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Fernanda alerta: “Se os crimes da ditadura não forem punidos, os ‘fantasmas’ voltam”
Por Jamil Chade Fernanda Torres e Walter Salles insistem: se os crimes da ditadura não forem julgados e punidos, "os fantasmas" voltam. As declarações foram dadas na estreia do filme Ainda Estou Aqui, em Nova York. Num teatro completamente lotado, a atriz respondeu a perguntas ao final da exibição, nesta segunda-feira. O filme entra em cartaz nos EUA a partir da próxima sexta-feira. Na semana passada, Fernanda Torres foi a vencedora do Globo de Ouro e aguarda ainda para saber se será uma das indicadas para o Oscar. Falando a um público estrangeiro, Fernanda Torres explicou que "o problema no Brasil é que a ditadura durou 21 anos, e quando eles - os militares - decidiram que era para terminar, eles estavam no comando". Ela fez uma comparação com a Argentina, que terminou seu regime militar com o colapso dos militares diante da guerra das Malvinas. "Na Argentina, a sociedade civil foi capaz de processar os autores dos crimes. Mas não no Brasil. Houve uma parte mais extremista dos militares que não queria que acontecesse. E as mesmas pessoas são as que tentaram fazer um golpe de estado agora", alertou. "No Brasil, houve um acordo. Nós perdoamos e vocês esquecem o que correu. Mas o fantasma ressurge de novo", lamentou a atriz. Para ela, é "muito impressionante" que o Supremo Tribunal Federal tenha citado o filme em uma decisão para reabrir o debate sobre a lei de anistia. A ideia é de que, se um corpo desaparece, ele não pode fazer parte da anistia. "Estamos começando a discutir isso", disse a atriz. O filme de Walter Salles e que relata a história de Eunice Paiva foi citado pelo ministro Flavio Dino como um dos argumentos para propor uma reavaliação da lei de Anistia, de 1979, diante de crimes como o do desaparecimento forçado de Rubens Paiva. Walter Salles fez questão de ser enfático. "Estamos ao lado de Eunice. Os crimes da ditadura precisam ser julgados e punidos. Como ocorreu na Argentina e Chile", disse.Continua após a publicidade "E é por isso que golpes continuam. Se eles tivessem sido julgados, não haveria uma outra tentação de faze-los", completou. Para Fernanda, é "incrível" que os envolvidos na tentativa de golpe durante o bolsonarismo sejam os mesmos que ainda existiam no regime militar. FILME NÃO É SOBRE PASSADO A atriz acredita que se o filme tivesse sido concluído há quatro anos, durante o governo de Jair Bolsonaro, ele poderia não ter saído. "Tivemos uma janela", afirmou. "Há uma mágica nesse filme. Acho que teria sido impossível lançar esse filme há quatro anos", disse Fernanda Torres. "Foi possível por existir essa janela e o sentimento de que a democracia poderia ser salva", afirmou. Para ela, o filme criou "empatia pelos seres humanos". "Talvez esse filme ajude no futuro, para o próximo momento de nossa democracia", afirmou. Fernanda ainda relatou a cena na qual Eunice exige que seus filhos sorriam diante de uma foto que iria para uma revista. "Ela descobriu que, ao não fazer isso, a ditadura teria vencido. Ela usou sorriso como arma. E uma forma de dizer que não está quebrada", disse. "Hoje, todos odeiam todos. Eunice nos ensina que, para ser gentil com o sorriso, é muito mais que lutar com agressividade", completou. Segundo Walter, à medida que o país caminhava para a extrema direita, houve um entendimento de que havia um "sentimento de urgência" no filme. "Não era sobre nosso passado e isso nos deu muito foco", disse. "Isso tudo nos deu uma compreensão de quem nós éramos, naquele momento da história, mas quem somos hoje", explicou. |
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Folha de S.Paulo - 15/01/2025 | |||||
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Estado de Minas - 15/01/2025 | |||||
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