19 novembro, 2024

Canal do Meio

 

Brasil consegue manter taxação de bilionários no G20

Em uma vitória da diplomacia brasileira e do governo Lula, o primeiro dia da cúpula de chefes de Estado do G20, no Rio de Janeiro, terminou com a aprovação de uma declaração final consensual. Após semanas de negociação, o texto finalizado na madrugada de domingo foi aceito com poucas mudanças. Havia divergências em relação à taxação de grandes fortunas e a abordagem das guerras na Ucrânia e no Oriente Médio, por exemplo. A saída, nesse caso, foi citar os conflitos e a crise humanitária sem condenar Israel e Rússia. “Destacamos o sofrimento humano e os impactos negativos adicionais da guerra no que diz respeito à segurança alimentar e energética global, às cadeias de abastecimento, à estabilidade macrofinanceira, à inflação e ao crescimento”, diz o texto final, que também defende cessar-fogo em Gaza pela “situação humanitária catastrófica” e a necessidade urgente de expandir o fluxo de ajuda humanitária. (Estadão)

Embora tenha resistido em diversos pontos, a delegação argentina cedeu e decidiu apoiar o documento. Mas o presidente Javier Milei deixou claro que discorda de trechos sobre taxação de grandes fortunas, desenvolvimento sustentável e igualdade de gênero. Ele também disse ser contra as partes que citam a luta contra a desinformação no ambiente virtual, os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU e a luta pela igualdade de gênero. (Folha)

A Argentina também voltou atrás ao aderir à Aliança Global contra a Fome e a Pobreza, principal bandeira da presidência brasileira no G20, lançada ontem pelo presidente Lula. No total, há 148 adesões, sendo 82 países, 24 organizações internacionais, nove instituições financeiras internacionais, 31 organizações filantrópicas e também a União Europeia e a União Africana. A expectativa é que novas adesões ocorram nos próximos dias. A Aliança terá US$ 25 bilhões em empréstimos a baixo custo do Banco Interamericano de Desenvolvimento, e outros US$ 100 bilhões foram anunciados em contribuições voluntárias. (Globo)

Na abertura da cúpula, Lula enfatizou o agravamento de crises globais, com aumento de guerras, extremos climáticos, fome e pobreza. “Estive na primeira reunião de líderes do G20, convocada em Washington no contexto da crise financeira de 2008. Dezesseis anos depois, constato com tristeza que o mundo está pior”, disse. Lula criticou o gasto mundial de US$ 2,4 trilhões em armamentos no ano passado, quando existiam 733 milhões de pessoas subnutridas no mundo, segundo dados da ONU para 2023. (BBC Brasil)

Lula também aproveitou a ocasião para criticar indiretamente o governo de Jair Bolsonaro ao citar que o Brasil voltou ao mapa da fome das Nações Unidas na gestão passada e afirmou que vai tirar o país dessa condição até 2026. O presidente disse que o retorno do país ao mapa se deu “em um contexto de desarticulação do Estado de bem-estar social”. (UOL)

E a chamada “foto de família” dos chefes de Estado e de governo foi tirada com o Pão de Açúcar ao fundo. Mas o presidente Joe Biden e os primeiros-ministros do Canadá, Justin Trudeau, e da Itália, Georgia Meloni, chegaram atrasados e ficaram fora do clique. Por essas ausências, uma nova tentativa deve ser feita hoje. (Globo)

Por falar em foto... Os registros de Lula recebendo os líderes internacionais foram marcados por sorrisos e descontração. Já as imagens dele com Milei mostram frieza e formalidade. (g1)

Eliane Cantanhêde: “Depois de vários escorregões na política externa e apesar do voluntarismo juvenil da primeira-dama Janja, a cúpula do G20 e a criação da Aliança Global contra a Fome e a Pobreza estão sendo um grande momento e uma vitória do Brasil, portanto, do governo e de Lula. Talvez Lula tenha finalmente compreendido que deixar a diplomacia agir e ser responsável nos discursos é mais produtivo para ele e os interesses nacionais do que falar demais, de improviso e de forma arrogante em temas que dividem o mundo”. (Estadão)

