31 janeiro, 2015

Tintim na televisão: a primeira vez na TV.

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O texto que vocês lerão abaixo foi publicado, originalmente, no Journal Tintin, em 17 de abril de 1958. Nele, vocês verão que a animação produzida pela Nelvana não foi a primeira a ir ao ar! É interessante notar que a matéria traz algumas peculiaridades da época, como a importância dada ao trabalho de animação para televisão e o fato de poucas casas possuírem televisores.

Outro dado que não pode passar despercebido é o prestígio de Jean Nohain (à esquerda, ao lado de Hergé e Jacqueline Caurat), que além de ser um verdadeiro símbolo da televisão, como a reportagem diz, é um ícone da música francesa. Ele foi um grande nome da literatura: escrevia livros sérios para o público adulto, assinando como Jean Nohain, mas também se dedicava ao público infantil, escrevendo livros e apresentando programas de rádio; entre este público, era conhecido como “Jabounne” (em homenagem a um personagem de seu pai, Maurice Étienne Legrand, que era romancista, poeta e compositor). Jean Nohain escreveu, também, diálogos de filmes e apresentou programas de tevê que fizeram grande sucesso na França. “Trente-six Chandelles”, mencionado na matéria traduzida abaixo, contou com ninguém menos que Alain Delon, entre outros nomes muito famosos na época.

Espero que todos os seguidores do “Tintim por Tintim” divirtam-se durante esta viagem no tempo!

Página do Journal Tintin com a matéria traduzida neste artigo. Clique para ampliar.


Tintim na televisão
(Journal Tintin, 17 de abril de 1958)

     A novidade já estava no ar desde alguns meses: murmurava-se um pouco por toda parte que os personagens de Hergé reviveriam as aventuras na televisão. O rumor se tornou certeza. Desde 28 de novembro, Tintim aparece toda semana nas telas de televisão, em “O Cetro de Ottokar”.
     Trata-se de uma coprodução franco-belga. Os estúdios BELVISION, de Bruxelas, encarregaram-se da realização das imagens, ao passo que os técnicos da televisão francesa se ocupavam do som.
     Quanto ao texto, este é narrado pelo prestigiado apresentador da R.T.F., o homem de “Trinta e seis velas” (Trente-six Chandelles) e de “Nós somos doze milhões” (Nous sommes douze millions): Jean Nohain. Um fato certo é que, logo que se pronuncia a palavra “televisão”, pensa-se imediatamente em Jean Nohain. Nenhuma escolha poderia ser melhor.
     Como vocês suspeitam, não foi um simples trabalho animar os desenhos para a televisão. Os diretores do “Cetro de Ottokar” recorreram a uma técnica que os americanos chamam “semi-animada” e que designamos, em francês, pelo nome de “desenho de animação”.
     Um desenho, por definição, não se mexe: mas a câmera pode se mexer. Este é um princípio que os técnicos da BELVISION aplicaram muito habilmente. Além do mais, graças a uma gama extraordinária de artifícios, eles tiveram êxito em dar a ilusão da vida e do movimento.
     O desenho semi-animado não está mais em seus primórdios na Europa; a televisão o apresenta regularmente a seus jovens telespectadores.
     Desde 28 de novembro, e pela primeira vez no mundo, Tintim vive diante de vocês suas aventuras: ele frusta os estratagemas dos conspiradores obstinados pela queda do rei da Syldavia; naturalmente, Dupont e Dupont estão ali, mais atordoados e mais ridículos que nunca, tão desajeitados quanto cheios de boas intenções. Os admiradores de Milu, e eles são legiões, encontram-no toda vez à frente do combate, astuto e atento.
     Depois de “O Cetro de Ottokar” e de algumas semanas de interrupção, vocês assistirão a outras aventuras de Tintim, igualmente apaixonantes. Nós não podemos, no momento, dizer-lhes mais nada.
     Tintim proporciona um encontro com vocês todo domingo à noite, às 19h45. Sejam gentis e compartilhem seu prazer com aqueles de seus amigos que não têm televisão.
Convidem-os à sua casa nesse dia. Que cada cômodo que tenha um televisor torne-se uma sala de espetáculo!

As animações foram gravadas em 16mm sob a supervisão de Bob de Moor, colaborador de Hergé que não quis se envolver pessoalmente no projeto. Jean Nohain emprestou sua voz ao narrador e a todos os personagens, incluindo Bianca Castafiore. Após a exibição, entre o final de 1957 e meados de 1959, a série não foi renovada pela RTF. Isso abriu o caminho para novos produtores, que começaram a produção de uma nova versão, agora em cores.





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