Seis anos, sete meses e 17 dias. Esse foi o tempo que a Justiça levou para condenar os ex-PMs Ronnie Lessa a 78 anos e 9 meses de prisão e Élcio Queiroz a 59 anos e 8 meses pelo assassinato da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes, um crime que chocou o Brasil. “A Justiça por vezes é lenta, é cega, é burra, é injusta, é errada, é torta, mas ela chega”, afirmou a juíza Lúcia Glioche ao ler a sentença no 4º Tribunal do Júri do Rio de Janeiro. Lessa, autor dos disparos, e Queiroz, que dirigiu o carro usado no atentado em 14 de março de 2018, foram condenados por unanimidade por duplo homicídio triplamente qualificado, tentativa de homicídio contra Fernanda Chaves, assessora de Marielle que sobreviveu, e receptação do veículo usado no crime. Como os ex-PMs assinaram acordos de delação premiada, que possibilitaram o avanço das investigações, Lessa ficará preso por, no máximo, 18 anos em regime fechado e dois no semiaberto, já Queiroz ficará encarcerado por até 12 anos, a contar de 12 de março de 2019, quando foram presos. Se a delação for anulada, será aplicada a pena definida no julgamento. (g1) Os parentes de Marielle e Anderson acompanharam os dois dias de julgamento. Diante do anúncio das sentenças, não contiveram a emoção. Os pais dela, Marinete e Antônio, a filha Luyara, e as viúvas da vereadora e de Anderson, Mônica Benício e Ágatha Reis, aplaudiram e se abraçaram. “As pessoas precisam parar de normalizar os corpos que caem nesse país”, disse a ministra da Igualdade Racial Anielle Franco, irmã de Marielle. (Folha) Falta acertar as contas com quem ordenou o crime. Chiquinho e Domingos Brazão são apontados como mandantes; o ex-chefe da Polícia Civil Rivaldo Barbosa seria o mentor; o ex-PM Robson Calixto teria ajudado a dar sumiço na arma usada; e o major Ronald Paulo Alves Pereira teria monitorado a rotina da parlamentar. Devido ao foro privilegiado do deputado federal Chiquinho Brazão, o caso está no Supremo Tribunal Federal. As audiências de instrução terminaram na terça-feira. Agora, as partes podem pedir diligências. Depois, a Corte ouvirá as alegações finais. (Globo) Matheus Leitão: “É sem dúvida um marco para o país. Durante anos, com a ação conivente do crime organizado infiltrado na máquina do Estado do Rio, tentou-se de toda forma impedir a elucidação do caso. Réus confessos, Lessa e Queiroz são apenas a ponta de uma história que ainda tem perguntas sem respostas. Se não há uma justiça perfeita, a condenação de ambos, pelo menos, é uma demonstração de que existe uma justiça possível”. (Veja)
Com o objetivo de combater o avanço do crime organizado, o presidente Lula apresentou a governadores, no Palácio do Planalto, as ideias principais da PEC da Segurança Pública. Entre os pontos previstos no projeto, que será enviado ao Congresso, a União assume a competência de definir diretrizes da política de segurança pública, incluindo o sistema penitenciário. Além disso, pretende-se incluir na Constituição o Sistema Público de Segurança Pública (SUSP), ampliar as atribuições da Polícia Federal e criar uma nova polícia que faça patrulhamento ostensivo em ferrovias e hidrovias. Também está prevista a integração dos sistemas de segurança. (g1) No encontro, Lula defendeu um pacto federativo entre os Poderes. “A gente vê, de vez em quando, falar do Comando Vermelho, do PCC. E eles estão em quase todos os estados, disputando eleições e elegendo vereadores. E, quem sabe, indicando pessoas para utilizar cargos importantes nas instituições brasileiras”, afirmou. O ministro da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Lewandowski, ressaltou que o texto não altera a competência dos estados e que as diretrizes serão elaboradas com os governadores. (Folha) Parte deles criticou a PEC. “O problema meu não é o do Piauí, que não é o do Amazonas. Nós temos problemas regionais muito mais relevantes”, queixou-se o governador Cláudio Castro (PL-RJ). As reclamações foram acompanhadas por Ronaldo Caiado (União-GO), que declarou: “Não vou botar câmera em policial meu”. Já o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), considerou a iniciativa “bem-vinda” e disse que a PEC não é um “produto pronto”, pois o presidente convocou os governadores para ouvi-los. (UOL e CNN Brasil) Meio em vídeo. A necessidade de participação maior da União no combate a uma criminalidade cada vez mais profissional foi o tema do Central Meio, nosso programa diário de notícias e análises. Assista de segunda a sexta, às 12h45. (YouTube)
Temendo que a possível eleição de Hugo Motta (Republicanos-PB) à presidência da Câmara acabe deixando o partido sem espaço na Mesa Diretora, o União Brasil desistiu de lançar o antes favorito Elmar Nascimento (BA) como candidato. Uma delegação da legenda vai negociar o apoio à candidatura de Motta. Nascimento afirmou que já começou perdendo. “Perdi um amigo que considerava que era meu melhor amigo”, disse o baiano, líder de sua sigla na Câmara, referindo-se a Arthur Lira (PP-AL), que desistiu de apoiá-lo em favor de Motta. (g1) Aniversário do Meio. Foram 22 edições de sábado que abrimos a todos os assinantes durante o mês de outubro para celebrar nossos oito anos. Esperamos que tenham aproveitado esse conjunto de textos superespeciais que quem assina o Meio Premium tem acesso. Para fechar esse ciclo, a última Edição de Sábado liberada traz um texto do repórter Fabio Victor sobre a relação do governo com os militares após a tentativa de golpe do 8 de janeiro, não por acaso chamada por ele de Intentona Bolsonarista.
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