Leonardo da Vinci (1452-1519) -- ???
óleo sobre tela, 61 x 46,5 cm
O Retrato de Isabella d'Este,
atribuído a Leonardo Da Vinci, foi recuperado em Lugano, na Suíça como o
resultado de uma complexa operação conjunta envolvendo o Ministério
Público italiano em Pesaro, a Guardia di Finanza de Pesaro, e brigada de Tutela del Patrimonio Culturale
em cooperação com autoridades suíças policiais que executaram um pedido
de apreensão para a assistência judiciária internacional. A
investigação desse caso começou em agosto de 2013, quando veio ao
conhecimento de investigadores italianos que um advogado em Pesaro havia
sido contratado para vender sem alarde, a pintura, que se encontrava em
um cofre de um banco suíço, pertencente a uma família italiana. O
preço: 95 milhões de euros. O retrato pertenceria a uma coleção
particular de 400 obras, de propriedade de uma família italiana que
pediu para não ser identificado. O Retrato de Isabella d'Este
foi provavelmente comprado pelos avós dos atuais proprietários, dizem
eles que há mais de um século atrás. As suspeitas de que a pintura possa
ser um genuíno da Vinci levou à investigação científica que começou há
três anos e meio.
O retrato criou uma
celeuma internacional anterior quando o professor Carlo Pedretti da
Universidade da Califórnia, Los Angeles (UCLA), especialista na obra do
pintor renascentista Leonardo da Vinci, atribuiu o quadro ao pintor. Dr.
Pedretti reconheceu na pintura o esboço desenhado por Da Vinci por
volta de 1449-1450. O desenho a giz retrata Isabella d'Este, Marquesa de
Mântua, [Museu do Louvre, Paris]. Há, no entanto, uma grande incógnita a
respeito: historiadores de arte têm debatido desde sempre se Leonardo
de fato nunca pintou o retrato para o qual há o esboço. A resposta para o
mistério de 500 anos poderá ser solucionado com o quadro no banco
suíço.
Estima-se que
Leonardo o tenha pintado a caminho de Veneza, vindo de Mântua. No final
de 1499, quando o exército francês sitiou Milão. Leonardo da Vinci se
juntou a todos os que fugiram da cidade. Em seu caminho para Veneza, o
artista encontrou refúgio na cidade italiana de Mântua, centro político e
artístico da Lombardia. Era convidado da nobre Isabella d'Este. Além
disso, há também um esboço semelhante no Museu Ashmolean, em Oxford.
Esses são os dois únicos confirmados por serem do artista.
O esboço de Leonardo
da Vinci do renascimento nobre Isabella d'Este está no Louvre, mas os
historiadores de arte têm debatido há tempos se o mestre nunca realmente
pintou o seu assunto. A resposta para o mistério pode estar a caminho.
Cópia de época do desenho de Leonardo, Ashmolean Museum, Oxford.
O especialista na
Renascença Italiana e em Leonardo da Vinci especificamente, Dr. Martin
Kemp, professor emérito de história da arte no Trinity College, Oxford,
questionou a autenticidade da tela. Ele acredita que "não era o tipo de
tela usada por Leonardo ou qualquer um de seu ateliê.
Se a autenticação da
pintura for correta, será uma descoberta histórica. Há no mundo só
vinte-três grandes obras de arte atribuídas a Leonardo da Vinci. Sua
preferência para suporte na pintura foi sempre a madeira,
preferencialmente álamo ou papel. No entanto, independentemente da
atribuição, parece que a pintura foi exportada ilegalmente da Itália sem
o benefício de uma licença de exportação apropriada e enquanto não está
claro se a família enviou a pintura para a Suíça, para evitar roubo ou
evasão de impostos, a sua remoção viola a lei italiana.
A Itália tem regras
bem rígidas que exige que qualquer obra de arte com mais de 50 anos de
idade, feitas por um artista morto, precise de uma licença especial para
ser exportada. Isso vale para mudanças temporárias, (no caso de
empréstimos para exposições, por exemplo) bem como vendas permanentes.
Isso torna a falta de documentação sobre esta obra notável e altamente
suspeita. A lei italiana sobre o movimento de obras de arte foi aprovada
em 1939 especificamente para prevenir que obras-primas da arte antiga e
renascentista saíssem ou cruzassem as fronteiras do país.
Atribuído a Gian Cristoforo Romano (c. 1465-1512)
Terracota, [já foi policromada, mas perdeu a cor]
54 x 56 cm
Kimbell Art Museum, Fort Worth, Texas
Na Itália, o óleo de
Isabella d’Este passará por uma avaliação mais aprofundada para
determinar se o trabalho deve ou não ser confirmado, de forma
conclusiva, como tendo a autoria de Leonardo da Vinci. Se não foi, será
considerada uma obra "no estilo de". A pintura, que mede 61 x 46,5 cm,
certamente corresponde ao esboço de giz sobre papel da Marquesa de
Mântua, no Louvre.
Sabe-se
que Isabella d’Este escreveu duas cartas a Leonardo, em que solicitava
obras de arte. Mas em ambas ela pedia o retrato de Jesus Cristo. Ela era
uma colecionadora de antiguidades, uma patrona das artes, e uma das
mulheres mais elegantes e poderosas do Renascimento italiano.
Comissionou trabalhos a diversos outros pintores: Giovanni Bellini,
Rafael, Ticiano. Portanto, não seria improvável que um pedido de um
retrato também pudesse ter sido feito a Leonardo.
Datação por carbono realizada por um laboratório de espectrometria de massa na Universidade de Arizona confirmou que havia uma probabilidade de 95,4% que a obra tenha sido pintada entre 1460 e 1650. O exame de fragmentos retirados do trabalho mostrou que os pigmentos do retrato coincidem com aqueles usados por da Vinci e que a base foi preparada de acordo com a mesma receita detalhada pelo mestre.
Datação por carbono realizada por um laboratório de espectrometria de massa na Universidade de Arizona confirmou que havia uma probabilidade de 95,4% que a obra tenha sido pintada entre 1460 e 1650. O exame de fragmentos retirados do trabalho mostrou que os pigmentos do retrato coincidem com aqueles usados por da Vinci e que a base foi preparada de acordo com a mesma receita detalhada pelo mestre.
Suspeita-se
que da Vinci possa ter concluído o retrato depois de encontrar d'Este
novamente em Roma, em 1514. O retrato de colorido muito rico mostra uma
transposição fiel do esboço no Louvre. A postura da senhora retratada,
seu penteado e vestido são quase idênticos. Ela traz o sorriso
enigmático que perdura nos lábios conhecido nas obras de da Vinci, como a
Mona Lisa. A tiara dourada na cabeça de Isabella d'Este e a folha de
palmeira ela segura como um cetro são detalhes não encontrados no esboço
e podem ter sido adicionados por alunos de da Vinci.