Painel da Folha
O
vídeo com alusão ao nazismo que derrubou o secretário de Cultura,
Roberto Alvim, acentuou o racha na comunidade judaica no país. O grupo
Judeus pela Democracia pretende usar o episódio para realizar atos
contra a gestão Jair Bolsonaro. As manifestações serão atreladas a uma
data simbólica: devem ocorrer na semana de 27 de janeiro, Dia
Internacional em Memória das Vítimas do Holocausto. A ideia é reforçar a
tese de que Alvim apenas expôs a narrativa autoritária do governo.
“Qualquer
pessoa mais atenta pode perceber que sempre houve certa aproximação de
membros do governo Bolsonaro com a extrema direita e com posições
próximas ao nazismo. Alvim apenas foi mais explícito. Por isso paga o
preço. Mas não basta”, afirma Michel Gherman, colaborador do Instituto
Brasil-Israel e pesquisador do Núcleo Interdisciplinar de Estudos
Judaicos da UFRJ.
A
repercussão do caso em Israel deu força à organização dos atos no
Brasil. Veículos locais, como o diário Haaretz, noticiaram que Alvim
havia feito referências a Joseph Goebbels, e destacaram as “boas
relações” do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu com Bolsonaro.
O
episódio que levou à demissão de Alvim também alimenta a estratégia do
prefeito de SP, Bruno Covas (PSDB). Auxiliares do tucano identificam a
política cultural como uma das apostas na campanha pela reeleição, com
foco na oposição a atos do governo Bolsonaro que atinjam setores de
esquerda e artistas.