El País

 

Trump repreende a Europa  MILAGROS PÉREZ OLIVA

Bom dia! ‌ Terminamos uma semana muito intensa e merecemos um descanso. Mas o briefing nunca para e ontem o novo presidente dos Estados Unidos apareceu no ecrã do Fórum de Davos (Suíça) para repreender a Europa e exigir que todos os países da NATO aumentassem os gastos com defesa. Até 5% do PIB!

Donald Trump discursa no Fórum de Davos por videoconferência. / YVES HERMAN

Donald Trump queixou-se de que a Europa trata os Estados Unidos “muito, muito mal” e disse que quer reunir-se com Vladimir Putin em breve para acabar com a guerra na Ucrânia. Ele também se vangloriou de ter empreendido “a maior campanha de desregulamentação e a maior redução de impostos da história”. Aqui você tem a crônica do nosso enviado a Davos, Andrea Rizzi. ‌ Mas Trump encontrou ontem o primeiro obstáculo: um juiz federal bloqueou temporariamente a ordem que suspendia o direito à nacionalidade de crianças nascidas nos Estados Unidos de pais estrangeiros em situação irregular. Considera que viola a 14ª Emenda, que consagra o ius solis (direito à terra). Para se ter uma ideia do que isso significa: em 2022, nasceram 255 mil crianças de mães sem documentos.  ‌ Claudi Pérez oferece-nos hoje este panfleto urgente sobre a Doutrina Trump. Ele analisa o discurso de posse, que considera uma mudança colossal, um teste de resistência para a democracia nos Estados Unidos e para a ordem liberal internacional.  ‌ Os migrantes que ficaram presos na fronteira estão divididos entre regressar ao seu país ou permanecer no México. Almudena Barragán esteve lá. A resistência contra as deportações de Trump começa na Califórnia. Luis Pablo Beauregard viu dezenas de organizações civis se mobilizarem.

PP e Junts: guerra política e história

Aqui, entretanto, o Governo procura uma forma de recuperar o aumento das pensões e dos subsídios aos transportes que a oposição anulou na quarta-feira enquanto o PP e os Junts tentam controlar os danos políticos de uma decisão tão prejudicial aos cidadãos.  ‌ A política está se tornando obtusa. PP e Junts exigem agora que o Governo apresente dois decretos para repor o aumento das pensões e dos subsídios aos transportes que anularam ao votar contra o macro-decreto que continha estas e outras importantes medidas sociais. O Governo, que sofreu um duro golpe, acusa o PP de “praticar uma oposição destrutiva” à custa da “dor” dos cidadãos. Xosé Hermida e Carlos E. Cué contam-nos a luta pela história desencadeada após uma decisão que prejudica milhões de espanhóis. ‌ Política primeiro, história depois. O editorial do EL PAÍS insta o Governo a encontrar uma solução em vez de se concentrar na atribuição de culpas: os cidadãos já sabem quem votou contra as medidas sociais. ‌ O PP abriu outra frente de tensão com o PNV ao opor-se à transferência da mansão parisiense que foi sede do Governo Basco no exílio e posteriormente apreendida pela Gestapo. Elsa García de Blas conta-nos que Núñez Feijóo apoia a ofensiva de Tellado contra o PNV apesar do desconforto de outros dirigentes.

Pesadelo de incêndio explode em Los Angeles

Um grupo de bombeiros observa o incêndio de 'Hughes', ao norte de Los Angeles. / MARIO TAMA (GETTY IMAGES).

Los Angeles vive novamente o pesadelo do incêndio. Outro grande incêndio, o Huges , está a espalhar-se pelo norte do concelho a alta velocidade, alimentado por ventos fortes. Em poucas horas devastou mais de 4.000 hectares e mais de 30.000 pessoas tiveram que ser evacuadas. Felizmente, os bombeiros conseguiram controlar outra frente que ameaçava o rico bairro de Bel-Air na madrugada de ontem.

O presencial está voltando ao mundo do trabalho?

Durante a pandemia, o teletrabalho surgiu como uma ótima solução. E pensava-se que seria uma tendência imparável. No setor privado, o ponto mais alto foi alcançado em 2020, quando 10,1% dos empregados teletrabalharam. Agora são 14%. Mas ultimamente tem havido um pequeno número de grandes empresas exigindo o retorno ao trabalho presencial. E também o vemos nas administrações públicas, desde o Governo Trump até à Generalitat da Catalunha. Diminuição conjuntural ou mudança de tendência? Gorka R. Pérez nos conta isso aqui.

