Complexo cultural será oficialmente aberto na próxima-sexta-feira (1º).
Exposição 'O abrigo e o terreno' chama atenção para direito à habitação.
Faltando apenas quatro dias para a inauguração do Museu de Arte do Rio (MAR), o trabalho ainda é intenso no Palacete Dom João VI, um dos dois prédios que compõe o complexo cultural na Praça Mauá, na Zona Portuária do Rio de Janeiro. É no edifício de quatro andares, que vai funcionar interligado à Escola do Olhar (com 11 salas de aula), onde estão localizadas as oito salas de exposições, num espaço que soma cerca de 2.400 metros quadrados.
Técnicos, arquitetos e curadores correm para acertar os últimos detalhes das instalações onde obras de Tarcila do Amaral, Lasar Segall, Di Cavalcanti e Kandinsky, entre outros, ficarão expostas. Orçado em R$ 76 milhões, o espaço abrigar quatro mostras simultâneas a partir dos dias 1º (para convidados) e 5 de março (para o público em geral).
"Estamos entusiasmados pelo fato de estarmos tão próximos da inauguração. É algo quase bíblico, não é? O MAR vai abrir", brinca Clarissa Diniz, cocuradora da mostra "O abrigo e o terreno - Arte de sociedade no Brasil I", exposta no andar térreo do palacete, ao lado de Paulo Herkenhoff. "Mas, além desse entusiasmo, estamos com a atenção redobrada nesta reta final. Vai dar tudo certo."
Segundo Clarissa, a exposição inclui obras relativas às questões do direito à habitação, à política territorial, à ocupação do espaço público e aos grandes projetos de reforma urbana, além das relações de inclusão e exclusão no contexto urbano.
"Elegemos este tema conscientes do intenso momento de transformação que vive o Brasil, em especial o Rio de Janeiro, que vai sediar grandes eventos e estão trazendo uma série de modificações. Aqui reunimos artistas de todo o século 20 e 21, que abordam estas questões de maneiras muito diversas", explica.
Dentre as obras que serão expostas, Clarissa destaca os coletivos de arte produzidos com base ocupação do Edifício Prestes Maia, em São Paulo, entre os anos de 2003 e 2007. "Na ocasião, cerca de 300 artistas do Brasil inteiro se engajaram ativamente nos processos de resistência dos moradores naquela ocupação", diz a curadora, citando a artista plástica Rosana Palazyan, que faz uma análise do preconceito sofrido pela população de rua, metaforicamente chamada de "erva daninha".
Além dos coletivos, também serão expostas obras de Antonio Dias, Bispo do Rosário e Lygia Clark, entre outros, e penetráveis de Helio Oiticica e Ernesto Neto, que promovem interatividade com o público.
"Além destes, há um trabalho do pernambucano Márcio Almeida chamado 'Where'. Trata-se de uma cama suspensa por uma empilhadeira. É uma alusão ao processo de remoção compulsória sofrido por comunidades inteiras em consequência de grandes processos de reforma urbana. Aqui o elemento básico de abrigo é representado pela cama, realocado numa posição inatingível", ressalta Clarissa.
Também serão aberta na próxima sexta as exposições "O colecionador: ate brasileira e internacional na coleção Boghici", "Vontade construtiva na Coleção Fadel" e "Rio de imagens: uma paisagem em construção".
http://g1.globo.com/rio-de-janeiro/noticia/2013/02/museu-de-arte-do-rio-recebe-ultimos-preparativos-para-inauguracao.html