Nem bem foram assinadas, algumas das primeiras ordens executivas de Donald Trump em sua segunda passagem pela Casa Branca já enfrentam contestação na Justiça. Sob a alegação de que ele excedeu os poderes do cargo, uma coalizão de 18 estados entrou com uma ação em um tribunal de Massachusetts contra o decreto que extingue o direito automático de cidadania a quem nasce nos Estados Unidos. Juristas e acadêmicos afirmam que esse direito está previsto na Constituição e foi referendado pela Suprema Corte, não podendo ser revogado por um ato presidencial. Já a ONG Lambda Legal, que defende nos tribunais os direitos da comunidade LGBTQIA+, avalia entrar com processos contra medidas como a exigência de que o gênero biológico da pessoa conste de seus documentos de identidade. “Esses decretos seguiram uma lógica de ‘choque e pavor’”, diz o historiador político Matthew Dallek, da Universidade George Washington. “É um recado para seus críticos e eleitores de que ele vai cumprir as promessas de campanha.” (Washington Post) Trump iniciou sua “política de dois gêneros” em várias frentes. O novo governo decidiu fechar as agências e escritórios federais do DEI (sigla do amplo programa federal Diversidade, Equidade e Inclusão) e colocou todos os funcionários do programa em licença remunerada até a próxima quarta-feira, antes de serem demitidos. Trump definiu a iniciativa do governo de Joe Biden como “programa de discriminação ilegal e imoral”. (Axios) E o Brasil teve um aperitivo da diplomacia trumpista. Ao ser indagado pela repórter da TV Globo Raquel Krähenbühl, durante evento na Casa Branca, sobre como será a relação com o país e a região, o presidente americano respondeu: “Ótima. Eles precisam de nós, muito mais do que nós precisamos deles. Não precisamos deles”, disse, antes de concluir que “todos precisam de nós”. (TV Globo) Enquanto isso... Elon Musk, CEO da Tesla e da SpaceX, respondeu com ironia às acusações de ter feito uma saudação nazista durante um discurso na posse de Trump. “Francamente, eles precisam de truques sujos melhores. O ataque de ‘todo mundo é Hitler’ é tão batido”, escreveu Musk em sua rede social, X. A controvérsia surgiu após ele repetir duas vezes um gesto com semelhança alarmante com uma saudação nazista. Especialistas como a historiadora Ruth Ben-Ghiat, da Universidade de Nova York, consideraram que o movimento foi um sieg heil, o cumprimento nazista. (Globo e Veja) Meio em vídeo. As medidas de Trump e o gesto de Musk são formas de ambos manterem o controle sobre os temas em discussão, avalia o professor de Política Internacional Tanguy Bagdadi, fundador do podcast Petit Jornal, que participou do Central Meio nesta terça-feira. “Nós, que trabalhamos na imprensa e na academia, e o público em geral nunca temos a oportunidade de debater o que vem pela frente, estamos sempre falando do que já aconteceu”, diz. Para Pedro Doria, Musk confirma sua vocação para troll da Internet. E hoje o Central Meio recebe o cientista político Guilherme Casarões, da FGV EAESP. Ao vivo, às 12h45. (YouTube) Mais Meio em vídeo. As mensagens da roupa escolhida por Melania Trump para a posse do marido podem revelar muito sobre sua nova postura, sobre o que o conservadorismo americano está disposto a tolerar de autonomia das mulheres e sobre o que as mulheres estão enxergando como oportunidade nesse momento político. Confira o que diz Flávia Tavares no Cá Entre Nós. (YouTube) O sociólogo Bernardo Sorj, da Plataforma Democrática, analisa o conflito entre Israel e o Hamas, como ele se reflete no Oriente Médio, e pondera sobre a viabilidade de um cessar fogo permanente entre israelenses e palestinos, a despeito da disposição do novo governo de Donald Trump de impor uma solução ao conflito. O artigo sai às 11h no Meio Político, exclusivamente para assinantes premium. Faça hoje sua assinatura por R$ 15 e ainda tenha acesso a esse texto, ao nosso streaming e às caprichadas Edições de Sábado.
Se nos Estados Unidos os invasores do Capitólio ganharam um perdão presidencial, no Brasil os acusados de tramar um golpe de Estado após as eleições de 2022 devem ir a julgamento ainda este ano. É o que defende o ministro Gilmar Mendes, decano do Supremo Tribunal Federal (STF), onde esses processos tramitam. “Eu espero que esse processo seja julgado ainda em 2025, para que a gente talvez não tenha tumultos em 2026, quando já estaremos com o ano eleitoral começado”, disse o ministro em entrevista no YouTube. O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), seu ex-ministro da Defesa e candidato a vice Walter Braga Netto e mais 38 pessoas foram indiciados pela Polícia Federal por golpe de Estado, abolição violenta do Estado democrático de Direito e por integrar organização criminosa. (Poder360)
A proporção de brasileiros que veem o país caminhando “na direção errada” chegou a 60% em dezembro de 2024, segundo a pesquisa global What Worries The World (O que preocupa o mundo, em tradução livre), realizada pelo Instituto Ipsos em 29 países. No mesmo mês do ano anterior, esse número era de 51%, o que indica um crescimento acima da margem de erro de 3,5 pontos percentuais. Dois terços da população (65%) avaliam que a economia está “mal”, enquanto 35% veem um cenário positivo. Em dezembro de 2023, esses percentuais eram de 61% e 39%, respectivamente. A inflação, entretanto, aparece em quinto lugar como o problema mais mencionado pelos entrevistados, atrás de segurança pública, saúde, pobreza e corrupção. Apesar da piora na avaliação, o Brasil ainda está acima da média nas nações avaliadas: 63% acham que seus países vão na direção errada, contra 37% para os quais estão no caminho certo. (Globo)
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