Miriam Leitão: “A presidência do Brasil no G20 veio construindo consensos e avanços concretos durante o ano todo. Mesmo assim, o dia de ontem foi intenso. A crise provocada pelo ataque russo à Ucrânia levou o G7 a pedir a reabertura da declaração conjunta, já fechada, e o Brasil resistiu. A Argentina criou problemas em vários pontos que já estavam acordados e não queria fazer parte da Aliança contra a Fome. Depois, recuou. Quando Lula declarou que estava lançando a Aliança Global contra a Fome e a Pobreza, era o final de um processo de muita negociação e que, ao fim, teve um nível de adesão surpreendente. A soma de todos os avanços consolida o sucesso da presidência do Brasil no G20”. (Globo)

Meio em vídeo. Mestre em Relações Internacionais, Tanguy Bagdadi, fundador do podcast Petit Journal, é o convidado de hoje do Central MeioAo vivo, às 12h45. Não perca. (YouTube)


O Kremlin acusou o governo de Joe Biden de querer escalar o conflito na Ucrânia, permitindo que Kiev use mísseis de longo alcance para ataques dentro da Rússia, prometendo uma resposta “apropriada e palpável”. “É claro que a administração que está de saída em Washington pretende tomar medidas para continuar a colocar lenha na fogueira e inflamar ainda mais as tensões em torno deste conflito”, disse o porta-voz de Vladimir Putin, Dmitry Peskov. “Esta decisão é imprudente, perigosa, visando a uma mudança qualitativa, um aumento qualitativo no nível de envolvimento dos EUA.” (Guardian)

E os países nórdicos já estão se preparando para um ataque russo. A Suécia iniciou ontem a distribuição de um folheto com orientações à população sobre sistemas de alerta, como procurar abrigo durante um ataque aéreo, além de segurança psicológica e digital. Os cidadãos da Noruega também receberam panfletos semelhantes de “preparação para emergências”. A Finlândia também lançou um folheto digital para preparar os cidadãos para “incidentes e crises”. (Politico)


O plenário do Senado concluiu a votação do projeto de lei que define novas regras para o uso das emendas parlamentares. O texto-base já tinha sido aprovado na quarta-feira passada, mas ainda faltavam os destaques. Entre os pontos votados ontem, a possibilidade de bloqueio das emendas, incluída a pedido do governo, foi rejeitada por 47 votos a 14. Assim, a Casa manteve o texto aprovado pela Câmara dos Deputados que prevê apenas a possibilidade de contingenciamento, o que, na visão do Executivo, descumpre o acordo firmado no Supremo Tribunal Federal. Além disso, as emendas de bancada aumentaram de oito para dez e foi derrubada a destinação de 50% das emendas de comissão para a saúde. (Folha)

Confira o que foi aprovado. (UOL)

Viver

Dados apresentados pelo Ministério da Educação mostram que quatro em cada dez redes públicas de ensino no país não consideram os efeitos do racismo no desempenho dos estudantes. É a primeira vez que a pasta monitora a implementação de políticas criadas a partir de 2003 para uma educação antirracista. O levantamento aponta que as instituições possuem normativas para o aprendizado, mas poucas têm ações para ajudar os professores a aplicá-las no currículo escolar. (Folha)

E a Faculdade de Direito da PUC-SP criou uma comissão para avaliar a possibilidade de expulsão dos alunos filmados proferindo insultos preconceituosos contra estudantes da USP durante os Jogos Jurídicos Estaduais, em Americana (SP), no último sábado. Dois estudantes de direito da PUC foram demitidos de seus estágios após aparecerem no vídeo que viralizou nas redes sociais. (Folha)


Segundo país com maior extensão de manguezais do mundo, o Brasil ainda não possui muitas áreas de restauração ativa desse ecossistema, que tem papel fundamental na absorção do dióxido de carbono, segundo uma pesquisa coordenada pelo Serviço Florestal dos Estados Unidos. Mais de 80% dos manguezais estão em unidades de conservação como parques e reservas, mas a legislação não tem protegido os mangues de agressões como poluição e urbanização. (Globo)


Para ler com calma. Outras espécies produzem lágrimas, mas a nossa é a única que chora não apenas para lubrificar e proteger os globos oculares, como também para expressar emoções. Lágrimas emocionais continuam sendo um enigma para a ciência, mas algum progresso foi feito para nos ajudar a entender do que são feitas, por que as criamos e por que produzi-las pode fazer bem. Resultado de um processo evolutivo, elas têm como função ser um meio de sobrevivência, podendo alertar a quem está próximo sobre uma situação que está causando sofrimento sem barulho, que chamaria a atenção de possíveis predadores. (New York Times)


Panelinha no Meio . Deu vontade de tomar um cafezinho ou um chá, mas quer um acompanhamento que eleve a experiência? Prove os amaretti , biscoitinhos de amêndoas feitos com a autêntica receita italiana.


