Spiritual (também chamados de "Negro Spiritual"), os cânticos de Resistência cultural e libertação dos negros americanos.
A música, tanto nos EUA como no Brasil, foi usada como forma de Resistência e comunicação entre escravos contra a ordem senhorial. "Deles foi roubado, sua língua, família, e grande parte de sua cultura; ainda assim seus opressores não puderam remover a sua música, que era a expressão da alma deste povo", como diria o musicólogo Juarês de Mira.
Gradativamente, escravos e libertos americanos foram se convertendo ao cristianismo e como boa parte de suas tarefas, trabalho, caçadas, festas, praticamente tudo era feito acompanhado da música. Ou seja, os spirituals poderiam ser músicas alegres, como os usados para rituais de dança, mas grande parte tem um tom manso e meditativo, onde poderia ser cantado mesmo acorrentados e sem possibilidade de se mover, daí muitos spirituals serem a capella e conterem forte teor espiritual/religioso.
Possivelmente, os spirituals começaram desde antes da Revolução Americana, mas só a partir de meados de 1870 que começaram a ser publicados. Ao longo desse período, muitas canções foram usadas como forma de comunicação entre os escravos e libertos, elaborando tentativas de resistência e alternativas frente à ordem escravista. Diversas canções foram códigos de fugas ocultos e de duplas mensagens, planejando rebeliões ou evitando recapturas de escravizados fugidos. Segundo Walter Passos, os negros spirituals estão fortemente ligados a revolta do pastor preto Nat Turner.
Por esta razão, em diversos momentos os spirituals foram censurados e cerceados pelos senhores de escravos. Todavia, com uma letra simples, onde uma frase principal é repetida em cada verso, às vezes até quatro vezes (as quatro frases melódicas do primeiro verso); e, no refrão, a resposta dos primeiros versos, a canção foi perpetuada até os tempos contemporâneos. Um dos mais famosos spirituals conhecido no arranjo de Bob Dylan "Many Thousands Go", segundo Kolinsky é idêntico a uma antiga canção do povo Achanti de Gana, e diversos desses cânticos possuem semelhança com canções africanas, demonstrando que mesmo longe de casa, os escravos mantinham seus laços ligados pela cultura.
Texto de Rafael Gota
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