Antes
que os fanáticos por tinta critiquem o que escreverei aqui, é
importante deixar algo bem claro: sou favorável ao grafite e não tinha
visto nenhuma ação que justificasse ser contrário. Até agora.
(Douglas Nascimento, do Blog São Paulo Antiga)
Em
uma atitude que atendeu a uma minoria articulada e desagradou grande
parte dos cidadãos Paulistanos, o Prefeito Fernando Haddad (PT)
autorizou a grafitagem nos famosos "Arcos do Jânio", um importante patrimônio histórico da cidade, em movimento que contou com a anuência (ou seria cumplicidade ?) do órgão que justamente deveria zelar por ele, o DPH - Departamento de Patrimônio Histórico.
A
prefeitura parece ter esquecido de outras artes e tem apenas olhos ao
grafite. Desde o início desta gestão diversas ações do município vem
beneficiando os grafiteiros, em detrimento de outras manifestações
artísticas que vão sofrendo esquecimento, como os painéis históricos,
monumentos e chafarizes da cidade.
As
ações da prefeitura com o grafite causam amor e ódio. Se por um lado a
cidade ganhou um interessante museu de arte urbana, a céu aberto,
na avenida Cruzeiro do Sul, por outro lado ganhou desenhos e frases
incompreensíveis por toda a extensão da avenida 23 de Maio, que faz
lembrar a Nova York decadente do final dos anos 70.
Trata-se,
do mesmo estilo que a prefeitura faz com as ciclovias na cidade: uma
forma estabanada de difundir uma nova linguagem ou comportamento para os
paulistanos. O que poderia ser positivo acaba, na verdade, sendo
polêmico e, em parte, negativo.
Enquanto
se investe no grafite como se fosse a única manifestação cultural que a
cidade é capaz de conceber, monumentos históricos paulistanos vão
apodrecendo a céu aberto, sem qualquer ação da Secretaria Municipal de
Cultura ou do DPH.
Não
se pode permitir que o grafite desrespeite o patrimônio histórico de
São Paulo. Mesmo o centro da cidade é grande o bastante para permitir a
grafitagem sem desrespeitar a nossa história. O que aconteceu nos Arcos
do Jânio foi uma afronta aos Paulistanos e mais um ato inconsequente da
atual gestão municipal.
Os
dois pesos e duas medidas ali nos arcos também são vistos nas placas
celebrativas do local. Enquanto a placa original instalada pelo Prefeito
Jânio Quadros (foto 1 abaixo) está bem deteriorada, a segunda,
instalada pela então prefeita Luiza Erundina, na época do mesmo partido
do atual prefeito, está limpa e polida (foto 2 abaixo).
SECRETARIA DA CULTURA E O ABANDONO:
Se antes quem comandava era o inoperante Juca Ferreira, que sequer conhecia a cidade e representou um atraso para São Paulo, agora
a secretaria está a cargo de uma pessoa que tem conhecimento e
competência para reverter esta situação, o vereador Nabil Bonduki (PT).
Porém,
enquanto ele não começa a colocar a cultura Paulistana em ordem, se é
que o fará, o vandalismo se espalha pelo patrimônio histórico da cidade
como uma erva daninha:
Este
monumento acima é um dos vários que estão esquecidos no Largo do
Arouche . E infelizmente sofreu um ataque e sabe-se lá quando será
reparado pela prefeitura. Alguém danificou a obra e arrancou a orelha de
um dos cães, e parte do monumento foi riscado com o que parece ter sido
uma ponta de faca.
Como
pode isso acontecer e permanecer assim ? Por todo o Arouche existem
vários monumentos danificados, faltando placas de identificação, partes
de bronze e, em uma delas, o busto por completo. A foto abaixo dá uma
noção da gravidade:
Enquanto Haddad parece só ter olhos para o grafite, a história de São Paulo vai desaparecendo diante de nossos olhos.
O
que ocorreu nos Arcos do Jânio não é uma manifestação de arte. Aquilo
foi um ato de vandalismo com a chancela do poder público, um descaso do
prefeito para com a história de uma cidade de 461 anos que ele parece
não estar a altura.