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Cultura

Representante brasileiro no Oscar 2025, na categoria de melhor filme internacional, Ainda Estou Aqui superou a marca de 1 milhão de espectadores no país após 11 dias em cartaz. Segundo a Sony Pictures, o público do segundo final de semana foi 31% maior que o do anterior, quando estreou no circuito nacional. No primeiro fim de semana, 350 mil pessoas assistiram em 610 salas de 189 cidades. O filme ganhou fôlego com o feriado, levando 146 mil pessoas ao cinema apenas na sexta-feira, segundo dados do Filme B. (Globo)


A Apple TV+ liberou o desenvolvimento de Cape Fear, série que terá produção executiva de Martin Scorsese, Steven Spielberg e Javier Bardem, que também será um dos astros. Criada e escrita por Nick Antosca, a história é baseada no romance de John D. MacDonald, The Executioners, que inspirou o filme homônimo de 1962 dirigido por J. Lee Thompson a partir de storyboards criados pelo diretor original Alfred Hitchcock, além do remake de 1991 dirigido por Scorsese. Em dez episódios, a série, descrita como um suspense ao estilo Hitchcock, mostra a tempestade que se forma na vida do casal de advogados Amanda e Steve Bowden quando um assassino famoso sai da prisão. (Deadline)


Com número crescente de museus ocidentais devolvendo obras de arte e artefatos saqueados às suas nações de origem, a cidade de Benin, no Sul da Nigéria, está ganhando um novo museu que vai acabar com a ideia de que “a África não tem espaço nem capacidade para cuidar de seu patrimônio”, diz Shadreck Chirikure, professor de ciência arqueológica na Universidade de Oxford e consultor do novo equipamento. O Museu de Arte da África Ocidental (Mowaa) abrirá em maio de 2025. O prédio terá um centro de pesquisa, espaço de conservação, laboratórios de ponta e salas de exposição. (Guardian)


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Cotidiano Digital

Uma das maiores premiações do mundo dos jogos eletrônicos, o Game Awards anunciou sua lista de indicados para a edição de 2024. Astro Bot e Final Fantasy 7 Rebirth lideram o número de indicações, com sete cada, incluindo a categoria principal, de jogo do ano. Sucesso indie, Balatro também concorre ao grande prêmio, além de disputar como melhor jogo independente, direção e jogo para aparelhos móveis. A premiação acontecerá em 12 de dezembro em Los Angeles. (g1)


A Roblox começou a lançar alguns dos recursos de segurança infantil anunciados neste mês, incluindo novas limitações de comunicação para menores de 13 anos. A partir de agora, essa faixa etária não pode mais enviar mensagens diretas para outros usuários fora dos jogos ou experiências na plataforma. Eles também passam a precisar da permissão dos pais para enviar mensagens enquanto jogam. Os responsáveis vão poder gerenciar as contas dos menores remotamente, acessando informações como o tempo de tela. As atualizações ocorrem após relatórios destacarem casos em que a Roblox falhou em proteger os jovens de predadores sexuais. (The Verge)


Membros da equipe de transição de Donald Trump planejam priorizar uma nova estrutura federal para carros autônomos no Departamento de Transportes. Novas regras mais amplas para veículos sem controle humano beneficiariam diretamente o bilionário Elon Musk, CEO da Tesla e um grande investidor da campanha eleitoral de Trump. As atuais diretrizes federais impõem obstáculos para empresas que pretendem lançar automóveis sem volante ou pedais em grande escala. A companhia de Musk tenta alcançar concorrentes como Waymo, da Alphabet, que já transporta passageiros sem motoristas. (Bloomberg Línea)


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