Quanto mais os eventos climáticos extremos dão as caras, a exemplo das fortes tempestades previstas para janeiro, mais o mercado de seguros estremece. A todo momento, é preciso refazer as contas, mexer nas modelagens de riscos e, evidentemente, nos preços das apólices.
Para Patrícia Coimbra, diretora de Gente e Cultura da Porto, as mudanças climáticas também podem ser uma boa oportunidade de novos negócios dentro da agenda ESG da companhia, como, por exemplo, a inclusão securitária. "Hoje a penetração dos seguros no Brasil chega em torno de 20% da população. Queremos aumentar este número, com novos produtos que sejam abrangentes e novos modelos de negócio que atendam mais gente. Cada vez mais, as pessoas vão precisar de proteção", diz.
O Grupo Porto é uma holding de seguros que também atua no setor financeiro e conta hoje com 13 mil colaboradores, 13 mil prestadores, mais de 35 mil corretores parceiros, além de 15,8 milhões de clientes.
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Ecoa: Podemos dizer que as catástrofes climáticas estão promovendo uma mudança no modelo de negócio das seguradoras?
Patricia Coimbra: É preciso buscar ferramentas para gestão de riscos e precificação que estão sendo desenvolvidas. E aqui não falo só do Grupo Porto e sim de todo o setor. Normalmente esta avaliação é feita com base no histórico levando em consideração o contexto atual para traçar cenários futuros. Como você pode imaginar, esse sistema de planejamento não está mais funcionando. Aqui, na Porto, fazemos parte de grupos de trabalho setoriais junto à CNSeg e bebemos muito da fonte das empresas que trabalham com resseguro, por exemplo.
Ecoa: Por que?
Patricia Coimbra: O mercado ressegurador garante os riscos das seguradoras quando os valores de sinistro excedem um determinado valor. Então eles trabalham com um nível muito mais alto de risco. Por isso temos ouvido estas resseguradoras, uma vez que elas têm mais musculatura para trabalhar a partir de mudanças climáticas. Além disso, temos nossos grupos internos também de gestão de riscos em que todas as áreas estão envolvidas pensando também nas oportunidades deste momento.
Ecoa: Quais oportunidades?
Patricia Coimbra: Quando a gente cita mudanças climáticas não estamos apenas falando em precificação ou na gestão de riscos. Também pensamos que precisamos aumentar o número de segurados no Brasil, caminhar para uma inclusão securitária. Veja o que aconteceu no Rio Grande do Sul, os incêndios no país inteiro, a escassez hídrica. É muito impacto. Então, de que maneira podemos pensar também numa precificação que nos permita cuidar de mais gente? Claro que o negócio tem que crescer, mas o grande objetivo é ter mais pessoas protegidas. E de novo: você só consegue fazer isso com um excelente trabalho de mitigação de riscos - é ele que permite ampliar o portfólio de produtos e soluções.