Bom dia!
As bolsas globais ensaiam uma recuperação nesta terça-feira, após um pregão caótico na abertura da semana. Trata-se de mais um movimento descolado dos fatos e mais relacionado a uma tentativa de reajustar a bússola após o caos.
Os futuros americanos avançam na faixa de 1%, mesmo patamar de ganhos registrados nos principais índices europeus. O EWZ, fundo que representa as ações brasileiras em Nova York, também se recupera.
A alta mais expressiva ocorreu na Ásia. Por lá, os índices de Tóquio ganharam mais de 6%, em uma esperança de investidores de que o Japão poderá “furar a fila” e abrir a rodada de negociações com os Estados Unidos para ao menos reduzir o impacto das tarifas de Trump sobre o comércio do país.
Trata-se de esperança mesmo, sem indicativos de que as conversas possam acontecer. Não que o presidente americano preze pela clareza na comunicação, mas ainda assim ele tem sido especialmente hábil em mandar mensagens contraditórias. E seus auxiliares têm feito o mesmo, com parte do governo dizendo que há possibilidade de negociações, enquanto outros repetem que as tarifas são definitivas.
Talvez o símbolo maior seja Benjamin Netanyahu. O premiê de Israel esteve ontem na Casa Branca e disse estar disposto a adotar medidas para reduzir o superávit comercial com os Estados Unidos, além de reduzir tarifas e barreiras não-comerciais. De acordo com uma reportagem da Bloomberg, um jornalista perguntou a Trump se isso seria o bastante para que Israel fosse poupado da guerra comercial. A Talvez não. Não esqueça que nós ajudamos muito Israel".
Também na segunda, gestores e CEOs de bancos americanos ampliaram suas críticas à guerra comercial, alertando para o risco de empurrar os Estados Unidos para uma recessão. Enquanto isso, a China disse que vai lutar até o fim, após as ameaças de nova rodada de retaliação da Casa Branca.
Em resumo: não existem novidades concretas que justifiquem o alívio no mercado financeiro, e tampouco a agenda do dia oferece qualquer esperança. Na prática, o alívio está mais para uma pausa, uma espécie de intervalo na partida de futebol, quando os técnicos refazem a estratégia para continuar no jogo. Bons negócios.