Reproduções arquitetônicas viram febre e se espalham por cidades da China, que passam a imitar monumentos, projetos de urbanismo e até costumes de lugares como Washington, Londres, Paris, Veneza e Amsterdã
por Natália Rangel | Fotos: Daniel Gaobo, Bianca Bosker, Eli Dickinson, divulgação, reprodução
A ARQUITETURA ONDE NADA SE CRIA
Ao contrário das reproduções de Las Vegas, onde réplicas de monumentos servem apenas pra atrair turistas, o prédio ao lado funciona como um tribunal de justiça na cidade de Xangai. Copiando ao mesmo tempo o Capitólio e a Casa Branca dos Estados Unidos, a Corte Popular de Minhang é a síntese de uma tendência que se intensificou na China a partir dos anos 1990: fazer prédios e monumentos iguais aos ocidentais. A demanda imobiliária, aquecida pelas reformas políticas e econômicas, impulsionou o fenômeno. “O país viu uma oportunidade de mostrar prestígio e poder no cenário mundial, revelando-se capaz de reproduzir os monumentos mais celebrados da concorrência”, explica Bianca Bosker, autora do livro Original Copies (sem edição em português), que analisa o fenômeno das réplicas chinesas.
DOIS EM UM: Ao se "inspirarem", os arquitetos da corte chinesa juntaram o domo do Capitólio à fachada da Casa Branca dos EUA
CANAL ARTIFICIAL
Apartamentos à beira das águas do residencial Venice Water Town, na cidade de Hangzhou, interior da China, são projetados para atrair a nova classe A do país. As redes de canais (artificiais, é claro) imitam tão bem a cidade italiana que dão direito até a um passeio de gôndola e vista para as réplicas do Palácio Ducal e da torre da Basílica de São Marcos (à direita, também copiada). O bairro abriga uma classe emergente em busca do espaço das moradias em estilo ocidental e de status. “Há um senso comum de que esses condomínios oferecem sofisticação, mostrando a habilidade de apreciar as coisas boas da vida”, diz Bianca.
PARIS ORIENTAL
Distante 9 mil quilômetros da Torre Eiffel, o monumento ao lado faz parte do condomínio de Tianducheng, na cidade de Hangzhou (a mesma da Veneza na página anterior). Autodenominado “Paris oriental”, ele conta com igrejas e carruagens replicadas e com uma semana de cultura francesa que atrai milhões de turistas. “Na ocasião é possível aprender como comer caviar, ou a diferença entre um bistrô e uma brasserie”, conta Bosker.
SÓ FALTA O CHAPÉU
O slogan “Sonhe com a Inglaterra, viva em Thames Town” atrai compradores para a cidade-satélite no estilo inglês, com até guardas copiados. A cidade é parte de um projeto de 2001 para descentralizar a população de Xangai, que inclui mais oito “cidades-réplicas”.
ASCENSÃO E QUEDA DA AMSTERDÃ CHINESA
A cópia da Estação Central de Amsterdã, abaixo, era parte do bairro Holland Village, criado pelo magnata Yang Bin, o Rei das Orquídeas, já listado pela Forbes como o segundo homem mais rico da China. Após viver vários anos na Holanda (de onde ganhou cidadania), Bin decidiu declamar o seu amor ao país com um empreendimento imobiliário cheio de canais, moinhos de vento e réplicas de edifícios holandeses. Estima-se que tenha gasto US$ 300 milhões na empreitada, que fica na cidade de Shenyang, nordeste da China. Depois de Bin ter sido condenado, em 2003, a 18 anos de cadeia por fraudes e suborno, houve uma debandada dos investidores, receosos da justiça levar o que tinham adquirido no projeto de Bin. A vila aos poucos foi abandonada e, em 2009, demolida.
Este não é o capitólio
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