28 janeiro, 2013

Cineasta, ator e ativista negro Zózimo Bulbul para sua produção



Um dos principais nomes da produção cultural e da atuação engajada da negritude no Brasil, o cineasta, ator, e ativista Zózimo Bulbul ( nascido em 1937) deixou de produzir nesta realidade mundana e seguiu para seu encontro com Olorum, o Céu-Deus. Ko si obá Kan afi Olorum (Não há rei um senão Deus).
Atuante no Encontro de Cinema Negro Brasil-Africa e Caribe, Centro Afrocarioca de cinema e nos foruns de Negritude, Zózimo sempre esteve ligado a produção social da arte, atuando em mais de 40 cinemas. Sua estréia no cinema foi em 1962 no coletivo Cinco Vezes Favela onde atuou no episódio Pedreira de São Diego de Leon Hirszman e Flávio Migliaccio.

Renée de Vielmond e Zózimo Bulbul em cena do filme Compasso de Espera

Participou ainda nos anos 60 de grandes cinemas brasileiros como Ganga Zumba (1963) de  Carlos Diegues;  Grande Sertão (1965) de Geraldo Santos Pereirae Renato Santos Pereira; El justicero (1967) de Nelson Pereira dos Santos; Proêzas de Satanás na Vila de Leva-e-Traz (1967) de Paulo Gil Soares; Terra em Transe (1967) de Glauber Rocha; A compadecida (1969) de George Jonas; O Cangaceiro Sem Deus (1969) de Oswalde de Oliveira.
Posteriormente atuou em outros clássicos do nosso cinema como O Palácio dos Anjos (1970) de Walter Hugo Khouri; A Guerra dos Pelados (1970)  de Sylvio Back; Jardim de Guerra (1970) de Neville de Almeida;A Deusa Negra (1980) de  Ola Balogun; Quilombo (1986) de Carlos Diegues; Tanga (Deu no New York Times?) (1987) de Henfil; filmes de chanchadas como Giselle (1980) de Victor di Mello; Natal da Portela (1988) de Paulo Cesar Saraceni;   Filhas do Vento (2004)  de Joel Zito Araújo; e até filmes internacionais como El encanto del amor prohibido (1974) de Juan Battle Planas onde atuou junto o filho de Charles Chaplin, Sidney.

Zózimo ainda dirigiu o curta Alma no Olho (1973) o excelente documentário  Abolição (1988) que faz um resgate de 100 anos de abolição no país. No documentário há entrevistas importantes para a preservação da cultura, como Abdias do Nascimento, Lélia Gonzalés, Beatriz do Nascimento, Grande Otelo, Joel Ruffino, Dom Elder Câmera em contraposição com D. João de Orleans e Bragança e Gilberto Freire. Há também espaço para os negros excluidos como presidiários, mendigos e artistas populares . O documentário questiona um pouco que abolição foi esta quando ainda há tanta desigualdade.
Seu caminho como negro, brasileiro, defensor da cultura e religião negra lutando contra o preconceito. Sempre belo em seu físico e intelecto, Zózimo Bulbul foi o primeiro ator negro a protagonizar uma novela na televisão brasileira – Vidas em Conflito, na extinta TV Excelsior, em 1969 - e também foi modelo e se tornou o primeiro negro a desfilar para uma grife de alta costura. Sua luta e sua arte continua presente nos movimentos de nosso povo e nossa cultura.

Acima vemos a capa da revista Filme Cultura da Embrafilme de 1982, que traz Zózimo na capa e trata sobre os negros no cinema nacional.
Abaixo trazemos uma entrevista de Zózimo Bulbul presente na revista que é só clicar na imagem para ampliar e ler.Caso queira ler a revista completa on-line vá ao sítio da revista.