31 janeiro, 2015

Médico escocês inspirou criação imortal de Conan Doyle.



  • Joseph Bell, médico legista e cirurgião, foi professor do criador de Sherlock Holmes, Conan Doyle, e serviu de inspiração para o detetive. Foto: Rex Images
    Visit Britain - Joseph Bell, médico legista e cirurgião, foi professor do criador de Sherlock Holmes, Conan Doyle, e serviu de inspiração para o detetive. Foto: Rex Images
Sherlock Holmes é um dos poucos personagens que antes do advento da internet já encontravam ressonância de Nova York a Xangai. 
As aventuras do detetive britânico venderam milhões de livros, inspiraram filmes, séries de TV, videogames e, mais recentemente, uma exposição no Museum of London.
Mas é errado dizer que Holmes é um personagem totalmente fictício: se sua fama em muito se deve à imaginação de seu criador, o médico e escritor escocês Arthur Conan Doyle, Holmes tem inspiração fortíssima na vida real.
O detetive é uma versão idealizada de Joseph Bell, médico legista que foi uma espécie de mentor de Conan Doyle durante seus estudos na Universidade de Edimburgo, em meados do século 19. Bell tinha mãos hábeis e uma lista de clientes famosos que incluiu ninguém menos que a então soberana do Reino Unido, a rainha Vitória, todas as vezes em que ela passava pela capital escocesa.
 
Conan Doyle, ao lado da família: o escritor reconheceu publicamente a influência de Bell. Foto: Rex ImagesConan Doyle, ao lado da família: o escritor reconheceu publicamente a influência de Bell. Foto: Rex Images

Como se não bastasse tudo isso, Bell aparentemente também costumava ser chamado para auxiliar a polícia da cidade em alguns crimes mais complexos. Mas foi sua perspicácia em diagnósticos e exames que impressionou Conan Doyle: Bell era capaz de observar completos estranhos e fazer observações sobre seu trabalho e atividades recentes.
Uma examinada em tatuagens de marinheiros, por exemplo, ajudava a Bell a deduzir por  quais portos eles tinham passado. Lembra um pouco o método de dedução de Sherlock, não?
Joseph Bell emprestou traços faciais para Holmes e também peças de vestuário. Foto: DivulgaçãoJoseph Bell emprestou traços faciais para Holmes e também peças de vestuário. Foto: Divulgação

Também não foi coincidência que traços físicos do mentor fossem incorporados ao personagem, mais particularmente o formato de queixo, nariz e mesmo os olhos. Ah, e adivinhem de onde Conan Doyle tirou o casaco longo e o chapéu de caçador hoje tão imediatamente associados a Holmes?
A primeira aventura de Holmes, "Um estudo em vermelho", foi publicada em 1886, cinco anos depois da formatura de Conan Doyle. O escocês recebeu 25 libras esterlinas pelos direitos de publicação, algo em torno de cerca de sete mil reais em valores atualizados. Nenhuma fortuna, mas o escritor ficou entusiasmado o suficiente para enviar uma carta a Bell agradecendo-o pela inspiração.
Uma edição original de Um estudo em vermelho, a primeira aventura de Holmes. Foto: Rex ImagesUma edição original de Um estudo em vermelho, a primeira aventura de Holmes. Foto: Rex Images

"É ao senhor que devo Sherlock Holmes. Incluindo a capacidade de dedução e observação", escreveu Conan Doyle.
Curiosamente, Bell apenas tinha uma queixa sobre a homenagem: a que Conan Doyle tinha exagerado seus "poderes" de dedução. O médico morreu em 1911, aos 74 anos, deixando um legado valioso para a medicina forênsica. Mas sua imortalidade parece estar bem mais garantida na "pele" de Holmes.
A exposição "Sherlock: The man who never lived and will never die" fica em cartaz até 12 de abril no Museum of London.

Fictício? Nem tanto assim: conheça aqui o 'verdadeiro' Sherlock Holmes

Cabine Histórica: Viagem ao passado do dia 31 de Outubro – Sherlock Holmes!
O dia 31 de outubro de 1892, quando era publicado o livro As Aventuras de Sherlock Holmes, de Arthur Conan Doyle. O livro foi resultado de uma coletânea das histórias de Holmes que Doyle publicada em revistas desde 1887. Astuto detetive, Sherlock Holmes viveu em Londres, no apartamento 221B Baker Street, entre os anos 1881 e 1904 , durante o último período da época Vitoriana, onde passou muitos anos na companhia do seu amigo e colega, Dr. Watson. Hoje esse endereço é um museu dedicado a Sherlock Holmes. O personagem ficou famoso por utilizar o método científico e a lógica dedutiva na resolução dos seus casos.
O autor de Sherlock Holmes, Conan Doyle nasceu na Escócia e estudou medicina na Universidade de Edimburgo, onde ele conheceu Dr. Joseph Bell, um professor com um extraordinário poder intuitivo. Bell serviu parcialmente de inspiração para a composição do personagem de Sherlock Holmes anos mais tarde. Mais tarde, outras coleções de Holmes foram publicadas, como As Memórias de Sherlock Holmes (1894), O Retorno de Sherlock Holmes (1905), e O Livro de Casos de Sherlock Holmes (1927). Holmes aparece ao todo em cerca de 60 obras de Doyle, compostas por cerca de 56 contos e 4 romances. O autor morreu no dia 7 de julho de 1930, aos 71 anos, de ataque cardíaco, na sua casa em Crowborough, East Sussex, na Inglaterra.
Arthur Conan Doyle formou-se em medicina, que praticou até 1891. Tornou-se famoso graças aos contos e romances policiais que escreveu – e, particularmente, à sua criação máxima: o detetive Sherlock Holmes, bem como seu inseparável companheiro, o médico dr. Watson.
Foi a publicação, em 1887, de “Um estudo em vermelho” que deu a Conan Doyle notoriedade imediata. Nesse, como em suas outras histórias policiais, o personagem principal é o detetive de inteligência penetrante, que toca violino e faz uso de morfina para aliviar as tensões provocadas pelo excesso de concentração em cada caso.
Sherlock Holmes é o detetive eminentemente cerebral, capaz de, à vista de um simples cartão de visita, traçar o perfil de seu dono, fornecendo dados que causam surpresa e admiração.
Nos livros de Doyle há sempre um duelo entre o detetive e seu inimigo oculto, também dotado de inteligência rara: Moriarty.
O estilo direto da narrativa e a vivacidade dos diálogos, acrescidos do poder de imaginação nas tramas, fazem de Conan Doyle um autor lido sempre com agrado. Sua engenhosidade teve o mérito de estimular o desenvolvimento da criminologia. E seus livros jamais foram superados – nem mesmo pelo moderno romance policial, quase sempre de estilo mais agressivo.
A ampla bibliografia de Arthur Conan Doyle, em que se relatam as aventuras de Sherlock Holmes e seu companheiro dr. Watson, é conhecida como “cânone holmesiano”, e é formada por quatro romances e 56 contos.
A Primeira Guerra Mundial afetou Conan Doyle profundamente, levando-o a converter-se ao espiritismo.