'Emilia Pérez', grande favorita do Oscar

A atriz espanhola Karla Sofía Gascón posa durante coletiva de imprensa nesta quarta-feira, na Cidade do México. / SASHENKA GUTIÉRREZ.

As indicações ao Oscar sempre despertam grande interesse porque consagram aspirações e eliminam concorrentes. Este ano a grande surpresa foi a narco-musical francesa Emilia Pérez , com nada menos que 13 indicações , incluindo melhor atriz principal para a espanhola Karla Sofía Gascón. Eles são seguidos por Wicked e The Brutalist (com 10 cada); Conclave e A Complete Unknown com oito, Anora com seis, a segunda parte de Dune  com cinco e The Substance com quatro. E entre os demolidos que doeram, O Quarto ao Lado , de Pedro Almodóvar, que ficou de fora.  ‌ Karla Sofía Gascón reagiu ontem à indicação: “É hora de falar mais do meu trabalho do que das polêmicas sobre a transness”. Aqui você tem todos os indicados. Aliás, nosso crítico Carlos Boyero define The Brutalits com estas três palavras: estranho, sombrio e fascinante. ‌ Uma noite de glória e depois... vazio. Ganhar um Oscar nem sempre abre um mar de rosas. Existe a maldição do Oscar, segundo a qual a estatueta não representa um trampolim, mas sim o início de um declínio. Este ano, a nomeação de Adrien Brody para The Brutalist pode provar que essa maldição pode ser quebrada. Eva Güimil mergulhou em dez casos notórios e nos conta como isso os afetou e se conseguiram superá-los.

Em poucas palavras

A estratégia de defesa do Banco de Sabadell obriga o BBVA a considerar uma oferta pública de aquisição sem fusão. Manter os dois bancos separados seria uma fórmula que permitiria proteger a natureza catalã da entidade valesana.  ‌ A empresa farmacêutica Purdue e o seu proprietário, a bilionária família Sackler, pagarão 7,4 mil milhões de dólares a um grupo de estados, governos locais e indivíduos pela contribuição do analgésico OxyContin à epidemia de opiáceos que causou milhares de mortes nos Estados Unidos no últimas duas décadas.  ‌ A prefeita de Ripoll, a extrema direita Silvia Orriols, perdeu a questão de confiança apresentada para poder aprovar os orçamentos. A oposição, que votou em bloco, tem agora um mês para chegar a acordo sobre um governo alternativo.  ‌ Uma mulher de 79 anos foi morta a tiro em Múrcia enquanto tentava proteger a filha de um ataque do ex-companheiro. O agressor tinha uma ordem de restrição.

Algumas recomendações

Máscaras, sapatos e cartazes em protesto contra a violência sexista em Madrid. MARCOS DEL MAZO (GETTY).

O suplemento Ideias propõe este interessante tema: Parece haver mais violência do que nunca, mas vivemos num mundo mais perigoso ou simplesmente mais sensível? A ideia de violência vai além do físico. Falamos de violência estrutural, cultural, simbólica... Estamos piorando? Por Daniel Soufi. ‌ É assim que as fêmeas se protegem dos ataques sexuais da natureza: golfinhos que cooperam, sapos que espantam o agressor ou babuínos que modificam o seu ciclo menstrual. As estratégias são muito diversas. Laura Camón nos explica isso. ‌ Seremos um dia capazes de obter um dispositivo que coloque nosso cérebro em sono e obtenha o mesmo efeito restaurador que o sono ? Um experimento aponta nessa direção. Por Javier Yanes.  ‌ E, para finalizar, deixo para vocês este podcast em que nossa diretora, Pepa Bueno, agradece por estar presente e nos ler . Ultrapassamos 400.000 assinantes. “Numa altura em que parece que o consenso sobre a realidade foi quebrado”, esse número é reconfortante. Bastante.  ‌ Bom fim de semana!  Para quaisquer comentários ou sugestões, você pode escrever para boletines@elpais.es ‌

SOBRE A ASSINATURA MILAGROS PÉREZ OLIVA No El País desde 1982, trabalhou como repórter especializada em temas de sociedade e biomedicina, e desempenhou responsabilidades como editora-chefe, tarefas que combinou com a docência universitária na Faculdade de Jornalismo da Universidade Pompeu Fabra. Ele projetou e dirigiu o primeiro suplemento de Saúde do jornal. Foi Defensora do Leitor de 2009 a 2012, quando ingressou na Opinion como editorialista e colunista. Ela é responsável pelo boletim informativo matinal El País.