O jornalista Paulo Motoryn, nosso editor e repórter em Brasília, está recebendo incessantes ameaças de morte e violência física desde a última quinta-feira, 13.
“Vamos arrancar sua cabeça”, “tu vai implorar pela anistia” e “merece um banho bem dado com água sanitária” são apenas algumas das mensagens e postagens odiosas, que incluíram o vazamento de suas informações pessoais, além de menções a membros da sua família.
Motoryn virou alvo após ter publicado uma reportagem investigativa aqui no Intercept. Nela, mostramos que Josiel Gomes de Macedo — condenado a 16 anos de prisão por tentativa de golpe de Estado e por incendiar uma viatura em 8 de janeiro — vive tranquilo após quebrar sua tornozeleira e fugir para a Argentina.
A reportagem despertou a ira de uma rede coordenada de defensores dos golpistas, composta por emissoras de rádio, televisão, personalidades e políticos famosos da extrema direita. Foi justamente uma publicação de Eduardo Bolsonaro que fez a onda de ataques tomar uma proporção assustadora.
Além dele, outras figuras públicas destilaram xingamentos, como “Judas” e “rato”, e incitaram o ódio de seus seguidores ao dizer, por exemplo, que Motoryn “desperta instintos primitivos”.
O próprio Josiel, sentido-se protegido pelo guarda-chuva do golpismo, também fez ameaças ao repórter em uma live: “Todo mundo agora, a partir de agora, está de olho em você. Já sabe quem é você. Já sabe o que você fez. E também vão atrás de você. Você pode ter certeza disso".
Para “vítimas inocentes” e “reféns inofensivos”, não é curioso como esses foragidos e seus apoiadores apelam para violência tão rapidamente quando desmascarados?
Essa reação só prova o ponto principal da reportagem: não lidamos apenas com extremistas isolados, mas sim com uma organização política poderosa, adoradora de torturadores e da ditadura, que se protege a qualquer custo — e que está disposta a cometer mais crimes para calar qualquer um que se levante contra ela.
Nós, mais uma vez, seguiremos com o nosso jornalismo, mostrando como essa rede ameaça a liberdade e a segurança de todos. Mas esse é o tipo de trabalho que não pode, nem deve, ser jogado nas costas de um só repórter ou redação. É preciso ser feito por várias mãos!
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