 | Viu um carro com luz azul acesa? É sinal de que é o computador que está dirigindo | Divulgação |
| Trânsito sem motorista: por que carros do futuro terão luzes azul-turquesa |
| Eduardo Passos, colaboração para o UOL |
| Os carros 100% autônomos ainda levarão alguns anos para chegar, mas empresas e governos já trabalham para adaptar o mundo a um trânsito sem motoristas. Exemplo disso é a nova cor que, daqui em diante, estará nas luzes de um carro autônomo: o azul-turquesa. A ideia foi da Mercedes-Benz, que puxou o debate junto a órgãos reguladores de Alemanha, China e Estados Unidos. O EQS — carro elétrico mais luxuoso da marca — já usa a luz azul nos EUA e acaba de ser autorizado a fazer o mesmo na Alemanha. Ao contrário das setas ou das luzes de freio, a luz azul fica acesa permanentemente enquanto o computador estiver no comando da direção. É uma medida de segurança que foca principalmente em que está fora do carro e foi baseada até em aspectos psicológicos. Sistema de luzes vinha sendo testado em ruas públicas desde o início de 2024. Agora, sairá em carros de série - Divulgação ()Você está sendo filmadoComo explica o Centro de Pesquisa do Design da Universidade de Stanford, o trânsito não é organizado só por placas, semáforos e outras sinalizações. Tão importante quanto é a comunicação entre motorista e pessoas na rua. São interações como acenar para um pedestre à beira da faixa, indicando que ele foi visto e pode atravessar. Isso, porém, não acontece com carros sem motorista ou cujo condutor esteja lendo um livro — como já é legalmente possível no Mercedes EQS (veja abaixo). "Pedestres à beira da faixa de pedestres precisam de um sinal de que estão sendo vistos", afirmam os estudiosos de Stanford. Os pesquisadores da Universidade de Leeds, por sua vez, chegaram à mesma conclusão. Os ingleses ressaltaram que há pouca confiança do público em carros autônomos. Assim, pedestres e ciclistas, ao verem a luz acesa, podem dar distância extra do veículo, se precavendo de movimentos inesperados da direção computadorizada. Azul da cor do marA escolha do azul-turquesa veio depois de estudos e debates, em um esforço que, com a participação da Mercedes-Benz e das universidades citadas, foi liderado pela Sociedade dos Engenheiros Automotivos. A SAE é o principal órgão padronizador da indústria automotiva, e é esperado que os padrões definidos pelo órgão sejam cumpridos por outras montadoras também. Características dos olhos e da mente humana favoreceram a escolha do azul-turquesa que, no entanto, não é obrigatório - Divulgação ()Vermelho, amarelo e branco foram cores descartadas de cara, pois já são usadas nos carros atuais para funções distintas. O azul-claro ganhou do verde na escolha porque é mais facilmente distinguível pelos daltônicos. Além disso, há evidências de que o azul seja uma cor que atrai mais atenção das pessoas, mesmo que em reflexos ou movimentos inconscientes, apontam os estudos. As causas disso, porém, não são consensuais. A partir do meio desse ano, algumas versões do Mercedes-Benz EQS sairão de fábrica com as luzes azuis instaladas, tanto nos faróis quanto nas lanternas e nos retrovisores. Essas posições, inclusive, também foram as preferidas da SAE, pois facilitam a adaptação de linhas de montagem já existentes. Alertas para o motorista retomar o volante incluem luzes embutidas no volante - Divulgação ()A automação nível 3 do EQS, chamada de Drive Pilot, já é autorizada na Califórnia e em Nevada, nos Estados Unidos, onde também houve o OK para as luzes azuis no ano passado. Na Alemanha, o nível 3 já era permitido, mas a autorização da luz veio só agora. Até o ano passado, a velocidade máxima do Drive Pilot nas estradas alemãs era de 60 km/h, com uso limitado a trechos de engarrafamento nas Autobahn. Como os resultados foram bons, a velocidade máxima foi elevada para 95 km/h e em qualquer um dos 13.191 km de rodovias do país. O computador, entretanto, só pode conduzir na faixa da direita. Com um sistema de nível 3 ativado, o motorista pode, sem infringir a lei, utilizar o celular, assistir a uma série na central multimídia ou ler um livro, por exemplo. Mas ainda é proibido que ele faça coisas como dormir ou utilizar fones de ouvido, pois, segundo a norma, é preciso que ele responda a eventuais avisos do carro para retomar a direção. EQS é vendido no Brasil, mas a Mercedes não disponibiliza o piloto automático de nível 3 aqui - Divulgação ()Esses avisos incluem alertas no painel e alarmes sonoros. Eles são acionados sempre que o computador se considera incapaz de compreender o mundo externo e dirigir com segurança. Caso o condutor não assuma o volante, os alertas ficam cada vez mais chamativos e, em último caso, o veículo consegue parar no acostamento. São regras e limites especialmente importantes para a Lei, à medida que carros autônomos vão surgindo e, eventualmente, se envolvendo acidentes potencialmente fatais. Segundo a Mercedes, os primeiros usos da nova luz azul "vêm sendo positivos" em todos os aspectos. No Brasil, o Mercedes-Benz EQS custa R$ 1.453.900, mas não oferece o Drive Pilot em nível 3 por, entre outros fatores, ausência de legislação para carros autônomos. Na Europa e nos EUA, o sistema autônomo é vendido à parte e custa cerca de R$ 15.000 por ano. |
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