográfica dão o diagnóstico já conhecido da pauta de segurança alimentar. O avanço da monocultura e da agropecuária em escala industrial diminui a quantidade de terras para frutas, verduras e legumes, por isso, o preço tende a subir.
Vale dizer, ainda, que o Centro-Oeste também concentra os municípios mais ricos do agronegócio, de acordo com lista do Ministério da Agricultura e Pecuária, "onde o rico cada vez fica mais rico" e o pobre tende a ficar com fome.