Icone da esquerda brasileira, Chico Buarque de Holanda tem uma música, cujo título é "Acorda, amor".
Acorda amor Eu tive um pesadelo agora Sonhei que tinha gente lá fora Batendo no portão, que aflição Era a dura, numa muito escura viatura Minha nossa santa criatura Chame, chame, chame lá Chame, chame o ladrão, chame o ladrão
Acorda amor Não é mais pesadelo nada Tem gente já no vão de escada Fazendo confusão, que aflição São os homens E eu aqui parado de pijama Eu não gosto de passar vexame Chame, chame, chame Chame o ladrão, chame o ladrão
Se eu demorar uns meses Convém, às vezes, você sofrer Mas depois de um ano eu não vindo Ponha a roupa de domingo E pode me esquecer
Acorda amor Que o bicho é brabo e não sossega Se você corre o bicho pega Se fica não sei não Atenção Não demora Dia desses chega a sua hora Não discuta à toa não reclame Clame, chame lá, chame, chame Chame o ladrão, chame o ladrão, chame o ladrão (Não esqueça a escova, o sabonete e o violão)
De: CoroneLeaks (Coturno Noturno) < noreply@blogger.com >
Símbolo da Passeata dos 100 mil, foto por Evandro Teixeira
“Das lutas de rua no Rio em 68, que nos resta mais positivo, mais queimante do que as fotos acusadoras, tão vivas hoje como então, a lembrar como a exorcizar?
Drummond diante das fotos do fotógrafo Evandro Teixeira da Passeata dos 100 mil.
Em 1964, após o Golpe Militar na presidência de João Goulart, o Brasil acompanharia pelos próximos 21 anos um regime político desprovido de liberdades e de tensão civil de grandes proporções. No Rio de Janeiro, assim como eu muitos outros lugares no país, o descontentamento com as ações políticas dos militares crescia cada vez mais. Os estudantes, que na época eram o maior símbolo de luta contra esse regime, eram também o alvo principal dos policiais outros executores de lei da época.
o corpo do estudante Edson Luis. A morte dele foi o estopim para a passeata dos 100 mil
A passeata dos 100 mil foi um dos momentos mais importantes de enfrentamento a ditadura. Em 26 de março de 1968, após uma série de retaliações aos movimentos pró-restituição da democracia e a morte do estudante Edson Luis no restaurante Calabouço, cerca de 100 mil pessoas marcharam pelas ruas do Rio de Janeiro cobrando atitudes dos atuais governantes.
Vladimir Palmeira e outros líderes estudantis da época em discurso na Passeata dos 100 mil
Um dos aspectos mais interessantes é que inicialmente a marcha começou com 50 mil pessoas e logo alcançou 100 mil. Entre os manifestantes estavam estudantes indignados pelas retaliações, artistas, escritores e intelectuais que já previam um tenso período de censuras e ainda, muitas mães que temiam pelo grande números de apreensões à jovens estudantes.
Carlos Scliar, Clarice Lispector, Oscar Niemeyer, Glauce Rocha, Ziraldo e Milton Nascimento chegam a passeta
Torquato Neto, Gilberto Gil e Nana Caymmi
Edu Lobo, Itala Nandi e Chico Buarque de Holanda
A manifestação foi um dos mais importantes atos em favor da democracia desde a história republicana do país. Na época, os militares reuniram algumas lideranças civis alegando querer ouvir suas vozes, mas infelizmente não acataram nenhuma das solicitações. Durante o restante do ano de 1968 muitos outros atos de repressão foram executados contra estudantes e outras pessoas que discordassem das ações o que culminou, em dezembro desse ano, na implantação do AI-5 – Ato Institucional de número 5 – que que acabou legalizando a repressão.
Eva Todor, Tonia Carreio, Eva Vilma, Odete Lara e Norma Bengell
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