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E Pedro veio ao prêmio de Pedro em San Sebastián | GREGÓRIO BELINCHON | |
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Olá pessoal:
Escrevo enquanto uma tempestade sacode San Sebastián, chove forte e o vento bate impiedosamente nas janelas. Vamos lá, o que eles chamam de um bom dia aqui. Faltam dois dias para o final da 72ª edição do Zinemaldia e já vimos toda a seção oficial. Mas hoje, sexta-feira, continuamos a aproveitar a ressaca do prémio Donostia de Pedro Almodóvar.
Às vezes é difícil explicar a um espectador espanhol o que Almodóvar significa no estrangeiro. Os atores que trabalham com ele veem suas carreiras catapultadas. E não me refiro à Espanha, mas aos artistas que têm representantes no Reino Unido ou nos Estados Unidos: esses agentes saltam de entusiasmo porque todos sabem quem é Almodóvar, toda a indústria mundial vê os filmes de Almodóvar.
Não estou falando de arte, eu sei, mas de outro impacto. Haverá tempo para se aproximar do The Room Next Door. O que quero dizer é que a trilogia do cinema espanhol mais conhecida no mundo é Buñuel-Saura-Almodóvar. E por isso fazia sentido que Pedro Sánchez viesse à cerimónia de entrega dos prémios de Donostia (gostaria que ele fosse a mais eventos culturais, e não só de cinema, e não só deste prémio). Desde que Donostia cresceu e do reconhecimento de atores e atrizes saltou para os cineastas, a equipa do festival procurava o momento em que pudesse reconhecer Almodóvar, quando as estrelas se alinhassem. Bem, eles já conseguiram isso. E sim, este ano houve outros dois Donostias, Javier Bardem e Cate Blanchett, mas Pedro veio ver Pedro. |
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| | Patricia López Arnaiz e Antonio de la Torre, em 'Os Flashes'. |
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A festa de San Sebastián já não pode crescer. Suas costuras estão prestes a estourar, e isso não é mais perceptível na acumulação, mas na acumulação de acontecimentos. Este ano também houve uma boa secção oficial, com muitos filmes marcados pela morte, mais precisamente, por uma morte anunciada: a eutanásia e os cuidados paliativos tornaram-se um tema que explodiu em 2024, e aqui o conto.
E nessa celebração entraram e triunfaram as séries: Querer, de Alauda Ruiz de Azúa, e Yo, adicto, de Javier Giner, ambas na seção oficial, embora, obviamente, fora de competição, e Celeste, de Diego San José, a série tragicômica estreou no Velódromo. Sua sutileza; apostar em narrativas diferenciadas, que evitem clichês; seu olhar adulto para personagens e situações; e a consideração do espectador como alguém inteligente fizeram das três séries um pilar da produção audiovisual espanhola em 2024, independentemente da forma como os cineastas se vestem. |
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| | Johnny Depp, durante sua visita ao hospital de Donostia nesta quinta-feira. /EFE |
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Quem decepcionou? Bem, Emmanuelle , de Audrey Diwan, e Modi, de Johnny Depp, que também atrapalhou seu dia de imprensa com o atraso de sua vida. Sim, vital, muito mais que o normal. Embora posteriormente um hospital tenha incentivado crianças na enfermaria de oncologia, sua imagem não sai bem porque não é a primeira, segunda ou terceira vez. Quanto a Emmanuelle, a perda de rumo do filme é tal... que só pode provocar risos. |
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| | Albert Serra, segunda-feira ao meio-dia em San Sebastián. /JAVIER HERNÁNDEZ |
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'Megalópolis' de Francis Ford Coppola chega | |
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| | Adam Driver, em ‘Megalópolis’. |
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É como quando você vê um arranha-céu cair ou um enorme navio afundar: há algo de hipnótico e até de belo na destruição gigantesca. Só podemos sentar e assistir e, obviamente, ficar triste. A Megalópole é um desastre de tais proporções, uma tentativa selvagem de criar uma obra-prima que culminou numa queda no mais profundo dos abismos, que os fãs de Coppola só podem pensar: até por isso, Francisco é o maior.
No EL PAÍS Mar Padilla propõe uma abordagem diferente sobre Megalópolis, e encontrou as referências intelectuais, filosóficas e literárias, como detalha neste artigo, em que mergulha na sombra do antropólogo David Graeber, já notado no Instagram do cineasta : "A esta lista [de referências mostradas no IG] Coppola adicionou nada menos que três obras de David Graeber: Shitty Jobs (Ariel, 2018 ), In Debt (Ariel, 2021) e In Debt. The Dawn of Everything. Uma nova história da humanidade ( Ariel, 2022), co-escrito com o arqueólogo britânico David Wengrow, uma exibição tal que nos faz pensar se, por um momento, foi considerada a possibilidade de intitular o filme Megalópolis de David GraeberO primeiro livro mencionado investiga a cadeia de trabalho inútil. perfis que o capitalismo exige, o segundo é a história da hierarquia e dominação econômica que levou ao capitalismo neoliberal e o terceiro estuda as três formas de liberdade desenvolvidas ao longo da história humana: desobedecer, distanciar a sociedade e/ou transformá-la. Quanto àMegalópole,veja, porque tem cheiro de despedida. |
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| | Urko Olazabal e Mireia Oriol, em 'Soy Nevenka'. |
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| | Najwa Nimri e Alba Planas, em 'A Virgem Vermelha'. |
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| | Brad Pitt interpreta George Clooney, em Lobos. |
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É também Ocaña quem escreve sobre esta comédia -thriller com Brad Pitt e George Clooney: "Durante a maior parte da história, até um último trecho em que o thriller um pouco mais circunspecto assume o controle de muitos minutos do show, Wolfs é um filme atraente e efervescente É instantaneamente esquecido, mas enquanto está em alta cumpre sua função.
Você pode ler a resenha completa aqui.
Amanhã às 22h05 saberemos quem ganhou a Golden Shell e na próxima sexta comentaremos o jogo. Até lá, abraços! |
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| | GREGÓRIO BELINCHON | É editor da seção Cultura, especializada em cinema. No jornal trabalhou anteriormente em Babelia, El Espectador e Tentaciones. Começou nas rádios locais de Madrid e colaborou em diversas publicações cinematográficas como Cinemanía ou Academia. É licenciado em Jornalismo pela Universidade Complutense e mestre em Relações Internacionais. |
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